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nº 189/sumário
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editorial
Com a edição de Verão 2010, a PÁGINA completa o seu primeiro ano no formato revista, um ano particularmente difícil e, também por isso mesmo, extraordinariamente desafiante, um ano celebrado na companhia de muitos amigos, colaboradores e leitores. A par das rubricas permanentes, um espaço que tem vindo a ser progressivamente alargado, contamos neste número com as entrevistas de Joaquim Azevedo, Luiza Cortesão e Teresa Ricou, que assim aceitaram discutir ideias e conhecimentos sobre os actuais lugares públicos – escolares e sociais – de educação. Nesse sentido, destacamos ainda o primeiro de uma sequência de textos produzidos por Hernandez Díaz, da Universidade de Salamanca, no âmbito de uma proposta de diálogo sobre as repúblicas ibéricas e respectivas iniciativas pedagógicas.
Isabel Baptista
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Las repúblicas ibéricas fueran interrumpidas por proyectos políticos de corte autoritario y fascista. Sus iniciativas educativas innovadoras se ven erradicadas y sustituidas por modelos pedagógicos ultra-conservadores y nacional católicos.
José María Hernández Díaz
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O I Congresso Pedagógico realizado depois da implantação da República teve lugar no Porto, em Abril de 1914, por iniciativa do Sindicato dos Professores Primários de Portugal, criado em 1911. O programa oficial do congresso assentava em três eixos fundamentais: “função social da escola”, “magistério primário” e “pedagogia: processos para a educação da inteligência e da memória”. Entre as conclusões dos debates encontramos, por exemplo, a necessidade de criação de cursos “pós-escolares”, numa antevisão espantosa sobre o que hoje se entende por formação ao longo da vida. Aliás, dois anos antes, em 1912, a Escola Normal do Porto abrira-se para os primeiros cursos de Verão, nos quais participaram 120 professores de todo o país.
Isabel Baptista
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Há uma constante no seu trabalho de investigação – uma quase obsessão – que dá pelo nome de imperativo da cidadania e que determina uma prática social à altura da dignidade humana, onde a pessoa se assuma como um fim em si mesma e não apenas como um recurso.
Manuel Matos
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JOAQUIM AZEVEDO
"Mais de três décadas decorridas após a implantação de um sistema democrático em Portugal, verificamos que está tudo praticamente no mesmo ponto de partida: os problemas de fundo, nomeadamente os que se prendem com a participação social e com a educação do ponto de vista comunitário e social, não estão resolvidos; que questões sociais como as desigualdades e as grandes assimetrias permanecem iguais. E que a escola é uma espécie de passe-vite onde se entra desigual e de onde se sai certificadamente mais desigual. A escola pode assumir-se como uma dinâmica muito mais interessante se mudarmos este paradigma. Acredito que é esse o desafio que temos pela frente."
Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa
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Será que a reivindicação de uma escola se poder constituir como espaço politicamente mais democrático, culturalmente mais significativo e socialmente mais justo não passa, afinal, de um sonho de uma madrugada distante de Abril?
Ariana Cosme Rui Trindade
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notas de campo sobre as escolas no quotidiano
Adivinha-se o uso discricionário de pequenos-grandes poderes e percebe-se a arrogância de quem está ciente de que o escrutínio dos seus actos é pouco provável ou ineficaz.
Almerindo Janela Afonso
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É de uma riqueza enorme a conjugação dos vários e diferentes saberes dos docentes de cada nível de ensino; embora, em alguns, ainda possa surgir a ideia de que o seu conhecimento é “superior” ao dos outros, cedo vão percebendo que há saberes, know-how e culturas próprias que não são transportáveis de uns níveis para os outros, mas que são ajustáveis, negociáveis, passíveis de serem enriquecidos.
José Rafael Tormenta
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esboços e lugares do mediador sociopedagógico
A escola contemporânea está, como sabemos, cada vez mais sob as luzes intransigentes do palco social. A relação triangular escola-aluno-família vai assumindo novas características que a dissociam dos jogos de poder concentrado, até há bem poucos anos, em apenas um dos vértices. A realidade multicultural das comunidades e, portanto, das escolas, exige uma crescente ordem de reformulação de teorias e práticas por parte de todos os agentes do ensino escolar, cujas áreas do conhecimento não se limitam, presentemente, ao professorado.
Ricardo Vieira Tânia Silva
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A Educação Inclusiva não diz respeito só aos alunos que apresentam algum tipo de dificuldades, mas a todos. O facto de uma criança poder aprender, conviver, partilhar o dia-a-dia, com colegas que apresentam alguma dificuldade inabitual, é uma fonte de enriquecimento escolar e humano.
David Rodrigues
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LUIZA CORTESÃO
"A questão da cidadania é uma das mais complicadas de abordar. Sobretudo quando pensamos cidadania em termos de diversidade cultural. O que é cidadania num determinado contexto poderá não o ser num outro. Mas se pensarmos concretamente na Escola portuguesa, e se assumirmos que, apesar de tudo, ela não é um dos contextos de maior diversidade, julgo que se poderá afirmar que a Escola não contribui habitualmente para a assunção da cidadania. Isto, porque a Escola valoriza sobretudo os deveres dos alunos. Falando com os professores, por exemplo, nota-se que, de uma forma geral, eles valorizam muito o facto de os alunos terem de ter consciência dos seus deveres. E dizem sempre que se eles têm direitos, também têm deveres. Mas o que é enfatizado, de facto, são os deveres. Eu luto muito pela ideia de que não se educa para a cidadania. Pode é criar-se situações de educação em cidadania, e isso a Escola pode fazer. A questão é que o faça."
Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa
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Venho resumir-vos a minha breve experiência eTwinning. E o que vem a ser isso?
O eTwinning é uma acção do programa Life Long Learning, da União Europeia, que consiste numa comunidade virtual de escolas. Neste exacto momento, existem 91.128 membros activos e 5.301 projectos activos. Os professores interessados, após inscrição, poderão utilizar as ferramentas do eTwinning (www.etwinning.net/en/pub/index.htm) para desenvolverem diferentes acções, nomeadamente conhecerem-se uns aos outros, encontrarem-se virtualmente, trocarem ideias e exemplos de práticas, formarem grupos, participarem em oficinas de formação - há-as de três tipos: oficinas europeias, eventos de aprendizagem e formação – e dinamizarem projectos. Criar redes de trabalho colaborativo entre escolas europeias com recurso à Internet é, portanto, o objectivo principal.
Betina Astride
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Coloca-se o debate em torno da avaliação dos professores de um modo geral a partir de uma premissa errada, que é a de pressupor que a avaliação deve distinguir, diferenciar, colocar em patamares diferentes aqueles que a ela se submetem. Estabelecida segundo o princípio do contingente – que nada diz sobre a qualidade pedagógica ou científica do trabalho, mas que se estabelece apenas a partir de um princípio gestionário que força o exercício da diferenciação –, o que parece fazer doutrina, à semelhança aliás do que se passa na avaliação dos alunos, é o princípio do “acertar”, da maior ou menor capacidade de responder àquilo que se espera do desempenho do professor. Quer isto dizer, o sistema ou modelo de avaliação é construído de acordo com a ideia de que se valoriza e pontua aquilo que é considerado acertado, deixando-se em suspenso aquilo que fica aquém deste resultado.
Henrique Vaz
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Es difícil negar que hoy en día las universidades públicas son mucho más grandes y en buena medida mas diversas que aquellas en las que estudiamos la gran mayoría de los que hoy trabajamos como docentes. No es solo una cuestión de cantidad de estudiantes, sino también que es difícil ignorar que el origen social, o racial, o la composición de género de los que hoy asisten a las universidades, es notablemente diferente a la de hace un par de décadas. En buena medida esta diversificación, es el resultado de la expansión meteórica de la matricula.
Gustavo E. Fischman
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Acabo de ler o livro «Free. O Futuro é Grátis», de Chris Anderson, editor da revista Wired. Partilho com ele este ato de escrita grátis. O computador é um netbook barato, o sistema operativo gratuito e o processador de texto e corretor ortográfico gratuitos. Constato também que Chris Anderson refere que cada ano as tecnologias aumentam a capacidade e reduzem o preço. Portanto, tendencialmente grátis.
José da Silva Ribeiro
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acesso, economia e lucro
Existem muitas razões que validam o ingresso na universidade como forma de beneficiar os indivíduos e a comunidade, mas parece terem caído por terra. Os argumentos estritamente económicos apenas servem os interesses dos fazedores de lucro e dos decisores políticos que assumem o Ensino Superior como uma mercadoria.
Susan Robertson
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Pode dizer-se que, em Portugal, está hoje generalizada a estrutura dos cursos de Ensino Superior segundo o modelo de Bolonha. Em 2008, apenas 2% desses cursos não tinham ainda sido adaptados. A meta temporal traçada para a sua total implementação foi o presente ano e não há razões que pareçam vir a pôr em causa o seu cumprimento. Contudo, entre a implementação formal e a efectiva impregnação do modelo de Bolonha nas instituições de ensino superior (IES) e na sua vida interna há uma distância considerável.
António M. Magalhães
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“As ideias justas ou falsas dos filósofos da economia e da política têm mais importância do que em geral se pensa. Na verdade, são elas que quase exclusivamente governam o mundo. Os homens de acção que se crêem isentos de influências doutrinais são normalmente escravos de algum economista do passado”.
Humberto Lopes
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Em meados da década de 70, a colónia espanhola do Sara Ocidental foi invadida por Marrocos e pela Mauritânia, que acabaria por abdicar do território sarauí. Os bombardeamentos marroquinos, com napalm e fósforo branco, obrigaram os sarauís a procurar refúgio no deserto argelino, onde souberam organizar-se em acampamentos de refugiados. O desterro de 35 anos é mais velho do que muitos dos 160.000 refugiados sarauís, mas mesmo os jovens sabem que não há vida a cumprir-se num deserto alheio.
Maria Helena Borges
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De 23 a 25 de Abril, decorreu na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) de Leiria o XXIV Encontro Galego-Português de Educadoras e Educadores pela Paz. A abertura foi feita por Helena Proença, presidente da Associação Galego-Portuguesa de Educação Para a Paz (AGAPPAZ) em Portugal, Carmen Diaz Simón, coordenadora da mesma associação, e Luís Filipe Barbeiro, director da ESECS.
Américo Nunes Peres Ricardo Vieira
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A Pedagogia Social no Brasil busca identidade, construção de matrizes teóricas e sua organização. O campo da Educação Social começa a ser compreendido pela Academia e pela sociedade civil como uma demanda contemporânea com especificidades próprias, que não conflitam com a Escola e que exige qualificação de profissionais e voluntários.
Evelcy Monteiro Machado
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Fotografias, memórias e histórias
Basta flanar pelos espaços-tempos das escolas para observarmos uma enorme quantidade de cartazes e painéis compostos por fotografias. Esses artefatos são fabricados tanto para mostrar ou realizar práticas educativas como para construir a memória das instituições. Em minhas ‘andanças’ por escolas públicas brasileiras, vi e fotografei vários cartazes e painéis, confeccionados por alunos e por professores, nos quais eram utilizadas fotos feitas por eles mesmos ou recortadas de revistas e jornais.
Maria da Conceição S. Soares
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Assumir a conversa como metodologia é assumir que podemos aprender com as nossas frases inconclusas, com os milhares de fragmentos que nos constituem e atravessam nossas práticas.
Andréa Serpa
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A questão em foco é a obra de arte como texto didático. No caso, é o lugar da escultura hiper-realista no contexto da sala de aula.
Raquel Goulart Barreto
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Ao mesmo tempo que colocam em evidência aspectos de uma infância vivida com plenitude e irreverência, as brincadeiras de crianças chamam a atenção para aspectos pouco edificantes da organização social.
Marisa Vorraber Costa
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Tal como se aprende a ler, escrever e contar para se ter acesso a uma vida autónoma, é preciso aprender os media, porque eles são uma fonte de saberes, mas também de manipulações. O jornal Público foi pioneiro na promoção da educação para os media, constituindo o projecto Público na Escola – cujo lançamento remonta à fundação do jornal – uma experiência única no universo mediático nacional.
José Paulo Oliveira
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Concurso de jornais escolares
Consequência do trabalho que vem realizando desde há 20 anos, o projecto Público na Escola promove anualmente o Concurso Nacional de Jornais Escolares, cuja edição deste ano está a entrar na fase decisiva.
José Paulo Oliveira
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Vivemos um tempo atribulado, também de muitas e variadas opiniões. Cada cabeça sua sentença e cada interesse económico seu lobby. Sabemos que há uma séria crise económica e que, associada a esta, está uma crise energética e ambiental. Ouvimos falar, e talvez possamos entender o exacto significado, de “economia do hidrogénio”, de “carvão limpo”, de “captura e sequestro do dióxido de carbono (CO2)” e de outras maravilhas da técnica por vir. E já ouvíramos falar dos combustíveis fósseis (e seu eventual esgotamento), das potencialidades da energia nuclear (cisão e fusão) e das virtualidades das “energias renováveis” (acessíveis e ilimitadas).
Rui Namorado Rosa
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Existe um conjunto de desafios por mapear em termos de educação para o uso da internet: condições de segurança; conhecimento de quem está do outro lado; privacidade e gestão da imagem; ocultação de dados pessoais; expectativas face às amizades; comportamentos sexuais frente a computadores – são algumas das esferas de uma tarefa complexa, que se cruzará com inevitáveis diferenças de gerações e de valores.
Rui Tinoco
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As questões relacionadas com o clima e as suas previsões a longo prazo, com a ciência em que estas se baseiam, em particular a celeuma que acabou por ser gerada em torno de uma forma de stick de hóquei, uma certeza dita “científica” sobre aquecimento global derivado de uma concentração crescente de CO2na atmosfera, que as malvadas das pessoas estão a provocar com as suas actividades e consumos; uma certeza “científica” que, depois de ter “subido” a uma quase verdade revelada, entrou em processo de dramática queda, de descredibilização dos estudos e investigações que tinham “criado” a previsão de um disruptivo aquecimento global...
Francisco Silva
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O Regime de Fruta Escolar pode não ser apenas uma medida simbólica. Há sinergias com programas regionais de promoção de saúde que podem operacionalizar mudanças reais nas vidas das pessoas.
Débora Cláudio
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No Ensino Secundário, vários milhares de alunos podem fazer o seu percurso sem qualquer estudo de Matemática. O que se aprende no Ensino Básico não é suficiente para uma formação estatística minimamente completa.
Jaime Carvalho e Silva
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O futebol espelha questões tão fundamentais como a identidade nacional, a questão racial, o império do lucro, a religião, a sexualidade. Mas o futebol também é dopagem, corrupção, violência, tráfico de jovens jogadores, branqueamento de dinheiro ilícito.
Manuel Sérgio
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Os mais fortes apoios aos grandes eventos desportivos vêm dos países com uma maior desigualdade na distribuição dos rendimentos, sendo os grupos populacionais economicamente mais débeis os maiores entusiastas, não se apercebendo que vão ter de pagar a factura com enormes juros.
Gustavo Pires
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A minha relação com a Bauhaus é muito longa. Escrevi o primeiro livro sobre ela em 1973, quando era professor na Escola Superior de Arquitectura de Rennes. Nessa época, falar da Bauhaus era falar de uma escola subversiva, e em Portugal ainda pior, pois no contexto fascista era considerada uma escola de bolcheviques e judeus.
Jacinto Rodrigues
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TERESA RICOU
"O Estado é cobarde. O Estado não é inovador. O Estado está instalado. E não pode, tem de se desinstalar, tem de procurar fazer parcerias com as organizações não governamentais. Tem de haver compromissos entre as duas partes, porque o Estado tem uma responsabilidade que tem de assumir – para isso é que pagamos impostos. O serviço público tem de ser reconhecido e tem de ser da melhor qualidade. Tal como se estivéssemos a referirmo-nos a uma entidade particular. É o caso do ensino público, que nos últimos anos adquiriu uma imagem de ineficiência, no qual se tem de apostar para que ele seja de qualidade. E qualidade implica, nomeadamente, que cada aluno seja valorizado individualmente."
Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa
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Quem leu o discurso de D. Manuel Clemente, bispo do Porto, proferido, em Abril passado, na cerimónia de aceitação do Prémio Pessoa 2009, há-de ter ficado surpreendido se partiu da expectativa de uma centralidade teológica que se julga inerente ao pensamento dos membros da hierarquia da Igreja Católica, independentemente do grau de aggiornamento com que, integristas e progressistas, respondem ao II Concílio do Vaticano. Mas pelo reconhecimento de uma personalidade cuja cultura universitária e acção pastoral de diálogo com o mundo moderno o obrigava a não desprender os pés da Terra, por mais respeito que o Céu lhe merecesse, já não foi surpresa que um certo pragmatismo o introduzisse na problemática de um velho debate que ainda continua, qual epifenómeno de ciclos históricos de exaltação e desalento, sobre a nossa ideia nacional (ou condição?) de ser como povo.
Leonel Cosme
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Uma crítica à adopção de um campo de medida reduzido na avaliação dos alunos juntamente com uma escala igualmente limitada.
Luís Filipe Ricardo
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Já escrevi algures que o preconceito é um filho ilegítimo da moral. Acrescento agora que será órfão de nascença, no sentido universal de que não tem progenitores à altura de poder ter sido gerado para honrar ou pai, ou mãe. Aliás, pode afirmar-se, sem prejuízo dos processos de intenção em que a moral se acoberta e o preconceito se afirma, que no que diz respeito à moral que eleva o estatuto humano estamos a perpetuar uma barbárie.
Luís Vendeirinho
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Ouvi e vi o cantor-compositor Fernando Girão contar, há já alguns anos, numa estação de televisão, a seguinte historieta verídica. Um seu amigo músico, salvo erro de nacionalidade americana, resolveu vir à Europa e aproveitar o ensejo para lhe fazer uma visita. O plano era desembarcar de avião em Londres, alugar um automóvel, atravessar a França e a Espanha e chegar a Lisboa. Meu dito, meu feito.
José Catarino Soares
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“Julgávamos estar na Idade Atómica. Mas não. Estamos na Era Estereofónica... Toda Los Angeles conta a história de um senhor que entra num cinema 3-D no meio de uma sessão, e tem à sua frente umas costas enormes. Pode encostar-se um pouco?, diz delicadamente, tocando-lhe no ombro, está a tirar-me a vista. E o outro: não posso, estou no filme. Este humor é meritório numa cidade assustada, enraivecida pela fome, e que espera com ansiedade os resultados da sua arma secreta para saber se sobreviverá, enquanto as antenas de TV, penduradas sobre os telhados como abutres, atestam a ameaça e promessa de cura”. Este texto, datado de Julho de 1953, é de Chris Marker, numa Lettre de Hollywood («Cahiers du Cinema», nº 25).
Paulo Teixeira de Sousa
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Entendemos a infância como um artefato social e histórico e não uma simples entidade biológica. Dessa forma, o tipo de infância com que ainda operamos foi construído pela sociedade ocidental moderna há 150 anos. A partir de tal viés histórico, advém uma outra proposição segundo a qual o apogeu dessa representação sobre a infância durou aproximadamente de 1850 até 1950.
José Miguel Lopes
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Aquele ano começou mal na escola. Foi um arranque com várias complicações. Professores colocados com atraso, professores mal colocados, professores que adoeceram gravemente e saíram, dificuldades com a gestão do espaço, e outros pequenos problemas que o quotidiano de uma escola sempre tem.
Angelina Carvalho
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Estávamos em 1958, eu tinha nove anos, acabara a 4ª classe do ensino primário e fui passar uma semana de férias na fazenda do senhor Altino. Tudo se passava no Norte de Angola.
José Paulo Serralheiro
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Dois pretextos para uma viagem a Arzila, no litoral atlântico de Marrocos: a herança arquitectónica portuguesa e o festival de artes que ali tem lugar nas duas primeiras semanas de Agosto. Outras razões a considerar são a hospitalidade da gente local e a belíssima luz atlântica.
Humberto Lopes
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república dos leitores
O facto de ser pai e de ter uma vasta experiência como dirigente associativo na área, obriga-me a não ficar de fora nestas coisas da educação. E merece especial destaque o facto de, mesmo em pleno século XXI, haver pais que acham que a Escola é simplesmente um depósito de filhos, onde se pode participar, apenas e só, para ofender os professores e as auxiliares de educação, bem como os meninos que se portam malcom os filhos destes modernos pais...
António Veríssimo
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república dos leitores
Muito se tem falado de atos de violência praticados por jovens e crianças. Esta não é uma discussão simples. Precisamos analisar dentro do contexto da sociedade e família atual e a partir de diversos pontos de vista; e mesmo assim, provavelmente, não encontraremos uma resposta que nos satisfaça. Afinal é mais fácil buscar e apontar culpados do que assumir que somos todos culpados e partirmos para a busca efetiva de soluções.
Thereza Bordoni
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A Página impressa
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Edição N.º 189, série II
Verão 2010
Brevemente disponível online.
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