Vivendo entre multidões, sendo um ser social por natureza, a pessoa sente-se cada vez mais isolada, por causa das preocupações que a atormentam e dos desejos que sente incapaz de satisfazer, desejos esses, cada vez mais "unidimensionalizados" por factores de mera ordem material. A cidade, as Nações no seu conjunto, parecem cada vez mais voltadas para o incremento da produção, amarrando o homem ao seu trabalho e destruindo progressivamente as próprias relações familiares, não permitindo a realização plena da personalidade - que em muito ultrapassa as necessidades de ordem material. A civilização tecnológica pode, em muitos aspectos, empobrecer a comunicação interpessoal, automatizando, simplificando e acelerando os ritmos de vida, mutilando o espaço ao trabalho criador. A desumanização consiste em equiparar o valor da Pessoa à quantidade da sua produção ; a impessoalidade impera nas relações familiares, escolares, hospitalares, comerciais e entre os Países - reflectindo-se esta falta de comunicação na Guerra - acto complexo de impessoalidade, desumanidade e de falta de diálogo, levado às últimas consequências.O processo de usar e ser usado condiciona respostas de tipo manipulativo em que passa a contar quase exclusivamente a vontade de sobreviver.A carência de amor - por si mesmo e pelos outros - gerou as maiores aberrações comportamentais. Este texto (que reescrevo) refere a comunicação entre os homens, a manipulação e a falta dessa mesma comunicação. Aqueles que não falam nem querem falar não são professores. Esses são obrigados a falar, a "dizer algo" aos outros. Historicamente muitos dirigentes políticos intitularam-se "Educadores" ou "Condutores". Não o eram. Os verdadeiros educadores não se auto-intitulam tal coisa, assim como os homens superiores pensam que não existem "homens superiores". Estamos sempre a aprender. É algo que os dirigentes não admitem fazer. Se calhar e´ porque não o fazem mesmo... Este texto não pretende traduzir nenhuma forma de paternalismo ou de arrogância. É um texto de quem nasceu em África e vive e conhece a Europa. É um texto de um professor que não quer dar lições, apenas reflectir sobre os absurdos planetários e fazer pensar os interessados em todos aqueles que "sabendo tudo" querem impor a sua verdade definitiva de maneira definitiva, com o "argumento" das bombas. Carlos Alberto Mota UTAD/ Vila Real
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