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Entrevistas


Xosé Manuel Cid Fernández à PÁGINA 210

“Às vezes, a história é injusta e perde-se a memória dos contributos das gerações anteriores, sobretudo da construção do sistema educativo público que garantia todas as liberdades, todas as possibilidades de participação, de fundamentação da democracia, etc. Tudo isso, para as novas gerações, pode parecer algo gratuito, que não houve que lutar por isso. E também não é eterno, a qualquer momento pode haver retrocessos ou perder-se, por dinâmicas de mercado, de iniciativas privadas. Penso que podemos ter avanços técnicos, mas também podemos ter retrocessos no plano ideológico.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite – edição nº 210, inverno 2017]





Rui Assis à PÁGINA 210

“As condições de trabalho estão muito associadas às condições de funcionamento, isto é, ao modo como as instituições funcionam e como organizam o trabalho dos docentes e se organizam internamente. Julgo que isso é naturalmente indutor de grande desgaste.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite – edição nº 210, inverno 2017]





José Antonio Caride à PÁGINA 210

“Não imagino a desesperança em nenhum professor. Se isso acontecer, ele deve pensar, e pensar com profundidade, se tem sentido continuar como professor. Há esperança, portanto. É uma das palavras que incluo nas situações mais difíceis e deve estar sempre no horizonte de cada pessoa. A esperança é a última coisa a perder, e isto deveria estar sempre na agenda dos professores.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite – edição nº 210, inverno 2017]





Américo Peres à PÁGINA 210

“Nós fomos treinados, formados e ensinados numa cultura individualista. Com o 25 de Abril, entendemos que a igualdade de oportunidades era um caminho a almejar e tínhamos de criar oportunidades para isso, porque não é a mesma coisa trabalhar no interior ou em escolas que têm todas as condições. E apesar de algumas dessas fragilidades terem sido atenuadas, muitos dos contextos mantiveram-se. Ainda assim, acreditámos que era possível concretizar aquilo que almejávamos: igualdade, liberdade, justiça social e melhores condições de vida para todos. E aqui, não tenhamos dúvidas, a escola foi um ascensor social terrível, no bom sentido da palavra – ajudou, efetivamente, muitas famílias, muitas crianças a terem acesso àquilo que jamais pensavam que teriam.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite – edição nº 210, inverno 2017]





Roger Dale à PÁGINA 210

“Alguém que eu ache que seja um bom professor pode não ser necessariamente um bom professor para outros. Consigo pensar em dois exemplos. Um professor de artes manuais – e eu sou completamente inútil nessas coisas –, era um bom professor, mas não para mim. Havia miúdos com trabalhos de madeira tão bons como os dos professores. E não há nenhum problema nisso. E um outro, que nos dois últimos anos de escola, teve de ensinar-nos, mas não tinha programa. E então disse que íamos ler umas peças e alguma poesia, e depois falar sobre isso. Aí comecei a aprender coisas, não porque estavam nos manuais, mas porque eram interessantes.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite – edição nº 210, inverno 2017]





Francisco Salgueiro Oliveira à PÁGINA 210

“Não vemos a ética como algo que precisamos de ir buscar e juntar à profissão para a exercer bem. A ética é algo que está com os professores e se faz sentir no dia a dia. Quando o professor está a trabalhar com um grupo de alunos e se preocupa que eles tenham um desenvolvimento integral, quando trabalha com alunos tão diversos, o professor não está a pensar o que é que eu preciso aqui da ética para agir?” [Entrevista conduzida por Maria João Leite – edição nº 210, inverno 2017]





Maria Emília Brederode Santos à PÁGINA 210

“... o que é preciso é que as pessoas não estejam concentradas apenas na obrigação estrita de alcançarem bons desempenhos e bons resultados nas áreas mais restritas. Isso é muito limitativo e socialmente muito injusto, porque há meninos que fora da escola têm uma vida cultural e experiencialmente rica e outros que não, e para esses é necessário que a escola tenha o papel de despertar para outras coisas, mais bonitas e mais enriquecedoras. (...) Eu defendo que o currículo deve ser revisto regularmente. Não sei se é de cinco em cinco anos ou de 10 em 10, mas sei que devia ser revisto com uma certa periodicidade e por uma instituição profissional – sondando as pessoas, evidentemente, a ‘sociedade civil’, mas feito por profissionais.” [Entrevista conduzida por António Baldaia – edição nº 210, inverno 2017]





Manuel Jorge Marmelo à Página Online

Uma Mentira Mil Vezes Repetida (Quetzal, 2011) valeu a Manuel Jorge Marmelo o prémio literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa 2014, no valor de 20 mil euros. Para o júri, o livro confirma a “maturidade” do autor, que também o considera a sua obra “mais madura”. O jornalista e escritor portuense, de 42 anos, é autor de uma dezena de obras e na gaveta tem já um livro pronto para publicar e outro a terminar.





José Sá Reis, Professor Auxiliar (Ensino Superior)

A pandemia afetou o ensino, em todos os seus graus, levando-o a reinventar-se para fazer frente a estes tempos complicados. O Ensino à Distância foi a solução encontrada para que os alunos continuassem a ter aulas e as novidades foram muitas. A Página da Educação quis saber junto dos professores como foi a experiência de lecionar em casa, recorrendo aos meios digitais, que benefícios podem retirar deste método de ensino e quais as expetativas para o próximo ano letivo. Esta semana, falamos com José Sá Reis, Professor Auxiliar (Ensino Superior).





Mónica Cardoso, professora do 1º Ciclo (ensino particular)

A pandemia afetou a Educação, levando-a a reinventar-se para fazer frente a estes tempos complicados. O Ensino à Distância foi a solução encontrada para que os alunos continuassem a ter aulas e as novidades foram muitas. A Página da Educação quis saber junto dos professores como foi a experiência de lecionar em casa, recorrendo aos meios digitais, os benefícios que se podem retirar deste método de ensino e as suas expetativas para o próximo ano letivo. Esta semana, falamos com Mónica Cardoso, professora do 1º Ciclo (ensino particular).





Ana Melo, educadora do Pré-Escolar

A pandemia afetou a Educação, levando-a a reinventar-se para fazer frente a estes tempos complicados. O Ensino à Distância foi a solução encontrada para que os alunos continuassem a ter aulas e as novidades foram muitas. A Página da Educação ouviu professores para saber como foi a experiência de lecionar em casa, recorrendo aos meios digitais, os benefícios que se podem retirar deste método de ensino e as suas expetativas para o próximo ano letivo. Esta semana, falamos com Ana Melo, educadora do Pré-escolar.





Miguel Carvalho à PÁGINA 209

"[...] Acho que era inevitável, depois de 48 anos de ditadura, que algumas coisas passassem as fronteiras e muitas coisas excessivas fossem feitas. Mas uma coisa são excessos naturais a seguir a um período como aquele, outra coisa são algumas violências que foram cometidas e, sobretudo, o calibre de alguns discursos que as pessoas faziam, sabendo que estavam a mentir e que estavam a manipular sem pensar nas consequências. E isto foi feito à esquerda e à direita. [...]" [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 209, série II, verão 2017]





Cármen Cavaco à PÁGINA 209

"Como incidimos essencialmente na educação não formal e informal, a partir do momento em que há dinâmicas de grupo, isso interessa-nos muito do ponto de vista da formação de adultos que se está a processar. E há muitas dinâmicas a acontecer em Portugal que merecem atenção e que corremos o risco de não fazer emergir, e de lhes dar visibilidade, porque não temos capacidade para as estudar. Somos cada vez menos a fazer investigação… [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 209, série II, verão 2017]





Ana Rodrigues à PÁGINA 209

"O que se tem feito a nível europeu, parece-me, é tentar reciclar soluções para situações que são novas. E às vezes é preciso pensar nas coisas a fundo e criar mecanismos que materializem uma solução, e não apenas dissuasão. O problema é que também há muita falta de vontade política para resolver as coisas, porque quando se querem fazer as coisas, fazem-se. E quando temos um número expressivo de países que tem tudo menos vontade política de resolver a situação, se calhar não se vai resolver, por muito boa vontade que alguns países tenham, como Portugal tem." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 209, série II, verão 2017]





Gabriela Trevisan à PÁGINA 209

"O sistema de proteção está mais vigilante, os tribunais estão mais vigilantes, e acredito que até os tribunais de família estão mais sensíveis a estas problemáticas. Mas é claro que ainda há margem para manobra. Conhecemos várias instituições que têm vindo a fazer apostas tão simples como a formação continua e permanente dos técnicos e colaboradores, e isto é sempre uma mais valia, porque significa que estas instituições poderão estar melhor preparadas e ter uma visão mais crítica do trabalho que realizam. Mas há espaço para melhorar em todo o lado, e também nas instituições." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 209, série II, verão 2017]





Sandra Monteiro à PÁGINA 208

"Para nós, a crítica sem rigor seria um péssimo serviço, contraproducente até, e o rigor sem crítica é uma definição de irresponsabilidade social. O confronto e a procura da verdade na informação fazem hoje imensa falta, num panorama afunilado em que todos se repetem e só a custo se encontra informação que faz a diferença. Essa falta é mesmo um dos maiores sintomas da degradação da democracia – e uma das causas mais profundas dos bloqueios a que ela se consolide." [Sandra Monteiro respondeu por escrito a questões colocadas por Maria João Leite - edição nº 208, série II, inverno 2016]





Ricardo Vieira à PÁGINA 208

"[...] A mudança só acontece quando há, efetivamente, uma formação que implica não a acumulação de conhecimentos, mas uma transformação de si. Eu, como pessoa, tenho de refletir quem sou como pai, como filho ou quando estou a ter formação, etc., e tenho de estar aberto à mudança. Aliás, se a escola não transforma os alunos, não vale a pena lá ir; se só enche cabeças, não vale a pena lá ir. Se a gente vai a uma conferência e vem igual, perdemos o tempo; se, ao contrário, nem que seja só uma coisita me fez pensar, se me fez pensar, transformou-me. Portanto, do meu ponto de vista, só é verdadeiramente formativo aquilo que transforma." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 208, série II, inverno 2016]





Fernando Rosas à PÁGINA 207

"Foi o começo de outra vida. Para as pessoas da minha geração há duas vidas: uma até ao 25 de Abril e outra depois; acho que falo pelos portugueses em geral. É, sem dúvida, o dia mais importante da minha vida. Em todos os aspetos. Foi o dia em que tudo mudou, na nossa vida, no quotidiano, no trabalho, nas relações entre as pessoas, tudo mudou. Foi o fim de meio século de fascismo, de ditadura, de opressão, e o começo de uma vida em democracia, em liberdade. Por muitos acidentes que a vida democrática tenha; não há nada que se compare. Está fora de questão." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 207, série II, verão 2016]





Lurdes Figueiral à PÁGINA 207

"De facto, na sua essência, a Matemática é uma disciplina muito abstrata. Mas não podemos confundir a ciência matemática, a Matemática do Ensino Superior, com as abordagens matemáticas das crianças desde os primeiros anos de contacto com a escola. Se enfrentam logo essa Matemática, vão criar resistência, porque lhes está a ser dado algo que não são capazes de digerir. Por isso é que temos insistido em que estes programas são maus; não porque tenham erros matemáticos, mas porque têm erros didáticos, inclusivamente daquilo que é o programa, as abordagens dos conteúdos matemáticos. Isso está muito desajustado. Não há aprendizagem consistente apenas na repetição de procedimentos que não compreendem, que mecanizam e não compreendem." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 207, série II, verão 2016]





António Damião à PÁGINA extra-série verão 2013

"Quis que o livro fosse uma conversa com alguém que não é identificado, como se fosse uma rememorização, um encontro de duas pessoas que se encontram, por exemplo, que tivesse esse lado sem cronologia, porque não existe cronologia nenhuma no livro. As histórias vão-se encadeando umas nas outras, como as cerejas que se tiram e lá vêm mais duas atrás – aliás, há aquela velha expressão popular que diz que as conversas são como as cerejas. Esse lado do contador de histórias que pega numa história e depois passa para outra e vai por ali adiante... Um bom contador de histórias nunca se cala, é capaz de estar a contar histórias infinitamente." [Entrevista conduzida por Luís Souta - edição extra-série, verão 2013]





Manuel Rangel à PÁGINA 206

"Diz-se que a criança tem de ter opinião, mas depois isso não se traduz, sobretudo nas matérias. A Escola continua a querer as coisas fechadas e padronizadas. Por exemplo, o Português é dado com respostas fechadas e aquilo que no fundo se ensina às crianças é a responder ao que o professor quer. A criança preocupa-se mais em saber o que o professor quer que ela responda do que aquilo que ela acha. Não se lhe dá o estatuto de maioridade no pensamento. É evidente que não é de maturidade, mas é de maioridade. As crianças são pertinentes naquilo que dizem, têm um pensamento válido, são capazes de discutir entre elas." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 206, série II, inverno 2015]





Agostinho Ribeiro à PÁGINA 206

A Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (SPCE) assinalou o seu 25o aniversário, em maio, com uma sessão comemorativa na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Após a mesa-redonda Imaginar o Futuro das Ciências da Educação e um momento musical, a SPCE prestou homenagem a três dos seus fundadores: Bártolo Paiva Campos, Maria Teresa Estrela e Agostinho Ribeiro, que passaram a ser os seus primeiros sócios honorários. Para perceber o significado da homenagem e indagar sobre os desafios que se colocam às Ciências da Educação, a PÁGINA questionou o Professor Agostinho Ribeiro, que gentilmente respondeu por escrito. [A Página da Educação - edição nº 206, série II, inverno 2015]





Pascal Paulus à PÁGINA 206

"As crianças, os jovens, os adultos, com quem trabalhamos são considerados parceiros de pleno direito para elaborar o projeto educativo do grupo, são coautores do seu projeto de aprendizagem. Em todos os momentos apelamos à cooperação. O sucesso do grupo depende do sucesso de cada um; o grupo vai mais longe quando consegue ajudar-se a si próprio, para que cada elemento possa ir o mais longe possível. Penso que a diferenciação pedagógica, como o MEM a propõe, é um garante para a equidade em relação à apropriação do currículo da escola obrigatória. A diferença entre as pessoas, entre as crianças, é uma força motora para uma abordagem pluralista do conhecimento e do saber, para dar sentido ao projeto de trabalho de aprendizagem e para garantir uma cidadania cosmopolita." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 206, série II, inverno 2015]





Manuela Mendonça à PÁGINA 206

Pela primeira vez, o órgão máximo da Internacional da Educação (IE) tem participação portuguesa. Durante o 7o Congresso Mundial da organização, que decorreu em julho, em Otava, Manuela Mendonça foi eleita para o Comité Executivo Mundial, com uma significativa votação que reflete o prestígio internacionalmente reconhecido à Federação Nacional dos Professores (Fenprof). Manuela Mendonça é professora do Ensino Secundário, coordenadora do Sindicato dos Professores do Norte e membro do Secretariado Nacional da Fenprof e do Comité Sindical Europeu de Educação. Num curto depoimento à PÁGINA, fala da IE, das prioridades da sua intervenção, da Agenda 2030 para o desenvolvimento e da defesa da educação pública. [Entrevista de Maria João Leite e António Baldaia - edição nº 206, série II, inverno 2015]





José Rodrigues à PÁGINA 193

Fundador da Cooperativa de Ensino Artístico Árvore (Porto, 1963) e da Bienal de Cerveira (1978), mais recentemente, adquiriu e recuperou uma antiga fábrica de chapéus (Fábrica Social) situada no bairro operário da Fontinha, no Porto, transformando-a num centro cultural e sede da fundação com o seu nome. Inaugurado em 2008, o complexo dispõe de 20 ateliês, salas de exposições, auditório, residências temporárias e restaurante-bar. Foi aí que recebeu a PÁGINA. [Conversa conduzida por António Baldaia - edição nº 193, série II, verão 2011]





António Capelo à PÁGINA 205

"Devemos estar muito orgulhosos do projeto que desenvolvemos, porque ao longo destes 25 anos manifestou-se um projeto com valores. Os alunos que formamos são o nosso grande património: em qualquer parte onde desenvolvam o seu trabalho, eles são um espelho daquilo que, de alguma maneira, a escola é; são o nosso orgulho! É muito gratificante recebermos frequentemente dos produtores uma opinião muito positiva sobre o trabalho dos nossos ex-alunos; é o melhor património que podemos ter. Por outro lado, sentimos que contribuímos fortemente para a revitalização do tecido produtivo das artes de palco na cidade do Porto. Era um dos objetivos da criação da escola e estamos muito felizes por isso." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 205, série II, verão 2015]





Rosário Alves à PÁGINA 205

"A componente económica está muito presente, principalmente numa altura de crise. As pessoas têm de perceber que, se conhecerem e gerirem bem o que têm, podem retirar daí alguma valia, mas se estiverem afastadas, podem agir de forma incorreta e colocar em causa a sustentabilidade da floresta. É preciso atuar nesse sentido; num país que tem a floresta que tem, é preciso criar uma cultura florestal e, sobretudo, formar os jovens para que cresçam a perceber o que a floresta representa, de quem ela é e o que nela está implícito: emprego e qualidade de vida, seja pela água ou pelos solos, pela absorção do carbono ou pela beleza das paisagens. Quando tivermos uma geração com essa consciência, não vamos ter problemas de sustentabilidade da floresta. Mas tem de haver maior coordenação de esforços." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 205, série II, verão 2015]





Luiz Dourado à PÁGINA 205

"No Brasil, a avaliação de professores é feita por sistemas educativos e por avaliações de larga escala, nacionais e internacionais, mas eu acho que precisamos de a rediscutir. Eu defendo uma avaliação, mas acho que ela deve contar com os próprios pares, que os professores devem participar na construção da dinâmica avaliativa. Nós temos essa experiência na educação superior, onde os próprios pares se avaliam – mas também há um processo autoavaliativo, em que o docente avalia as suas condições objetivas, a formação continuada, o tipo de investigação e a publicação daí resultante. É o conjunto desses elementos que lhe permite progredir na carreira. Na educação básica, eu acho que também é preciso envolver a avaliação do professor no conjunto da avaliação institucional. A avaliação só faz sentido se estiver ancorada na avaliação da instituição, e aí volto à ideia da valorização." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 205, série II, verão 2015]





Américo Nunes Peres à PÁGINA 204

"Quando digo que um professor é mais aquilo que é do que aquilo que ensina é porque entendo que a racionalidade educativa deve ser temperada com os afetos. Adotei isto ao longo dos anos em que dei aulas. O facto de tratar as pessoas pelo nome já é uma ponte, um sinal de que tratamos o outro não como um número, mas como uma pessoa. E isso permite uma pedagogia de proximidade, de hospitalidade, que acolha o outro como alguém que pode aprender, mas que também pode ensinar. Acho que há muitos professores que têm a preocupação de tratar os alunos pelo nome, mesmo em escolas muito grandes." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 204, série II, inverno 2014]





João Arriscado Nunes à PÁGINA 204

"Precisamos de ter uma visão ampla do que conta como educação, mas temos de continuar a dar muita atenção à escola, especialmente à escola pública, que é por onde passa grande parte do que são as tensões, os processos, as contradições, que vão contribuir para a socialização das pessoas. É precisamente por assegurar a formação dos cidadãos que não se pode desistir da escola pública, até porque se sabe que há muitos países – e Portugal não é exceção – onde a escola pública é atirada para o que podemos chamar zonas sem controlo ou normalmente produtoras de exclusão. Portanto, a luta pela escola pública é hoje uma questão muito importante." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 204, série II, inverno 2014]





Natália Bolacha à PÁGINA 203

"A escola tem de começar a criar programas de intervenção no sentido de sensibilizar os homens a mudarem a sua mente. Tem de haver mudança social a respeito da igualdade de género. Nós fomos socializados desde a infância para que os homens exerçam estas atividades e as mulheres exerçam aquelas. Assim fomos ensinados e crescendo e nos comportamos. Foram-nos inculcados esses valores e crenças, que assimilámos, interiorizámos e assim seguimos naturalmente. Agora, acho que precisamos de abrir a mente, de tentar desconstruir as velhas ideias e mudar para uma nova realidade, porque todos merecemos, homens e mulheres, os mesmos direitos. Temos de ter os mesmos privilégios, tem de haver igualdade na oportunidade. A educação é um direito que todos merecemos e é uma porta de entrada para todas as situações. Então, também é importante que as mulheres tenham o seu espaço na área da educação." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 203, série II, primavera 2014]





Rosanna Barros à PÁGINA 203

"Eu diria que repensar a Educação e reconstruir ou reconfigurar a Escola é algo transversal à história dos sistemas nacionais de educação. O que me parece importante é não confundir repensar e reconstruir com destruir e com a intermitência e a indecisão em termos de políticas educativas. Isso sim, seria perigoso, como se constata, por exemplo, na nossa educação de adultos. Pensar e reconstruir é, no fundo, a essência do social – todas as instituições são construções sociais e, portanto, incorporam uma dinâmica cuja característica principal é ser móvel, permeável aos contextos. No entanto, a forma como isto pode configurar novas modalidades da Educação, novas propostas pedagógicas, deve ser sempre no sentido de alargar e melhorar, em lugar de simplesmente destruir." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 203, série II, primavera 2014]





Ana Filipa Bastos à PÁGINA 198

"Os investigadores vivem à base de bolsas, têm um contrato de bolsa, descontam para o Seguro Social Voluntário, que não dá direito a subsídio de desemprego (a praticamente direitos nenhuns), não descontam para o IRS... Quando a FCT [Fundação para a Ciência e a Tecnologia] não tem dinheiro, podem ficar meses à espera de receber a bolsa, como aconteceu este ano. Portanto, ser investigador em Portugal é assim: somos tratados quase como privilegiados, porque nos pagam para estudar, mas na verdade não temos quase direitos nenhuns, porque temos uma bolsa. As pessoas que querem assentar para fazer investigação não têm grandes incentivos, nem grande estabilidade para o fazer." [Entrevista conduzida por Maria João Leite e Sílvia Enes - edição nº 198, série II, outono 2012]





António Fonseca à PÁGINA 195

"O envelhecimento com qualidade precisa de três grandes condições: autonomia, saúde e relações sociais. Às vezes pergunta-se, e o dinheiro? Bem, o dinheiro não é essencial para um envelhecimento com qualidade. É essencial o dinheiro básico, mas não é por ter muito dinheiro que vou envelhecer com mais qualidade do que uma pessoa que tem menos meios. Pode faltar a saúde, podem faltar os afectos e as ligações sociais. Além disso, envelhecer com qualidade depende muito da perspectiva. A visão que temos com 30 anos é muito diferente da que temos quando fazemos 60. Há aspectos que os idosos valorizam e nós nem pensamos nisso." [Entrevista conduzida por Francisco David Ferreira - edição nº 195, série II, inverno 2011]





Rita Pestana à PÁGINA 194

"Além da dimensão reivindicativa, pela melhoria das condições de trabalho, etc., considero que os sindicatos são as instituições que mais se preocupam, por exemplo, com a formação contínua dos professores, que oferecem mais espaços e oportunidades de debate, de discussão de questões que vão muito para além das meramente reivindicativas... Em termos do que é a profissionalidade dos professores, da defesa da imagem profissional dos professores, os sindicatos continuam a ser as estruturas por excelência." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 194, série II, outono 2011]





José Ignácio Aguaded-Gomez à PÁGINA 193

"Não se pode educar sem comunicação, nem comunicar sem educação. A verdadeira comunicação educativa é ética, valoriza os direitos humanos e da infância e promove o desenvolvimento da personalidade e das pessoas. Parte da premissa de que quando se comunica se educa (por isso, fazem falta comunicadores mais implicados no mundo educativo), mas também de que educar é fundamentalmente comunicar. Um educador que não comunica está condenado ao fracasso. É preciso educar pensando que as novas gerações são mediáticas, digitais e vivem na ‘sociedade em rede’." [Entrevista conduzida por Andreia Lobo - edição nº 193, série II, verão 2011]





Manuela Silva à PÁGINA 192

"Hoje, a juventude vive problemas gravíssimos. a precariedade passou a ser uma espécie de fantasma da qual não se pode fugir. A questão dos direitos é algo que as gerações mais jovens já não viveram; tiveram um certo grau de protecção, quer da família, quer da escola, mas não sabem o que são esses direitos. Este é um trabalho que deveria ser muito bem pensado e discutido no meio sindical, entre quem tem maior experiência e os mais jovens; um trabalho que irá levar o seu tempo, mas que se justifica por ser muito preocupante. por isso digo que é muito importante reflectirmos todos em conjunto." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 192, série II, primavera 2011]





Graça Morais à PÁGINA 191

"Eu penso que, desde que se puseram em prática estas últimas reformas, os professores estão sobrecarregados com burocracia e espartilhados com tarefas que não deveriam ocupar tanto espaço da sua actividade quotidiana. Não só por colocarem a sua saúde e o equilíbrio familiar em risco, mas também pelo mal-estar que se gera nas escolas. Além de tudo, um professor que realmente queira conduzir os seus alunos a dimensões mais próximas da liberdade de pensamento, fica muito pressionado pela falta de tempo." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 191, série II, inverno 2010]





Antoní Martorell à PÁGINA 190

"Na autarquia encaramos a Educação como um poderoso instrumento de construção da cidadania e de construção da cidade. Nesse sentido, os objectivos da cidade educadora convergem com os objectivos da própria cidade. Se a cidade são as pessoas, a Educação constrói a cidade. Actualmente, as nossas prioridades para esta construção são a coesão social, o crescimento e o progresso, a sustentabilidade e a convivência no uso do espaço público. Cada uma destas áreas tem uma relação muito directa com a Educação. A Educação é um poderoso instrumento para avançar no sentido de uma cidade coesa, isto é, de uma sociedade que constrói o seu progresso baseado na igualdade de oportunidades, numa maior igualdade social e num maior desenvolvimento do capital humano." [Entrevista de Ricardo Jorge Costa - edição nº 190, série II, outono 2010]





Matilde Rosa Araújo à PÁGINA 190

É preciso brincar para crescer, ter a felicidade de não estar comprometido com obrigações de um trabalho que não se ajusta à vida da criança. Toda a vida é aprendizagem... Mas vejo que na literatura dos adultos a infância está muito presente, embora por vezes de uma maneira quase inconsciente porque a vida é infância, adolescência e estado de adulto. E há autores de Literatura para a Infância que trataram com grande delicadeza a infância, portanto esta literatura é um entretenimento mas não o é de forma inconsequente, tem uma validade de transmissão de valores humanos, estéticos e de diálogo com a vida e com os outros. Aprender o valor da alegria e da tristeza é muito importante numa pedagogia do ser e a literatura para crianças deve ser muito responsável. [Entrevista de Luís Souta - edição nº 190, série II, outono 2010]





Teresa Ricou à PÁGINA 189

"Existe uma grande cumplicidade entre todos: funcionários, alunos e professores. Essa talvez seja a principal diferença e aquilo que melhor caracteriza o ensino-aprendizagem no Chapitô. É um serviço público que se presta, no qual está envolvido o Estado, os empresários e a sociedade civil, que somos nós. Estes três elementos têm de funcionar de forma absolutamente integrada, o que não é fácil. É preciso que estas conexões e este modelo de diálogo inter-institucional funcionem. De certa forma, eu considero isto um modelo de uma mini-sociedade, de uma sociedade futura, onde será fundamental não perder a comunicação e o diálogo entre as pessoas." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 189, série II, verão 2010]





Luiza Cortesão à PÁGINA 189

"A questão da cidadania é uma das mais complicadas de abordar. Sobretudo quando pensamos cidadania em termos de diversidade cultural. O que é cidadania num determinado contexto poderá não o ser num outro. Mas se pensarmos concretamente na Escola portuguesa, e se assumirmos que, apesar de tudo, ela não é um dos contextos de maior diversidade, julgo que se poderá afirmar que a Escola não contribui habitualmente para a assunção da cidadania. Isto, porque a Escola valoriza sobretudo os deveres dos alunos." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 189, série II, verão 2010]





Joaquim Azevedo à PÁGINA 189

"As escolas vivem hoje, de facto, num contexto de grande desconfiança, que se tem vindo gradualmente a acentuar em relação aos próprios professores. Ao mesmo tempo, a confiança dos professores relativamente à administração ficou, também ela, abalada. Está portanto criada uma situação que, pelo menos aparentemente, não será muito fácil de resolver. Mas, por vezes, podem ser precisamente estes os melhores momentos para se levarem a cabo as grandes mudanças – neste caso, a grande reviravolta que o sistema precisava de levar. Dir-se-ia ser preciso chegar a um ponto de quase ruptura para que estas necessidades de intervenção mais disruptiva na política que subjaz às políticas educativas se possam concretizar. Apesar de tudo, os professores e as escolas continuam a manifestar muita disponibilidade para colaborar, actuar e fazer acontecer as coisas." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 189, série II, verão 2010]





Alberto Amaral à PÁGINA 188

"Esperemos que o objectivo deste processo em Portugal não seja meramente criar um ranking. Porque os rankings das universidades, na minha opinião, não fazem muito sentido, já que as universidades são organizações demasiado complexas para serem avaliadas através de um sistema que está, em larga medida, dependente de critérios que podem ser discutíveis. Um dos grandes problemas dos rankings – nomeadamente dos rankings que se baseiam em meia dúzia de critérios – é que a ordenação que daí deriva depende do peso que se atribui a cada um deles. Uma pequena universidade do interior do país, por exemplo, pode perfeitamente ficar à frente de Harvard se o critério principal for o do custo por alunos mas perderá se o critério se basear no número de prémios Nobel, ou o número de alunos estrangeiros." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 188, série II, primavera 2010]





Helena Araújo à PÁGINA 188

"Eu penso que uma das principais lutas do movimento feminista incidiu no direito à educação e à instrução. Depois de 1913, quando as mulheres perdem a possibilidade de ter o direito de voto – essa possibilidade esteve bastante perto de se concretizar através da luta/negociação, por feministas – relembremos duas feministas eminentes ligadas ao partido republicano como Ana Castro Osório e Adelaide Cadete – julgo que esse continuou a ser central nas suas lutas. Depois, há também a questão da luta pela democratização do espaço doméstico. Neste sentido, há um importante conjunto de medidas aprovadas pelo regime republicano, do qual se poderá destacar o direito das mulheres a deixarem de ter a correspondência vigiada, o de passarem a poder exercer uma actividade comercial sem autorização do marido, o de passarem a poder sair sem a sua prévia autorização, entre outros." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 188, série II, primavera 2010]





Raúl Pinheiro à PÁGINA 186

"O quadro político actual é complicado, pois ainda não se sabe se o estatuto vai ou não ser promulgado nesta legislatura e não se consegue fazer uma previsão segura de como será o próximo Governo, pelo que é arriscado prever quais as acções concretas que os docentes e sindicatos irão tomar. Mas seguramente continuarão a lutar pela alteração das disposições transitórias do estatuto. Podemos dizer que agora a luta vai de férias, mas com certeza voltará retemperada e com mais força." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 186, série II, outono 2009]





Benedita Portugal e Melo à PÁGINA 185

"O inquérito mostrou que 57,6% dos professores inquiridos discordam da publicação anual das listas que ordenam, por escola, as classificações dos exames de 12.º ano, ao passo que 42,4% afirmou concordar com a sua publicação. De uma maneira geral, porém, diria que os rankings escolares não são percepcionados pela maioria destes professores como um meio de dar a conhecer publicamente os resultados da sua competência pedagógica. A questão passará justamente pelo facto de muitos docentes considerarem que não é o produto das suas práticas que é alvo de uma avaliação pública, mas os resultados que os alunos obtêm nos exames. Ora, para alguns professores estes resultados são bastante aleatórios. De qualquer forma, mais de metade dos professores entrevistados entende que os rankings escolares originam um julgamento público negativo sobre eles." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 185, série II, verão 2009]





Luís Mesquita à PÁGINA 185

"Estas escolas surgem na medida em que existe um público europeu jovem, na faixa etária dos 15 aos 25 anos, caracterizado por baixas qualificações, pelo risco de exclusão social e, consequentemente, pela dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, para o qual as respostas educativas formais são inadequadas. Neste sentido, as escolas de segunda oportunidade constituem sobretudo uma proposta motivacional, proporcionando uma oferta educativa que desperte interesse a estes jovens e lhes permita, entre outras coisas, regressar a um percurso formativo." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 185, série II, verão 2009]





Lauro Moreira à PÁGINA 188

“A lusofonia, muito mais do que um espaço, é um espírito que emerge de 500 anos de um convívio cuja matriz é Portugal, um convívio que acabou formando um património linguístico, cultural, histórico, e que teve um dia para começar, mas não tem para acabar. A lusofonia, portanto, é algo em construção, um fenómeno in fieri, algo que está ocorrendo.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 188, série II, primavera 2010]





Manuel Loff à PÁGINA 191

“Sublinho que me parece particularmente paradoxal o momento específico, a conjuntura histórica na qual estamos a comemorar os 100 anos da República, em que o poder político e económico actua contra os cidadãos, desejando que não reflictam, que não reajam, que aceitem passivamente decisões que constituem verdadeiros ataques aos seus direitos enquanto cidadãos. De um exército de cidadãos falava a República há um século. Hoje há, nitidamente, um ataque feroz, de um despotismo pseudo-económico, sobre os cidadãos. Isto é claramente anti-republicano.” [Entrevista conduzida por José Paulo Oliveira - edição nº 191, série II, inverno 2010]





Rui Canário à PÁGINA 186

"Penso que nos últimos trinta anos temos vindo a assistir à implantação de um sistema democrático que, de alguma maneira, é construído em sentido contrário àquilo que foi o regime que se viveu entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1976, período marcado pela explosão da participação popular e da democracia participativa, que se traduziu numa alteração bastante significativa da relação de forças entre o capital e o trabalho e das modalidades de exercício do poder nos locais de trabalho. (...) O que se tem vindo a verificar desde então é a tentativa de repor uma certa normalização que culmina na imposição dos directores, quando essa não é a questão central do funcionamento das escolas. Não é por funcionarem com uma maior participação dos professores ou com órgãos colegiais que elas funcionam mal."  [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 186, série II, outono 2009]





Luís Souta à PÁGINA 185

"Anteriormente à implementação de Bolonha, na área da formação de professores dominava o princípio da formação integrada, através da qual os alunos tinham, desde o primeiro ano, contacto com instituições educativas, e que se aprofundava de forma gradual e progressiva. No actual contexto, a educação básica de três anos não faz qualquer sentido. É um contra-senso termos um curso no ensino superior politécnico que não profissionaliza para nada; resume-se a uma etapa propedêutica para ingresso num mestrado de ensino." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 185, série II, verão 2009]





Júlio Couto à PÁGINA extra-série Verão 2013

O Porto é solidário, hospitaleiro, honesto... O Porto não se diz, é-se. Assim é também Júlio Couto, economista, mas, acima de tudo, um historiador e conhecedor da cidade, portuense interessado, em constante busca de histórias e factos. Como o Porto, também Júlio Couto “não está quieto”. Apesar da vida com os números, esteve sempre ligado às letras e à comunicação, tendo escrito vários livros. A partir da Fontinha, em sua casa, Júlio Couto deu com a PÁGINA uma volta pela cidade, através de lugares e de histórias. [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição extra-série, verão 2013]





Manuel Carlos Silva à PÁGINA 186

"Desiludam-se os que pensam que as estratégias de aproximação ao poder institucional ou de bajulação a uma ou outra figura bem situada na hierarquia interna das próprias estruturas patrocinais de departamento ou de escolas e faculdades serão suficientes ou eficazes. Só a acção colectiva e a unidade na acção poderão fazer estancar a onda neoliberal de precarização dos postos de trabalho no sector público, a que acresce a necessidade de revogar certas normas da função pública inscritas na Lei 12A, designadamente em torno da nomeação definitiva." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 186, série II, outono 2009]





Santana Castilho à PÁGINA 185

"Os professores são uma classe heterogénea e naturalmente as motivações que os levaram à rua – primeiro 100 mil, depois 120 mil – serão as mais diversas. Mas eu diria que, fundamentalmente, o que motivou a mobilização em massa da classe foi o ataque mais inqualificável, a redução à expressão da total indignidade profissional, a atitude de desconsideração, a tentativa de vergar os professores não por questões que poderiam ser discutíveis do ponto de vista das doutrinas, mas por questões que se prendem com a dignidade profissional e até a dignidade humana." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 185, série II, verão 2009]





Maria do Céu Roldão à Página 205

"Se numa situação mais ou menos estável, os professores já têm uma visão muito segmentária e não uma cultura que encaminhe para o trabalho conjunto, quando começam a encerrar escolas, a desaparecer postos de trabalho, a aumentar as dimensões das turmas, a eliminar apoios a crianças com necessidades educativas especiais, tudo isto se agrava e gera um desencanto enorme..." [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 205, série II, verão 2015]





Alexandre Quintanilha à PÁGINA 203

“Eu tenho a sensação de que lá fora, para alguns, é surpreendente que os jovens que vão de Portugal sejam de tal qualidade e estejam tão bem  preparados para aquilo que estão a fazer. Mas hoje em dia está a tornar-se mais comum gostarem de receber investigadores portugueses, porque sabem que se dedicam de corpo e alma ao que estão a fazer. A nossa formação continua a ser de muita qualidade e os nossos investigadores, em  todas as áreas, não têm de que se envergonhar em qualquer sítio do mundo. Somos bem preparados, dos melhores que há. Temos um bocadinho de medo de arriscar, é verdade, mas em termos de formação somos muito bem vistos.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 203, série II, primavera 2014]





João Caraça à PÁGINA 185

"A Europa é um actor com um papel muito reduzido neste jogo, porque a força da Europa reside no facto de ser um parceiro dos Estados Unidos. O que os americanos fizeram foi arranjar mecanismos – dos quais a guerra no Iraque é um caso paradigmático – para continuar com o esquema existente, de manter uma ilusão de poder. E quando a América começa a perceber que não pode ganhar a guerra, as outras forças à volta vão-se posicionando. O que acontece é que, no próprio centro, o mecanismo de acumulação de riqueza foi ruindo. O grande erro das elites dirigentes foi promoverem um modelo de crescimento baseado na facilidade de obtenção de crédito, socorrendo-se da poupança obtida na periferia do império." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 185, série II, verão 2009]





Alípio de Souza Filho à PÁGINA 173

"[...] Há uma verdadeira tradição intelectual no Brasil, pontuado por expoentes como Sérgio Buarque de Holanda ou Caio Prado Júnior, e toda uma corrente de pensadores marxistas que influenciou de forma determinante as ciências sociais brasileiras, que sustenta uma leitura negativa das mestiçagens e associa erradamente a ideia de instituições moles a instituições fracas, produzindo uma concepção pessimista e desconfiada das mestiçagens relativamente ao futuro da sociedade brasileira." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 173, dezembro 2007]





Roger Dale à PÁGINA 173

"De uma forma geral, as suas condições de trabalho deterioraram-se, os salários não são actualizados na proporção das suas responsabilidades, espera-se que cumpram papéis cada vez mais diversificados, o seu conhecimento e experiência profissional é posta em causa continuamente e são frequentemente publicamente humilhados – pelo menos é isso que acontece no Reino Unido. No meu país, por exemplo, publicou-se recentemente uma fotografia na primeira página de um jornal mostrando uma escola com a seguinte legenda: 'esta é a pior escola de Inglaterra' – ou pelo menos identificada como tal pelo governo. Por tudo isto, os professores podem apenas actualmente limitar-se a dizer 'isto é o que conseguimos fazer de melhor'." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 173, dezembro 2007]





ISABEL MENEZES À PÁGINA 207

“[...] acho que faltam outros profissionais na escola, que poderiam coadjuvar o trabalho dos professores, libertar os professores para algumas tarefas e, nomeadamente, nas questões da mediação ou interação comunitária, favorecer essas redes de relação. [...] há uma dinâmica própria do trabalho de ensino-aprendizagem e das exigências específicas do que os professores têm de fazer que muitas vezes lhes rouba tempo para outro tipo de atividades. Portanto, não era mau que as escolas fossem invadidas por profissionais com perfis diferentes e que pudessem contribuir para uma maior diversidade.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 207, série II, verão 2016]





Almerindo Janela Afonso à Página 185

"Em avaliação, a objectividade é sempre a objectividade possível. Se a função docente é, em si mesma, complexa, os instrumentos de avaliação têm de corresponder a essa complexidade. E quando digo intrumentos complexos não pretendo dizer complicados, mas sim dispositivos de avaliação que consigam dar conta da amplitude das tarefas e das suas especificidades. Não é com instrumentos burocratizantes, pouco credíveis ou impostos que se avalia uma profissão complexa como a docência." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 185, série II, verão 2009]





Manuel Sobrinho Simões à Página 204

“Na nossa formação superior, 30-40 por cento dos bons alunos são muito bons em qualquer parte do mundo. Por exemplo, dou regularmente aulas nos Estados Unidos e os meus alunos portugueses são muito melhores do que os meus alunos americanos – não tenho dúvida nenhuma! – em termos de inteligência, de capacidade de pensar, de capacidade de fazer. Também trabalho muito com Londres e lá os nossos patologistas e enfermeiros estão super-bem classificados. E na Holanda a mesma coisa. Não tenho dúvida nenhuma que o nosso sistema de ensino compara-se favoravelmente com a maior parte dos sistemas de ensino que conheço. Ou comparava...” [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 204, série II, inverno 2014]





Albano Martins à PÁGINA 199

“Diria que ele [o próprio] é um homem torturado que passa os dias a interrogar – a interrogar-se – e não encontra resposta para as questões essenciais que a existência lhe coloca. Que é, também, um homem apaixonado, um enamorado da beleza, esteja ela onde estiver, assuma ela as feições que assumir. E, ainda, que aspira a um mundo donde sejam banidas as injustiças e onde as crianças e todos os inocentes não sejam maltratados, humilhados, feridos, ofendidos. Alguém que, utopicamente (mas de utopias está cheia a história da humanidade), aspira à construção de uma nova idade de ouro, na qual a felicidade esteja, de facto, ao alcance do homem.” [Albano Martins respondeu por escrito às perguntas da PÁGINA / Maria João Leite - edição nº 199, série II, inverno 2012]





A Voz dos Colaboradores I

André Escórcio. Não fora A Página da Educação e o sistema educativo, a cultura e as questões sociais estariam, ainda, em situação mais complexa e angustiante! A PÁGINA tem sido a máquina inteligente que, através da palavra, tem tentado remover a pedra da incompreensão política. Uma ferramenta fundamental na perspetiva da preparação de um terreno onde possam ser lançadas as sementes de uma Educação fundada na liberdade, na motivação e na qualidade das aprendizagens. A PÁGINA tem sido, por isso, o melhor meio de formação permanente, porque condensa, alerta e desperta muitas interrogações.


António Magalhães. Sublinhar o caráter inovador do projeto editorial da PÁGINA é enfatizar o seu papel na disseminação reflexiva do conhecimento sobre a educação, colocando em diálogo a investigação com o terreno das práticas. A tradução no género jornalístico do conhecimento desenvolvido pelas diversas comunidades académicas, assente no primado da leitura e discussão compartilhadas, é uma das características que fazem deste projeto algo de único e que há que celebrar.


David Rodrigues. Gandhi dizia: “Sê a mudança que gostavas de ver no Mundo”. Este parece-me ser um bom ex-libris para A Página da Educação na comemoração do seu 25o aniversário. Nestes anos, a PÁGINA mostrou a urgência de uma Educação ligada à cultura e sobretudo comprometida com a inovação e com a cidadania participativa. Perde-se tempo quando não se lê a PÁGINA e, nestes tempos de incerteza, que duram pelo menos desde o princípio do Mundo, quero desejar à PÁGINA energia e ânimo para continuar a ser o que sempre foi: inconformada, inspiradora e solidária.

Henrique Vaz. Há uns anos (10, 11, talvez), o José Paulo Serralheiro falou comigo pessoalmente para me convidar a escrever uma rubrica regular na PÁGINA. Na altura, senti um imenso orgulho, mas também alguma estupefação pelo facto de me convidar – porquê, pensava eu – e por me incluir numa rubrica designada “impasses e desafios”. Gostei. Gostei mesmo, senti-me identificado. Na altura, já conhecia a PÁGINA há algum tempo, mas não desde os seus inícios. Para mim, a PÁGINA não é desligável daquela figura de barba branca, serena, indagadora para além de si, capaz de ver no meu campo de cegueira, inteligente e projetada num tempo que ele próprio desconheceu. A leitura a que me obriguei, entretanto, mais atenta, mais cuidada, mais participativa desvendou-me o espaço do sentido da escrita sobre a educação, não resolutiva, mas problematizante, incomodada até. Deixou-me o sentimento, até, do repetitivo, mas do necessário dizer através deste instrumento que nos encontra numa leitura em espaços esconsos, de reserva, de privacidade, de tempo sem tempo. A PÁGINA não significa grande coisa no número 32, mas significa na sua temporalidade aquilo que o número 32 anuncia. E até o repetitivo pode anunciar resistência, inconformismo, recomeço, luta. Essa é a PÁGINA que trago comigo!


Ivonaldo Leite. Estreitei contacto com a PÁGINA através de José Paulo Serralheiro, de saudosa memória, em fins dos anos 1990. Vivendo no Porto, por razões de investigação, escrevi um artigo para o então jornal A Página da Educação, e de seguida ele me formulou o convite para ser colaborador regular. Daí decorreu uma frutífera amizade e colaboração, permitindo-me testemunhar de perto o valioso contributo que a PÁGINA tem dado, ao longo dos anos, para o debate educativo no mundo de língua portuguesa, com significativos reflexos deste lado de cá do Atlântico.

José Antonio Caride. La educación en miles de páginas. Eso es, 25 años después, como pasado y futuro, A Página da Educação. Un quehacer cívico, pedagógico y social hecho relato: la razón incómoda y el sentimiento inquieto acerca de la educación que tenemos y deseamos. Escrituras y lecturas comprometidas en la construcción crítica, compartida, reivindicativa y transformadora de la educación posible y necesaria. Luz en la oscuridad de un mundo desbocado.


José Miguel Lopes. Há 14 anos que sou colaborador regular d’A Página da Educação, por honroso e simpático convite do saudoso José Paulo Serralheiro. Sinto orgulho em participar num projeto de grande relevância no campo educacional e não só. Leio sempre com entusiasmo os artigos, reportagens e entrevistas que fizeram e fazem da PÁGINA um espaço educacional que sempre se pautou pela edificação de uma escola democrática e inclusiva. A revista afirma-se como um veículo de enorme relevância para professores, estudantes e pesquisadores.


João Teixeira Lopes. Ao longo dos anos, a PÁGINA tem cumprido dois objetivos fundamentais: dar conta das novidades em termos de política educativa e pensamento crítico e, por outro lado, aprofundar temas que constituem autênticos dossiês de referência. Em simultâneo, ficamos a conhecer os protagonistas deste combate infinito por uma educação mais justa e capaz de vencer a hegemonia do conservadorismo vigente, tão mergulhado nas falácias do mérito, dos rankings e da competição entre pessoas e dentro das instituições. Em certa medida, no fio das várias edições, vislumbra-se um horizonte de utopia, não como algo de inatingível e etéreo, mas enquanto dimensão palpável, realista e gradativa que, passo a passo, edição após edição, na acumulação da troca de saberes, nos entusiasma e une, apesar das salutares diferenças de perspetiva.


Leonel Cosme. Vendo, ouvindo e lendo (repetindo a grande Sophia) como há décadas os titulares do pelouro da Educação não acertam num modelo capaz de responder às exigências e responsabilidades intemporais de formar os futuros grandes e pequenos filhos da Nação, todos igualmente destinados a vencer os imperativos do tempo e do espaço em que vivem, a missão de um órgão da comunicação social como A Página da Educação, pelo que representa no debate de ideias e no acúmulo de experiências, continua a ser a mesma que iniciou há 25 anos: perseverar na campanha infindável da Educação.





A Voz dos Colaboradores II

Licínio C. Lima. A PÁGINA inscreve-se na melhor tradição da imprensa pedagógica e é um dos mais conseguidos exemplos de longevidade, diversidade e cosmopolitismo. Tem sido notável a sua capacidade de afrontar as dificuldades, de resistir à erosão do tempo, de se reinventar. É difícil imaginar a educação em Portugal sem a PÁGINA, sem a capacidade de combinar vigor crítico, teoria educacional, capacidade reflexiva.

Luís Souta. Escrevi o primeiro texto para o jornal A Página da Educação em maio de 1992. Nestes 25 anos, a colaboração foi ininterrupta: publicaram-se 115 textos meus (dei-me ao trabalho de os ir contar). Esta tem sido a minha primeira casa editorial. Mas nos últimos anos, sinto a falta das longas conversas telefónicas mensais com o José Paulo Serralheiro – conhecera-o em 1989, quando organizámos o fórum ‘Impasses e Novos Desafios na Formação de Professores’. Telefonava-me a partilhar novidades, resistências, ideias de futuro, e a pedir sugestões de novos colaboradores para o ‘nosso’ jornal. Ecletismo, abertura à diversidade de opiniões e total empenhamento neste projeto eram traços fortes deste Amigo único que trago comigo no coração.

Luís Vendeirinho. Não é fácil sobrevivermos, nos dias de hoje. Sobretudo quando temos voz e a sua expressão é reflexo da liberdade. Não há a pretensão do elogio da opinião individual de todos aqueles que na PÁGINA têm encontrado a sua janela. A virtude estará no coletivo e no cimento que tem vindo a permitir, à revelia de preconceitos e dogmas, darmos um pouco de inteligência às reflexões e dizermos um modo de sentir este ente tão importante, senão essencial, que é a Educação tida como veículo para uma sociedade fraterna, imperfeita, mas consciente das suas fragilidades.

Miguel Santos Guerra. Con gratitud, admiración y afecto, doce rosas para PÁGINA en el 25º aniversario. Una rosa de admiración porque, casi de la nada, se ha mantenido durante 25 años un proyecto educativo tan hermoso. Una rosa de optimismo porque, a pesar de las dificultades, mira hacia el futuro. Una rosa de alegría por ese puñado de autores y autoras que comparte generosamente sus ideas. Una rosa de entusiasmo porque mantiene su línea de compromiso ético inquebrantable. Una rosa de ilusión porque en cada número se produce un paso de progreso. Una rosa de esperanza para que el conocimiento nos haga mejores personas. Una rosa de admiración para quienes han estado al frente del proyecto dándonos un ejemplo de coraje y de perseverancia. Una rosa de creatividad para quienes perfeccionan número a número esta revista maravillosa. Una rosa de ánimo para seguir adelante sin desaliento con la revista y los libros. Una rosa de felicidad porque las ideas de la PÁGINA llegan a miles y miles de docentes como una lluvia de primavera. Una rosa de gratitud para quienes leen asiduamente la PÁGINA. Una rosa de felicitación por lo que la PÁGINA ha hecho por la educación y la sociedad.

Pascal Paulus. Depois de 25 anos de A Página de Educação no panorama editorial e jornalístico português, podemos ter pelo menos uma certeza – continuamos a precisar da PÁGINA nos próximos 25 anos. Parabéns a toda a equipa resistente e resiliente que a mantém com a qualidade à qual nos foram habituando.

Petronilha Silva. Nos primeiros anos deste século fui apresentada a José Paulo Serralheiro por Nilda Alves, durante um ciclo de debates sobre educação que esta organizara na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Conversamos, trocamos idéias, confrontamos posições; parecíamos companheiros desde havia tempos. Convidou-me ele para escrever um texto para A Página da Educação. Desde então, a cada ano, Sílvia Enes renova o convite que sempre aceito, com alegria e compromisso. A Página da Educação é uma fortaleza para nós, professores, que entendemos o fazer pedagógico como ato político dos mais relevantes; que vemos instituições de ensino como lugar de aprendizagens compartilhadas e de ensinos mútuos; que entendemos o educar-se e o educar como movimentos fundamentais para constituirmo-nos cidadãs, cidadãos de uma sociedade equânime, solidária e, por isso, democrática. Costumo dizer que somente um sindicato de professores – o Sindicato dos Professores do Norte – teria a energia, os princípios e a coragem para instigar e apoiar ações pensamentos que visam a romper com as tristes heranças que a colonização de territórios e mentes nos deixou. Há muito que celebrar nesses 25 anos. Que energias sejam sempre renovadas para construir outros muitos anos.

Raquel Goulart. Há 11 anos frequentando este espaço, que ora faz 25, penso nas muitas tentativas de diálogo Brasil-Portugal, com as suas mais diversas questões e especificidades. Não há como dimensionar o que encontrou eco além-mar, mas o movimento tem sido bastante significativo para mim. Por esta razão, espero que as tentativas de aproximação, de semelhanças e diferenças não parem por aqui.

Ricardo Vieira. Escrevo regularmente n’A Página da Educação desde 1997. Há 20 anos, portanto. Textos que vieram a circular em papel de jornal e, mais tarde, em vários livros resultantes do aprofundamento de algumas ideias aqui germinadas. Esta nossa querida revista, que já foi jornal mensal, comemora 25 anos de muita vida, muita discussão, muito debate, muito diálogo inter e intraprofissional bem como intercontinental. A PÁGINA tem constituído, assim, um elo de ligação entre os profissionais da educação, das ciências sociais e humanas, e entre países de língua lusófona, uma vez que escritores e leitores se encontram a partir de todas as margens do Atlântico. Investigadores, educadores, professores e outros profissionais sociais têm aqui feito muita troca de ideias e até ensaio e início de muito texto científico e de livros cujas sementes aqui foram lançadas, também. Por isso tudo, considero a PÁGINA um espaço de diálogo, de liberdade, de democracia e de criatividade. Este jornal, tornado revista, que atravessou águas de bonança, águas agitadas e águas muito viajadas, construiu momentos de glória por parte de uma grande equipa coordenada, primeiro, pelo saudoso professor Paulo Serralheiro e, depois, pela doutora Isabel Baptista, está de parabéns. 25 anos é muito tempo a acreditar, a sonhar, a criar e a realizar cultura. Parabéns a todo o corpo redatorial, a todas e a todos os colaboradores, bem como a todas e a todos os leitores.

Rui Tinoco. Penso que A Página da Educação é hoje um espaço incontornável no que diz respeito à reflexão sobre temas pedagógicos e educativos. E é, antes de mais, uma reflexão globalizante e multidisciplinar. A educação é, de facto, um ótimo lugar para olhar o mundo. A riqueza desta visão é, sem dúvida, indissociável da figura de José Paulo Serralheiro. A sua perspetiva multidisciplinar da educação constituiu-se numa matriz incontornável deste projeto. Foi assim, pela sua mão e pela de Luís Fernandes, que em 2002 me iniciei no género nobre e fascinante do artigo de opinião. Verti para esse formato as minhas preocupações em termos de comportamentos aditivos no grupo de escrita Estados Translúcidos e mais tarde no de Saúde Escolar, que atualmente integro. Tive também oportunidade de testemunhar a passagem do formato jornal para o formato revista. Esta é uma herança querida, que cumpre estimar. Feliz aniversário!





David Rodrigues à PÁGINA 202

"O que nos mostram os estudos transnacionais é que os bons sistemas educativos são aqueles que ao mesmo tempo são capazes de criar a excelência e também a equidade. Qualquer sistema educacional fraco ou insuficiente consegue criar excelência. É muito fácil criar bolsas de excelência. O que é realmente difícil é conseguir equidade, isto é, conseguir que as características e as circunstâncias de cada um dos alunos não originem o tratamento desigual em termos educativos." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 202, série II, inverno 2013]





Manuel Jacinto Sarmento à PÁGINA 201

O que esta ideologia realmente pretende é afunilar as oportunidades escolares através da atualização de vias educativas. Esta é, de facto, a grande questão da reconstrução da Escola segundo o paradigma neoliberal – aqui, com orientações claramente cruzadas com orientações neoconservadoras. Há aqui uma aliança ideológica, digamos assim, que encontra frequentemente os mesmos protagonistas: por um lado, a privatização do serviço de acesso à educação e, por outro, o regresso à Escola das elites do passado e ao fosso dos processos de seletividade escolar.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 201, série II, outono 2013]





António Pinho Vargas à PÁGINA 195

“Não haver um ministério, mas uma Secretaria de Estado da Cultura, é apenas uma desvalorização simbólica. Preocupo-me mais com a forma como se põem a funcionar os equipamentos culturais que pertencem ao Estado e como se considera a atribuição dos subsídios às pequenas instituições e aos grupos das diferentes áreas culturais, como o teatro ou o cinema. Os cortes que agora estão a ser executados vão pôr em causa muito trabalho cultural em todo o país”. [Entrevista conduzida por José Paulo Oliveira - edição nº 195, série II, inverno 2011]





Teresa Maia Mendes à PÁGINA 193

“Eu não abdico de dizer que sou professora. Nunca abdiquei. Quando, em 74, a Segurança Social queria acabar com os professores e pôr todos como técnicos, porque ganhavam mais 100 paus, nós fizemos uma bulha desgraçada e dissemos que éramos professores, tínhamos uma profissão e não abdicávamos dela. Portanto, eu sempre me senti professora, e não admito que alguém diga que, porque se aposentou, deixou de ser professoraMas, neste momento, sinto-me mais sindicalista.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 193, série II, verão 2011]





Regina Leite Garcia à Página 103

Regina Leite Garcia iniciou-se na profissão docente como professora primária, tarefa que desempenhou ao longo de quinze anos. Mais tarde, torna-se pesquisadora e escritora e participa em movimentos sociais como o dos Trabalhadores Sem Terra e outros mais direccionados para as questões da escola e da universidade. Pós-doutorada pela Universidade de Londres, trabalhou no Institute of Education e na Universidade de Wisconsin-Madison. Voltou para o Brasil para cocncorrer a professora titular em alfabetização. [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 103, junho 2001]





ELENA THEODOROPOULOU à página 199

“O que devemos esperar da Educação é que, sendo capaz de alterar os conceitos, os valores, os referenciais, possa representar um papel transformador, um papel inovador nas sociedades. Se há uma crise de sentido, nós não respondemos a essa crise com respostas prefabricadas. Não se está a ousar colocar a questão crucial e não se ousa dizer que não se tem a resposta. Nós perdemos a nossa juventude, porque todas as respostas estavam já respondidas; mas, no meu ponto de vista, o défice não está tanto nas respostas, mas nas questões.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº199, série II, inverno 2012]





JAIME CARVALHO E SILVA à página 192

"Os tempos que correm não são fáceis, mas noutras épocas também já houve problemas graves e as pessoas conseguiram ultrapassá-los. Sozinhos pouco conseguiremos fazer. Trabalhando uns com os outros, nas escolas, nas associações (como a Associação de Professores de Matemática ou a Sociedade Portuguesa de Matemática) poderemos fazer muita coisa. O ensino da Matemática é essencial na sociedade actual, pelo que os conhecimentos que os jovens possam adquirir são essenciais a uma vida de cidadão mais completa e mais proveitosa. Os professores de Matemática precisam de estar conscientes do importantíssimo papel que desempenham na formação dos jovens." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 192, série II, primavera 2011]






ARIANA COSME à página 190

“Quando falo do professor como interlocutor qualificado, falo de um professor que é capaz de se ler enquanto profissional a partir da prática que desenha na sua sala. Professor qualificado é o que se organiza para responder à questão o que é que eu espero dos meus alunos?. Que antes de dizer o que vai fazer, é capaz de pensar o que espera dos alunos, o que é suposto eles aprenderem com ele, o que é suposto fazer com eles durante o mês seguinte ou a próxima hora. Quando consegue pensar desta maneira a sua relação com os alunos, o professor está disponível para pensar novas formas de se adaptar à comunicação, à rede de trabalho, a propostas de trabalho… Há professores que não abdicam de trabalhar assim. É difícil? É, mas é possível.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 190, série II, outono 2010]





Domingos Fernandes à PÁGINA 194

“Eu penso – e sei que este pensamento não é propriamente o mais comum – que este é um momento de grande oportunidade para o sistema educativo português. Mas, naturalmente, é um momento de oportunidade se nós tivermos um pensamento sobre a Escola, um pensamento sobre a Educação, um pensamento sobre o sistema educativo e como é que o podemos e devemos desenvolver, identificando clara e inequivocamente as áreas, os domínios, em que é fundamental investir nos próximos anos. Penso que não será a troika, ou outra estrutura supra-nacional qualquer, que nos pode impedir de desenvolver determinadas políticas. É evidente que não ignoro que há constrangimentos financeiros, que todos conhecemos e que podem não nos permitir desenvolver as coisas de uma determinada maneira. Por isso, temos que ser inteligentes e criativos, e ter as pessoas mobilizadas”. [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 194, série II, outono 2011]





Isabel Pires de Lima à Página 194

“Se, ao nível do ensino, não cruzarmos o incentivo ao desenvolvimento do pensamento cognitivo com o incentivo ao desenvolvimento do pensamento emocional (designadamente, através das artes e das manifestações de Cultura no sentido variado do termo), provavelmente não conseguimos ter sucesso ao nível da Educação de cidadãos capazes de reconhecerem, por exemplo, aquilo que são as narrativas éticas que ainda orientam as nossas comunidades. Estamos permanentemente a dizer que se perderam valores, que os jovens não reconhecem os valores que organizam a comunidade – ora, o reconhecimento desses valores faz-se muito através de um desenvolvimento equilibrado entre pensamento emocional e cognitivo”. [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 194, série II, outono 2011]





MIGUEL SANTOS GUERRA à PÁGINA 192

Com paixão. É assim que Miguel Ángel Santos Guerra vê a profissão docente. E o colaborador da PÁGINA sabe do que fala. Leonês de nascimento emalagueño por adopção, tem um currículo invejável: leccionou em todos os níveis de ensino e dirigiu escolas; diplomado em Psicologia e em Cinematografia, doutorado em Ciências da Educação, é catedrático de Didáctica e Organização Escolar na Universidade de Málaga e dirige o Grupo de Investigação HUM 0365, da Junta da Andaluzia. Pedagogo reconhecido internacionalmente, colabora com diversas publicações e editoras, em Espanha e no exterior, e tem publicados inúmeros artigos e diversas obras de referência sobre organização escolar, avaliação educativa e formação de professores. Mantém um blogue (http://blogs.opinionmalaga.com/eladarve) onde vai tecendo considerações e partilhando experiências. [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 192, série II, primavera 2011]





JOSÉ HERNÁNDEZ DÍAZ à PÁGINA 191

El acceso a los bienes de la Educación y de la escuela obligatoria de millones de ciudadanos ha generado nuevos problemas de orden cuantitativo, y sobre todo cualitativo. Ello obliga a un tratamento científico de las nuevas circunstancias, com criterios de firme racionalidad. No es suficiente lo que entonces se conocía como la vocación pedagógica, la pedagogía del amor, de la paciencia, aunque todas estas formas de educar sean instrumentos imprescindibles en un proceso educativo. Hay que saber añadir el valor especial que representa la actuación pedagógica planteada con la necesaria racionalidad, formación, espíritu científico, crítico en definitiva. [Entrevista conduzida por José Paulo Oliveira - edição nº 191, série II, inverno 2010]





Florival Lança à PÁGINA online

"O Mato Mata” é um romance de Florival Lança que, recorrendo à sua experiência no teatro de operações, traça o retrato do que foi a guerra colonial portuguesa e das suas consequências reais. São várias as personagens que vivem nesta história, engalanada pelos cenários da magia africana e do feitiço angolano, palcos de momentos de miséria, de dramas intrínsecos ao conflito e dos traumas que roubam horas de sono, mas também de momentos de riqueza humana e de amizade sem limites. [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição online]





Manuela Esteves À PÁGINA 187

"O trabalho dos professores deveria contemplar a realização de trabalhos de natureza investigativa, colaborativa – porque estes trabalhos ganham sentido quando são feitos por grupos de professores, e não individualmente, sendo muito difícil nestes casos manter o estímulo e o incentivo para continuar. Nas escolas deveriam existir grupos de trabalho, comunidades de professores interessados em resolver o mesmo tipo de problemas: a indisciplina, a dificuldade de aprendizagem, entre outros..." [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 187, série II, inverno 2009]





ABEL MACEDO À PÁGINA 187

A memória social e profissional dos professores é um tema geralmente pouco tratado, mas fundamental para compreender a história da profissão e para a afirmação da identidade docente. E foi o ponto de partida para uma entrevista com Abel Macedo. Ao longo da conversa, oportunidade para abordar, também, as recentes movimentações dos educadores e professores portugueses em defesa da sua dignidade profissional e para questionar o papel dos sindicatos na sua afirmação perante a opinião pública. Abel Macedo é co-coordenador do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) – a cuja comissão instaladora pertenceu, em 1982 – e membro da direcção desde 1985. Integra o Conselho Nacional e o Secretariado Nacional da Fenprof e, em representação desta, é coordenador da CPLP-Sindical da Educação. [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 187, série II, inverno 2009]





MANUEL ANTÓNIO SILVA à PÁGINA online

"Hoje, pelo menos do ponto de vista académico, não existe nenhuma razão para que haja diferentes tipos de identidade [docente]: hoje, todos os professores têm obrigatoriamente um mestrado, e desde ‘98 todos tinham obrigatoriamente uma licenciatura. Mas persiste outro aspeto, que é o caráter mais ou menos complexo da atividade docente – os do Ensino Secundário acham que o seu trabalho é mais complexo do que o do 1º Ciclo, e vice-versa. Esta competição existe, é real." [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição online]





Olga Pombo à Página 195

“Apesar de tudo, ao professor é dado um espaço próprio, que é a aula. E embora as pedagogias tendam a diminuir a sua importância, eu acho que o espaço da aula é uma clareira. É um lugar muito importante e muito bonito. Fechar a porta de uma sala e ter lá dentro 20 ou 30 crianças e um professor mais velho é um fenómeno muito estranho, em que muito pouca gente pensa. E quando o professor fecha a porta da sala e diz “agora vamos começar a nossa aula”, há aqui uma espécie de oportunidade.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 195, série II, inverno 2011]





Viriato Soromenho-Marques à página 197

“Os únicos ‘milagres’ são políticos, mas não acontecem por acaso. Eu acredito que a política transforma em visível a força de vontade que emana do coração das pessoas. Ou seja, a política deve ser a visibilização da ética, da boa vontade, da vontade moral. Porque só ética retórica não chega a parte nenhuma. Aquilo que faz a transição de uma ética, de uma vontade forte, para as instituições políticas, para as boas leis, é cada um de nós perceber que chegámos a um ponto em que temos de entrar diretamente na ação; não podemos pagar a alguém para fazer isso por nós, temos de meter as mãos no barro, porque há gente que as vai sujar na lama.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 197, série II, verão 2012]





Carlos Ferreira à PÁGINA online

Carlos Ferreira é o organizador de «40 Vidas por Abril», que reúne testemunhos que retratam a vida antes do 25 de Abril de 1974. À PÁGINA, "Gostava muito que este livro chegasse às escolas, porque a juventude sabe pouco deste período negro, tão nefasto, tão sombrio e que fez mal a tanta gente". [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição online]





Carlinda Leite à Página 199

“Não podemos ignorar que existe um desentusiasmo dos professores, só não vê quem não quiser. E não porque os professores não gostem da sua profissão – estou em crer que é precisamente porque gostam e lhes desagrada a mudança contínua. Um exemplo concreto: a legislação sobre a organização curricular determinava que as escolas e os professores tinham de conceber projetos em função das competências. Vem uma medida e já não são só as competências; são as metas, e algumas escolas começaram a reorganizar os planos curriculares em função das metas. Vem outra medida e as metas estão acabadas; aquele trabalho fica anulado. E agora já são outras metas e nem sequer se pode falar em competências...” [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 199, série II, inverno 2012]





Sérgio Niza à Página 198

“O Ministério da Educação e Ciência é de uma ignorância que faz medo: os avanços e recuos, o desnorte na organização das escolas, nos concursos, nas metas ideologicamente hipermarcadas… E de um revivalismo inquietante – quando nos Estados Unidos se utilizam standards, aqui estabelecem-se metas por objetivos, com taxonomias inspiradas nas de [Benjamin] Bloom, da pedagogia por objetivos, de má memória… Dizem que os professores têm liberdade metodológica, mas contam com os diretores dos agrupamentos disponíveis para uniformizarem o que os professores hão de fazer… Enquanto tivermos uma fresta para respirar liberdade, temos de usá-la na escola. E temos de ousar fazer diferente. Porque o que temos vindo a fazer é muito parecido com o que Nuno Crato quer que se faça agora – podem os professores não gostar, mas é absolutamente verdade.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 198, série II, outono 2012]





António Nóvoa à página 187

"Não nascemos professores. Tornamo-nos professores através de um processo de formação e de aprendizagem da profissão. Há dois momentos fundamentais que têm sido ignorados ao longo das últimas décadas, o que revela bem a confusão que hoje existe nas políticas e nos programas de formação de professores. O primeiro corresponde à entrada num curso que habilita para a docência. O actual processo, burocrático e administrativo, não faz qualquer sentido. É urgente introduzir um recrutamento mais individualizado, que permita perceber as inclinações e as disposições de cada um para o ensino. E é preciso criar as condições para que os melhores alunos do ensino secundário escolham a profissão docente. Ser professor não pode ser uma segunda escolha.  O outro momento é a transição de aluno-mestre (de aluno que aprende para ser mestre) para professor principiante. Os primeiros anos de exercício docente são absolutamente decisivos." [António Nóvoa respondeu por escrito às perguntas da PÁGINA - edição nº 187, série II, inverno 2009]





Paulo Santiago à Página 198

“A afirmação da liderança pedagógica das escolas é uma reforma com bastante impacto noutros países, mas que em Portugal, apesar do progresso que já se fez, ainda está pouco desenvolvida. O que constatámos é que há pouca autonomia e que as lideranças tendem a acentuar a componente administrativa. Defendemos que são necessários líderes pedagógicos e maior autonomia para essa liderança, porque nas escolas tem de haver capacidade para liderar um projeto pedagógico, para conduzir uma equipa, para fazer feedback da melhoria das práticas, etc.” [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 198, série II, outono 2012]





ADALBERTO DIAS DE CARVALHO à PÁGINA 193

Um dos mais antigos colaboradores da Página e autor de vária obra nos domínios da educação e do trabalho social, Adalberto Dias de Carvalho é doutor em Filosofia da educação, catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, professor convidado da Universidade de rouen (França), presidente da Sociedade de Filosofia de educação de Língua Portuguesa e coordenador do observatório da Solidão, que funciona no âmbito do Centro de Investigação Interdisciplinar e de Intervenção Comunitária, do Instituto Superior de Ciências empresariais e do Turismo (ISCeT), no Porto. A ideia de estudar a solidão surge da confluência de duas áreas de interesse para Adalberto Dias de Carvalho: a exclusão e a intimidade, que têm em comum o fenómeno da solidão. e o que é a solidão, afinal? [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 193, série II, verão 2011]





Angelina Carvalho à PÁGINA 131

“Gostaria de relembrar aos fazedores de opinião que devem ser mais sérios nas acusações que dirigem e nas afirmações que deixam passar para a opinião pública. Aos professores, sobretudo os mais jovens, que, tendo consciência da condição precária que é, neste momento, o próprio acto de estar numa escola, tentassem perceber que quando se sugere uma atitude de reformação e de reflexão dos contextos pedagógicos seria importante que eles próprios assumissem essa postura (...). De facto, a escola atravessa um momento difícil, mas não é regressando à escola do tempo dos nossos pais que se resolve o problema, porque essa escola já não existe e essa sociedade também não. É preciso encontrar soluções novas para novos problemas.” [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 131, série II, fevereiro 2014]





MIA COUTO À PÁGINA 202

“A vida, ou melhor, as vidas que disputam uma única criatura. É isso que me inspira: a infinita briga entre sermos um só e sermos plurais e cheios de potencialidades para a alteridade. Esse conflito está presente em cada pessoa, seja ela escritora ou não. Se quisermos, se tirarmos prazer disso, somos todos capazes de surpreender essa multiplicidade de histórias que há em cada um de nós. O importante não é tanto escrever, mas criar histórias. Essa capacidade faz-nos mais humanos, mais felizes, mais coletivos.”  [Mia Couto respondeu por escrito a questões colocadas por Maria João Leite - edição nº 202, série II, inverno 2013] 





Rogério Fernandes à PÁGINA 188

“O nacionalismo no período republicano tem uma característica diferente da que veio a ter com o fascismo: a ideia de que a universidade e a escola, em geral, devem colocar-se ao serviço dos grandes problemas nacionais e tomar essas questões como eixo da actividade de investigação e de ensino, isto é, de que se deve pesquisar e ensinar em ordem a achar resposta para os problemas do país. É sobretudo o republicanismo positivista que inspira esta concepção. Mas a questão da educação popular ultrapassa o republicanismo. Fora do ensino oficial, por exemplo, aparecem as universidades livres e populares, muitas vezes de teor anarquista”. [Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa - edição nº 188, série II, primavera 2010]





Valter Hugo Mãe à página 197

“As mães são indivíduos capazes de um afeto mais incondicional e acho que a maternidade é a experiência mais absoluta da humanidade. Por isso acho que as mães são o ser humano escolhido; os pais, ou os homens, são a parte desfavorecida da humanidade, porque temos direito a uma experiência humana muito menos intensa, muito menos absoluta. A palavra Mãe no nome de um homem significa que um ser humano perfeito teria de ser completo ao ponto de englobar tudo, e isso é uma utopia.”  [Entrevista conduzida por Maria João Leite - edição nº 197, série II, verão 2012]

 





FÁTIMA VIEIRA à PÁGINA 200

“A utopia é sempre rutura com o presente. Nós costumamos falar em discurso ideológico, que é o discurso dominante, e discurso subversivo, que é o discurso utópico. A utopia tenta sempre transformar e, ao transformar, tenta sempre romper com o presente. E é importante que se mantenha sempre esta ideia de rutura com o presente, porque a partir do momento em que a utopia se transforma em ideologia, deixa de ser utópica. Daí o interesse, até, em que as utopias não sejam verdadeiramente concretizadas, na medida em que sejam constantemente reformuladas. Porque a partir do momento em que a utopia é realizada, torna-se estática. E a utopia é exatamente ao contrário.” [Entrevista conduzida por António Baldaia - edição nº 200, série II, primavera 2013]





Nuno Higino à Página online

“O Animal Eólico do Corpo”, o último livro de poesia de Nuno Higino, lançado em 2008, foi um dos escolhidos para inaugurar a coleção Laberinto de Saudade, da Editorial Amargord (Madrid). Um reconhecimento que foi um “perfeito acaso”. Natural de Felgueiras, Higino foi professor de Português e, durante anos, pároco em Marco de Canaveses. Entretanto, deixou a vida religiosa e voltou a ser professor. O ideal seria viver da poesia, mas é difícil. “Somos um país que tem muitos poetas e poucos leitores de poesia”.  [Entrevista de Maria João Leite - edição online]


  
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