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Chip Contra Papel

A escola electrónica, onde o quadro negro, o giz, o manual e até a caneta vão ser substituidos pelo terminal de computador, está a fazer bulir oas editoras de manuais escolares, tantas vezes acusados de imobilismo.
Em França, o volume de negócios do sector atingiu, em 1999, os 50 milhões de contos em cerca de 34 milhões de livros vendidos, o que significa mais de 11% do movimento no sector da edição de livros. Para este, a chegada da Internet à escola é preocupante, mesmo quando se afirma que é ilusório acreditar no fim das publicações em papel.
Ameaçados pela bixa na venda dos manuais, muitas vezes substituidos por fotocópias distribuidas aos alunos e pela multiplicação de conteúdos pedagógicos disponíveis na Net, as editoras escolares publicaram, este ano, um pequeno livro, denominado "O manual escolar e os alunos", que equaciona o papel do velho manual escolar, em suporte de papel, na hora da entrada da Internet na escola.
"Será que o manual escolar em suporte de papel vai ser substituido pela manual electrónico? Será que as editoras escolares vão desaparecer? Não. Isso não vai acontecer, mas este negócio vai modificar-se. Quanto mais fontes documentais estiverem disponíveis, mais haverá necessidade de estar organizados e actualizados", lembrou Arnaud Langlois Meurinne, director-geral da Havas Education et Référence, um dos pesos pesados do sector em França.

Iniciativas e experiências

"Enquanto não houver um computador para cada aluno, o livro em papel continuará a ter futuro", garante Marie Gaillard, directora para as novas tecnologias na Hachette Livre. Em França, o plano de ligação das escolas à Internet deverá ficar concluído em 2001, mas isto é ainda muito diferente do que a Alemanha anuncia, ao garantir que em 2006 cada um dos 10 milhões de alunos alemães possuirão um computador portátil.
Entretanto, para mostrar que estão preparadas para se adaptar às edições electrónicas (que representam um máximo de 2% dos respectivos volumes de negócios) a maior parte das editoras anunciaram, no Verão e já em vésperas da "rentrée", iniciativas no domínio das novas tecnologias.
Pastas electrónicas, com programas de algumas disciplinas do terceiro ciclo, manuais acompanhados de CDs-rom com textos, fotos, videos, mapas e dicionários incorporados, são algumas das inovações das editoras, desejosas de não perderem o comboio do progresso.
Editoras que estão em guerra aberta contra as novas tecnologias mas também contra a fotocópia que já não é, propriamente, uma nova tecnologia, mas que "rouba" muito ao mercado livreiro.
De todas as fotocópias, 85% são provenientes de manuais escolares garante Christian Travers, director das edições Hachette Educação, adiantando, a título de exemplo, que as câmaras municipais francesas gastavam, há dez, o equivalente 2 contos por aluno/ano, no apoio à compra de livros, gastando agora apenas 1.500$00 nos livros e mais 600$00 em papel de fotocópias.
Números que dão para pensar, como os que registam, ainda para a realidade francesa, que cada aluno do 1º ciclo recebe uma média de 280 fotocópias por ano. E por cá? A fotocópia é usada e abusada em nome das dificuldades económicas ou em nome da ilusão de que se ganha em autonomia se se substitui um manual por um conjunto de folhas de papel A4?


  
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Edição:

N.º 94
Ano 9, Setembro 2000

Autoria:

Redacção

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