Após cerca de 10 anos de silêncio discográfico e de ausência do palco, durante os quais procedeu a uma espécie de desintoxicação e de reinvenção de si próprio, Patxi Andión regressou aos escaparates das discotecas, em Março do ano passado, com um CD ? «Nunca, Nadie» ? em que reinterpreta alguns dos seus maiores êxitos. Agora, um ano passado, o autor de "Amor Primero" prepara também o regresso aos concertos. Para já, no dia 23 de Março (22 horas), actua no Coliseu do Porto, num espectáculo integrado no V Congresso do Sindicato dos Professores do Norte e que antecipa o início de uma digressão prevista para Abril/Maio. Oportunidade única para confirmar, ao vivo, aquilo que «Nunca, Nadie» deixa adivinhar: por um lado, que Patxi Andión permanece um trovador de reconhecida competência, mas também um excelente escritor/compositor de canções (pelo menos a avaliar por dois inéditos incluídos no CD); por outro lado, que há canções com a sua assinatura que atingiram a imortalidade ("Aqui", "Padre", "Veinte Aniversário", ...), ainda que as tenha (tra)vestido com novas roupagens poéticas e sonoras. Autor-intérprete, actor, poeta, novelista e professor de Comunicação Audiovisual (Universidade Complutense de Madrid), Patxi Andión reconhece que a ?travessia do deserto? a que se obrigou não foi isenta de dificuldades: "Cheguei a um ponto em que já não tinha uma perspectiva própria da vida; via-a como os outros esperavam que eu a visse e acabei por fazer o que os outros esperavam de mim" [«El Mundo», 25/03/99]. Alcançado o propósito de se reencontrar musicalmente consigo próprio, «Nunca, Nadie» surge, então, como "um projecto sonoro mais autêntico, sincero e real; definitivamente, é um disco muito natural, simples e objectivo" ? "as canções são parecidas e sou eu quem as canta, mas o ponto de vista e o sentimento são diferentes", reconhece Patxi Andión, que parece continuar apostado em fórmulas interventivas: "Este trabalho está cheio de dúvidas e propostas e é muito voltado para o futuro. Creio que ajuda a pensar". A não perder, pois, o regresso de um velho ?lobo? da canção europeia. Ainda e sempre solitário, e à margem das conveniências momentâneas: "Eu não me considero um elemento integrante do sistema de cantautores, nem um homem de grupo. Com certa gente que agora está aí, não tenho nada que ver". António Baldaia
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