Os sindicatos de professores e de alunos expressam preocupação pelas novas medidas “anti-terror” sobre estudantes depressivos e anti-sociais.
Todo o pessoal universitário, incluindo docentes está a ser intimado a dar informações à polícia sobre estudantes muçulmanos que estejam deprimidos ou isolados, seguindo as orientações para combater o radicalismo islâmico. A notícia foi avançada no final de Agosto pelo jornal The Guardian.
A medida está a causar grande desconforto entre os sindicatos de professores e de alunos que não se opõem à luta anti-terrorismo, mas argumentam que esta nova estratégia infringe a liberdade civil dos estudantes.
Os responsáveis pela implementação desta renovada medida governamental, designada por “Prevenção”, estão a treinar alguns funcionários universitários para detectar estudantes vulneráveis ao extremismo. Documentos entregues ao pessoal universitário argumentam que os estudantes que parecem deprimidos, ou separados das suas famílias, que contestem posições políticas, ou acedam a sites extremistas, ou não perfilhem nenhuma das principais religiões, podem estar em risco de radicalização.
A União Nacional dos Estudantes tem informado os seus funcionários de que não têm de fornecer a polícia detalhes sobre os alunos, a menos que lhes seja apresentado um mandado.
Trabalhadores das autarquias locais e os policiais têm vindo a introduzir a nova estratégia desde Julho. Uma pesquisa realizada pelo jornal britânico The Guardian revelou que a polícia e as autoridades locais já contactaram algumas faculdades de Lancashire e Londres.
James Haywood, presidente do sindicato de estudantes universitários Goldsmiths no sudeste de Londres, reuniu-se com dois funcionários do programa “Prevenção”, na semana passada e confirmou que lhe foram feitas perguntas sobre os estudantes muçulmanos e se a faculdade teve problemas com a sua Sociedade Islâmica.
“Ficamos estarrecidos por nos pedirem para efectivamente espionar os nossos estudantes muçulmanos. Dar informações sobre um estudante que a polícia considere “vulnerável”? "não só é moralmente repugnante, como é contra a natureza confidencial de apoio pastoral. Após a ascensão de grupos de ódio, como a Liga de Defesa Inglesa, e do recente massacre na Noruega, por que os membros do programa “Prevenção” não nos pedem também para se referir os alunos que têm um ódio irracional do Islão?”, questiona Haywood.
As universidades que concordem com esta versão renovada do programa “Prevenção” serão treinadas para sinalizar alunos considerados “de risco”. Os estudantes nestas condições são posteriormente monitorizados por um painel onde se inclui um agente da agência de Informação da Scotland Yard que deverá despistar qualquer potencial de ameaça terrorista. Acresce que os estudantes visados não são informados de que estão sob investigação.
A Federação de Sociedades de Estudantes Islâmicos, uma organização que presta apoio aos estudantes muçulmanos em todo o Reino Unido e Irlanda, já comentou esta situação: "Espionar um grupo completamente inocente de pessoas é uma afronta aos nossos direitos humanos e as sociedades islâmicas e os estudantes muçulmanos contribuem positivamente para vida cívica britânica e devem ser apoiados".
“Nós continuamos o nosso diálogo com o governo para promover o envolvimento com os alunos muçulmanos, e não a espionagem sobre eles, é isso que vai tornar o nosso país mais seguro e mais coeso. O programa “Prevenção” está há muito desacreditado na sociedade civil. Precisamos de uma abordagem inteligente para política de segurança ao invés de uma impulsionada por motivos políticos".
O programa “Prevenção” foi lançado pela primeira vez em 2007 com o objectivo de impedir que as pessoas se tornassem terroristas ou os apoiassem. E foi agora relançado em Junho com um novo foco nas universidades.
a Página / The Guardian 28-09-2011
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