nº 195/sumário
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Editorial
Queremos uma Página que cruze a racionalidade da ciência com o saber e a emoção da poesia. (…) Uma Página que contribua para defender o prazer do trabalho sem nos fazer esquecer que a vida tem outros prazeres. Uma Página sempre aberta, que contribua para nos inquietar e libertar do fatalismo e do pessimismo e nos ajude, pelo menos de vez em quando, a dizer como disse o poeta “eu não vou para aí”.
Isabel Baptista
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O espólio intitulado Colecção de Documentos das Artes Cénicas (CDAC) foi, em grande parte, reunido por José Vitorino Ribeiro (1857-1940). Natural do Porto, nasceu no seio de uma família ligada às artes e à cultura. Teve dois irmãos: Joaquim V. R. (1849-1928), conservador, professor, coleccionador e pintor, autor do quadro Mártir Cristão, hoje integrado na colecção do Museu Nacional Soares do Reis; e Pedro V. R. (1882-1944), médico, radiologista, historiador, arqueólogo, etnógrafo e crítico de arte, um dos primeiros portugueses a utilizar a radiografia de obras de arte como processo de validação de autenticidade. José Vitorino Ribeiro radicou-se em Lisboa, onde exerceu as actividades de ‘revisor de primeira’ na Imprensa Nacional e tipógrafo.
Raquel Patriarca
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A estreia do filme foi numa tenda montada no recreio da escola. Em vez de passadeira vermelha, havia pó e cadeiras de plástico, mas o público era muito entusiasta – para as crianças de Kisames (nas montanhas de Ngong, uma hora ao sul de Nairobi, capital do Quénia) era a primeira sessão de cinema. “Quem é que já viu um filme?”, perguntou Justin Chadwick, o realizador. Nem uma mão se levantou. No entanto, os alunos da escola primária de Oloserian já tinham tido o papel principal frente a uma câmara.
Paulo Teixeira de Sousa
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Crianças da Educação Infantil fotografam a escola. A brincadeira ajudou a pesquisadora a compreender melhor as percepções infantis sobre o espaço e o tempo escolar. Além disso, despertou a reflexão sobre a importância de buscar novos olhares.
Cristiana Callai de Souza
Publicação ao abrigo do protocolo de colaboração e permuta estabelecido entre a PÁGINA e a revista brasileira Presença Pedagógica
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Olga Pombo
“Apesar de tudo, ao professor é dado um espaço próprio, que é a aula. E embora as pedagogias tendam a diminuir a sua importância, eu acho que o espaço da aula é uma clareira. É um lugar muito importante e muito bonito. Fechar a porta de uma sala e ter lá dentro 20 ou 30 crianças e um professor mais velho é um fenómeno muito estranho, em que muito pouca gente pensa. E quando o professor fecha a porta da sala e diz “agora vamos começar a nossa aula”, há aqui uma espécie de oportunidade. (...) Portanto, eu sou completamente contrária à ideia de abrir a escola ao meio e toda essa conversa fiada que, em última analise, só serve para desmantelar esse lugar mágico que a sala de aula”.
Entrevista conduzida por António Baldaia
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Ninguém quer saber, mas quando aparece na televisão já toda a gente tem opiniões para dar... É como lhe digo, esta miúda sempre nos deu imensos problemas. Está aqui desde o 5º ano. Era agressiva, violenta com professores e até com os funcionários, e com uma linguagem que era inadmissível. E depois que se juntou àquele grupo do Ramiro ficou ainda pior. Mas esta agressão ultrapassou tudo o que poderíamos imaginar, sobretudo a crueldade com que foi exposta. Não, não sei o que se lhe poderá fazer…
Angelina Carvalho
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Há, dentro de cada um de nós, Sapiens e Demens, que o mesmo é dizer: ora nos revelamos como pessoas de sabedoria admirável, ora manifestamos uma insensatez inesperada.
Manuel Sérgio
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Diz-se muito, mas não há quem abra a boca para explicar detalhes do assalto que foi infligido aos cidadãos de bem, por uma via ou por outra. Ignorância, medo e pobreza não são sinónimos de estupidez; são o alimento de algo que não augura nada de bom: o desespero.
Luís Vendeirinho
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Não seria despiciendo que o ministro da educação começasse por mandar afixar o Hino completo em todas as escolas, confiando aos professores a modernização da semântica para nomearem quais são as “armas” e os “canhões” de hoje.
Leonel Cosme
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“Não haver um ministério, mas uma Secretaria de Estado da Cultura, é apenas uma desvalorização simbólica. Preocupo-me mais com a forma como se põem a funcionar os equipamentos culturais que pertencem ao Estado e como se considera a atribuição dos subsídios às pequenas instituições e aos grupos das diferentes áreas culturais, como o teatro ou o cinema. Os cortes que agora estão a ser executados vão pôr em causa muito trabalho cultural em todo o país”.
“Não haver um ministério,
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culturais, como o teatro ou o cinema. Os
cortes que agora estão a ser executados
vão pôr em causa muito trabalho cultural
em todo o país“Não haver um ministério, mas uma Secretaria de Estado da Cultura, é apenas uma desvalorização simbólica. Preocupo-me mais com a forma como se põem a funcionar os equipamentos culturais que pertencem ao Estado e como se considera a atribuição dos subsídios às pequenas instituições e aos grupos das diferentes áreas culturais, como o teatro ou o cinema. Os cortes que agora estão a ser executados vão pôr em causa muito trabalho cultural em todo o país”.
Entrevista conduzida por José Paulo Oliveira
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Os filmes destinados às crianças tornam-se um bom pretexto para vender uma infinidade de produtos derivados, para além de tenderem a uniformizar pelo gosto crianças de todo o mundo.
José Miguel Lopes
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Os resultados alcançados pela Cosmologia nas décadas recentes, conduzindo à descoberta, por inferência, de “matéria escura” e de “energia escura”, são paradoxais. Depois dos passos gigantescos dados no século passado, a Cosmologia questiona agora os fundamentos da Física.
Rui Namorado Rosa
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Os antioxidantes bloqueiam o efeito nocivo dos radicais livres no organismo. O seu consumo por meio dos alimentos é a opção mais segura, uma vez que a ingestão de suplementos não é suficientemente conhecida. A dieta mediterrânea pode suprir todas as necessidades.
Departamento de Conteúdos Científicos do Visionarium
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A tecnologia influencia a nossa forma de pensar e de agir, a própria perceção do tempo e dos espaços. Isso aconteceu com a introdução dos comboios e a popularização do automóvel, por exemplo. A construção de uma rede de autoestradas possibilitou um estilo de vida e opções profissionais impensáveis para gerações anteriores. Cada vez mais as pessoas vivem num local e trabalham noutro bastante distante. Noutras situações, é a própria profissão que exige essa mobilidade.
Rui Tinoco
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O Programa Nacional de Saúde Escolar preconiza o trabalho com os estabelecimentos de oferta alimentar existentes no envolvimento das escolas. Nesta vertente comunitária, os trabalhos desenvolvidos por alunos, docentes e funcionários fora do âmbito curricular, bem como pelos encarregados de educação, constituem uma riqueza sinérgica para os diferentes determinantes de saúde. Concentrando-nos na alimentação saudável, como pode esta dimensão ser trabalhada a pensar no Natal? Por que não é tradicionalmente trabalhada nas escolas?
Débora Cláudio
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A questão parece simples. Há vários tipos de definições de educação. A mais simples é dizer que educação vem do latim: educare; desenvolver as faculdades físicas, intelectuais e morais; instruir; doutrinar; domesticar.
Raúl Iturra
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A criança brinca para pensar o mundo. E brinca com objetos, com a língua, brinca nas práticas, no diálogo consigo mesma e com os outros. Brincando como atividade estética exotópica, a criança insere-se no mundo e o compreende.
Marisol Barenco de Mello
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As escolas e seus praticantes criam possibilidades de ações pedagógicas para outras compreensões do mundo e do que devem “aprenderensinar” os que estão entre seus muros.
Nilda Alves Nivea Andrade
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Quem aprende uma nova língua adquire uma alma nova (Juan Ramón Jiménez) God Jul och Gott Nytt År! (Bom Natal e Feliz Ano Novo, em sueco)
Betina Astride
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A Escola não pode ser tão rápida quanto as redes sociais: nela não cabe passar adiante, comentar ligeiramente ou “curtir”, como no Facebook; ela não cabe nos 140 caracteres do Twitter. A Escola tem que dar conta de “tudo” no seu tempo – o da análise, não passível de compressão.
Raquel Goulart Barreto
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Fará sentido aproveitar para partilhar o que tem sido a experiência quotidiana de cada um com os media: como os vê e o que faz com eles; que horizontes lhes abrem ou fecham; como municiam ou minam o exercício da cidadania; que competências e conhecimentos temos ou nos faltam para um papel mais activo na sociedade; que oportunidades e riscos comportam os novos media e as redes sociais…
Manuel Pinto
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Os zabumbas descem a Avenida / Entram na Praça da República / Atroando os ares com a batida / Das tensas peles dos bombos.
Salvato Teles de Menezes
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As bicicletas são um bom exemplo para estimular o debate sobre a sustentabilidade ambiental e a equidade num mundo marcado por profundas desigualdades. Com as contingências da crise que atravessamos, talvez os parques de estacionamento passem a ter mais bicicletas e menos carros.
Filipe Reis
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Um rastilho incendiário espalha-se pelas praças, pelas ruas, pelos bairros, reclamando o espaço público. “Tomar a rua” tornou-se um movimento performativo de intensidade nova, num plano que se refina em escalas globais, nacionais e locais, usando meios de comunicação e tecnologias de “agit-prop” da era digital.
Paulo Raposo
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A classe média divide-se entre aqueles cujo poder de compra lhes permite permanecer no mercado e aqueles que a crise deixou sem capacidade de escolha e que devem ser incluídos entre os eternos consumidores de serviços públicos.
Xavier Bonal
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Onze anos após o fim da guerra civil na Serra Leoa, o país é visto como um caso bem sucedido das Nações Unidas e da intervenção internacional: realizaram-se duas eleições nacionais pacíficas e os rebeldes da Frente Revolucionária Unida (FRU) foram desmobilizados.
Mario Novelli
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A União Europeia, com cerca de 450 milhões de habitantes, produzindo de tudo, não pode viver do que tem? A que propósito vamos pedir dinheiro à China, onde os operários trabalham por 0,8 euros/dia e 800 milhões de pessoas vegetam na total miséria?
Carlos Mota
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A PÁGINA foi ouvir professores aposentados para quem esse estatuto não significa estar parado. Queríamos saber o que sentiram na passagem à reforma, o que andam a fazer, como vêem a escola desde fora. Vá lá saber-se porquê, depois de aceitarem o convite, dois deles indisponibilizaram-se para falar. Quatro partilham com os leitores as suas experiências. Há quem tenha algum tipo de saudade, e mantenha rotinas como continuar a ir comprar o pão à padaria ao pé da escola... Quem tenha sentido alívio quando a aposentação chegou, sobretudo pelo mal-estar que havia na profissão, de que a ministra e o primeiro-ministro de então eram Professores os principais “culpados”... Quem ainda se emocione quando fala da passagem à reforma e confesse que os primeiros dias foram complicados... Quem se tenha deixado ficar mais por casa e tenha começado a sentir um certo vazio...
Entrevistas conduzidas por Francisco David Ferreira
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António Fonseca
“Se dizem que a idade da reforma deve aumentar para os 67 ou até para os 70 anos, eu posso achar muito bem, mas levanta-se logo uma série de questões. Pegando no exemplo da educação: podemos perguntar a quem toma as decisões se, podendo escolher uma professora para o filho, escolheria uma com 30 anos ou uma com 67? Provavelmente vão escolher uma com 30, porque vão ter medo que a mais idosa ouça mal, tenha dificuldades, não controle a sala de aula… Este exemplo muito simples ajuda a perspectivar as coisas – aumenta-se a idade da reforma, mas quais são as consequências que isso pode trazer? Porque não nos podemos esquecer que há profissões de grande desgaste, que não conseguimos exercer da mesma forma aos 30 anos e aos 67. Por uma razão biológica, logicamente”.
Entrevista conduzida por Francisco David Ferreira
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Ninguém aprende no vazio. As pessoas aprendem comparando o que já sabem com a novidade. Portanto, a aprendizagem ocorre sempre em resultado de uma mediação relativamente ao seu modo de ver, aos seus conhecimentos, à sua leitura do mundo.
Ana Vieira
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La crítica ha de ser substituida por el criterio, porque sólo eso puede permitirnos discriminar cuando hay que ser críticos y cuando no. En consecuencia, no se trata tanto de ser críticos como de tener criterio ni tampoco de educar para la crítica cuanto de educar para ser capaces de formarnos nuestros propios criterios.
Xavier Úcar
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“A Estrada” – filme de John Hillcoat (2009) baseado na obra de Cormac McCharty com o mesmo nome (2006) – mostra-nos um mundo novo, terrível, violento, desumano, ao mesmo tempo que faz reflectir sobre privilégios de que dispomos, que damos por garantidos, mas a que muitos não têm acesso. As crianças maltratadas encontram-se nesse grupo desprotegido. Este texto procura estabelecer uma relação entre o filme e o acolhimento familiar, enquanto conceito e medida de colocação.
Paulo Delgado
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Os países onde se verifica a maior excelência académica são aqueles em que existe maior equidade, em que a origem social dos alunos é menos preditiva do sucesso académico. Equidade e excelência são indissociáveis da qualidade em Educação e é desta forma que se comportam os sistemas educativos mais avançados.
David Rodrigues
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A propósito de uma avaliação que estará a ser feita e que ninguém sabe quando estará terminada, estão a ser impedidos o funcionamento de muitos CNO, a continuidade de diversos projectos e a abertura de novos cursos EFA, configurando um novo e profundo retrocesso na educação de adultos que urge travar.
Teresa Medina
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Presumir que um saber se esvazia de sentido escolar porque os jovens já dominam a sua apreensão utilitária e instrumental revela uma concepção das prioridades na Escola, mas, igualmente, uma falta de vontade de aprofundar o que está em jogo.
Henrique Vaz
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Os três desafios aqui enunciados têm que ser enfrentados para que o Ensino Secundário possa responder mais cabalmente às necessidades dos jovens e às exigências da sociedade. Será que vão ter lugar na agenda política?
Domingos Fernandes
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A Finlândia está na moda. Quando um político fala de qualidade na educação, inevitavelmente refere esse país como exemplo, por ser aquele que ocupa a primeira posição no PISA [Programme for International Student Assessment]. Aquilo que os políticos não dizem é que a Finlândia esteve à beira do colapso económico e se salvou porque instituiu uma escola realmente pública. Nesse país, a educação foi tornada, realmente, uma prioridade e não mero enfeite de discurso político. Por aqui, as escolas sobrevivem dependentes de uma gestão hierárquica e burocratizada, sujeitas aos caprichos de mangas-de-alpaca e ministros. Na Finlândia, apenas existe um exame no final dos estudos. Aqui, aumenta o número de exames, como se a preocupação com o termómetro fizesse baixar a temperatura…
José Pacheco
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Sendo as lideranças e a qualidade dos professores fundamentais na vida das escolas, não são estes fatores que, só por si, permitem que se vença o concurso anual que os jornais têm vindo a promover.
Ariana Cosme Rui Trindade
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E mesmo sendo um prato, por professor não o trato, senhor Crato. Nem lhe estou grato!...
José Rafael Tormenta
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O futuro espera-nos e os esteios em que nos apoiamos só podem dar-nos confiança.
Ana Brito Jorge
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