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É penoso escrever umas linhas agora, neste espaço que todos nos habituamos a ver como do José Paulo Serralheiro. Desta pena não poderá sair nunca um pretenso editorial, muito menos com a veleidade de se acrescentar ao riquíssimo conjunto de reflexões que nos acostumamos a encontrar neste espaço.

Abel Macedo





Caminhando e cantando e seguindo a canção 
Somos todos iguais, braços dados ou não 
Nas escolas, nas ruas, campos, construções 
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Geraldo Vandré 

 





O balanço de uma legislatura não é uma tarefa fácil. E pode resultar numa análise profundamente subjectiva. Sobretudo quando ela incide numa área que – à excepção dos professores, claro - tão pouco interesse desperta nos portugueses como a Educação. Mas foi esse o trabalho a que nos propusemos. Para tal fomos entrevistar alunos e professores às escolas e os cidadão comum à rua. Não nos esquecemos também dos pais, talvez aqueles cujo capital de interesse na matéria deveria ser maior mas que frequentemente o relegam para segundo plano.

Ricardo Jorge Costa





QUATRO ANOS DE GOVERNAÇÃO DE MARIA DE LURDES RODRIGUES, NUM BALANÇO DE RUI CANÁRIO

Professor Catedrático da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e coordenador da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Educativo em Ciências da Educação desta instituição, Rui Canário é actualmente um dos mais prestigiados investigadores na área da Educação em Portugal. É presidente do Conselho Científico do Instituto das Comunidades Educativas e Coordenador do Mestrado na área de Formação de Adultos da FPCEUL. Neste âmbito, foi consultor científico, a nível nacional, dos Cursos de Educação e Formação de Adultos (Cursos EFA, promovidos pela ANEFA – Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos) durante o ano 2002. Entre outros projectos, foi, entre 2002 e 2004, o investigador responsável pelo projecto ESTER (Escolas e Territórios). É autor de inúmeras obras publicadas em autoria e co-autoria e de dezenas de artigos em revistas científicas, sendo também membro do Conselho Editorial e do Conselho Consultivo de diversas revistas nacionais e internacionais. Nesta entrevista, Rui Canário faz o balanço de quatro anos de governação do Ministério da Educação e mostra-se extremamente crítico relativamente à política seguida por Maria de Lurdes Rodrigues - em particular aquilo que considera ter sido o conflito permanente e a atitude pressecutória face aos professores.

Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa

 





AUTONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DAS ESCOLAS

Manuela Mendonça é coordenadora do Departamento de Política Educativa do Sindicato dos Professores do Norte e membro do Secretariado Nacional da Federação Nacional de Professores. Nesta entrevista, faz o ponto de situação da implementação do novo regime de autonomia e gestão das escolas e explica porque razão os sindicatos estão contra o novo diploma.

Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa





Os frutos colhidos pela Escola são, em si mesmo, também um estado de espírito de pessoas que se assumem livres e felizes, comprometidas pelo contributo para um mundo mais livre e feliz.

Luís Miguel Brandão Vendeirinho





Não virá longe o dia em que a tela substitua nas escolas o quadro negro, chegando a afirmar-se que uma «bobina de película vale mais do que uma prelecção.

Maria Fátima Nunes





Paralisar um sítio da Internet através da saturação das ligações, como aconteceu com o ataque sofrido pelo Twitter há algum tempo atrás, é um fenómeno que se tem vindo a desenvolver na rede e tem-se mostrado bastante lucrativo para os criminosos on-line, que pedem dinheiro para desbloquear a página.

AFP





É invulgar ouvir um governante declarar publicamente que o governo a que pertence não cuida de uma das riquezas principais do país, nem sequer quando se trata de cumprir uma das “tarefas fundamentais do Estado” (artigo 9° da Constituição), nomeadamente a sua alínea f: “assegurar o ensino e a valorização permanente e promover a difusão internacional da língua portuguesa”.

José Catarino Soares





ENSINO SUPERIOR

O coordenador do Departamento do Ensino Superior do Sindicato dos Professores do Norte, Manuel Carlos Silva, enumera nesta entrevista algumas das conquistas decorrentes do processo de negociação entre a tutela e os sindicatos sobre a revisão dos estatutos da carreira docente universitária. Mas deixa o aviso: assegurar a conquista de direitos depende sobretudo da unidade e da mobilização dos professores do ensino superior.

Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa





O socialismo era uma via para o capitalismo, como, por exemplo afirmava Salgado Zenha.

Francisco Silva





Sebastião Salgado publicou, com palavras de Cristovam Buarque, um álbum de fotografias chamado “O berço da desigualdade”. As fotografias são de escolas em todo o mundo e trazem-nos os limites materiais das escolas dos pobres com uma força que só, talvez, as imagens em P&B permitam.

Nilda Alves





O novo Regime de Autonomia, Administração e Gestão dos Estabelecimentos Públicos da Educação Pré-escolar e dos Ensinos Básico e Secundário está em fase de implementação nas escolas. Apesar de na maioria delas o processo de selecção do director – peça chave de todo o processo - estar já concluído, em algumas o concurso ainda não foi aberto e noutras arrasta-se há meses.

Ricardo Jorge Costa





AUTONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DAS ESCOLAS

João Barroso é Professor Catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, onde desempenha actualmente o cargo de presidente do conselho directivo desta instituição. É actualmente presidente do conselho directivo da FPCEUL. Por solicitação do Ministério da Educação realizou o estudo “Autonomia e Gestão das Escolas” (1987), e coordenou, entre 1999-2002, o estudo “Reforço da autonomia dos estabelecimentos dos ensinos pré-escolar, básicos e secundário”. Foi coordenador e responsável científico pelo programa de avaliação do modelo de gestão instituído pelo Decreto-Lei 115-A/98. No ano passado, redigiu um parecer sobre o actual Regime de autonomia, administração e gestão das escolas. É dele que damos conta nesta entrevista.

Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa





Desde o início da década de 90, atuo como cartunista e professor no Rio de Janeiro. No meu caso, o interesse pela arte do desenho antecedeu à minha formação como pedagogo. Hoje, faço uso das linguagens desenhadas no meu trabalho seja em sala de aula ou na pesquisa em educação. Muito dessa minha vontade de trabalhar com desenho e educação se expressou na experiência cotidiana, durante onze anos, na minha Oficina de Desenho.

André Brown





O alargamento temporal da formação para 5 anos, incluindo um mestrado, desafia a exigência e amplia as condições para a realização de formações reflexivamente fundamentadas, em domínios estruturantes das competências docentes

Carlos Cardoso





INVESTIGAR EM PORTUGAL

A investigação tornou-se de facto uma prioridade ao mesmo tempo que foi adquirindo uma maior visibilidade e compreensão quanto à sua importância junto do senso comum. Ao mesmo tempo, promoveu-se um conjunto de distorções no seu desenvolvimento institucional que urge corrigir.

Adalberto Dias de Carvalho





AUTONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DAS ESCOLAS

Investigador e Professor Catedrático do Departamento de Sociologia da Educação e Administração Educacional da Universidade do Minho, Licínio Lima considera que o novo regime vem reforçar o poder do director sob a estrutura da avaliação escolar e afirma que, ao contrário do que pretende fazer crer, o Ministério da Educação não está preparado, do ponto de vista político e administrativo, para transferir mais competências para as escolas. “Creio que para isso não valeria a pena estar a alterar o 115/A de 1998”, diz Lima.

Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa





Hace años que los poderes públicos y las organizaciones cívicas parecen asumir las insuficiencias de la denuncia, aceptando que la exclusión es un atentado a la dignidad humana… y, consecuentemente, a una vida en común con pretensiones mínimas de justicia, equidad y libertad. Así se reconoce en el amplios textos internecionales, la urgencia de la acción.

José Antonio Caride Goméz





A liderança é uma arte e uma circunstância. “Um líder não nasce, faz-se”, é uma expressão glosada por muitos autores e quase um lugar-comum. Também não é líder quem quer, mas apenas quem é reconhecido como tal. As características dos líderes estão descritas abundantemente na literatura da especialidade, mas os seus percursos de vida nem tanto. Perceber melhor como é que um cidadão anónimo se torna um líder foi um dos objectivos de uma investigação (1) realizada sobre directores de escolas. Os sumários de dois percursos de vida, traçados a partir do material recolhido, ilustram a metamorfose. Por razões editoriais, serão publicados separadamente.

José Manuel Silva





ESCOLA E INFÂNCIA

Libertar as crianças da infância - reconhecendo a criança no que ela é, agora, não no que ela pode tornar-se - implica em trabalhar conceitualmente com uma percepção que não inferiorize suas lógicas e em perceber os seus trajectos de vida.

 

Carmen Lúcia Vidal Pérez
Luciana Pires Alves

Carmen Lúcia Vidal Pérez
Luciana Pires Alves

 





À agenda global hegemónica no campo da educação deverá contrapor-se uma outra assente na palavra-chave da coesão social, o que implicará uma preocupação dominante com a equidade, a inclusão educativa e a celebração de boas práticas.

António Teodoro





IGUALDADE DE GÉNERO

Questionar as desigualdades educativas geradas a partir da discriminação de género e de outras formas de identidade é um desafio urgente que se nos coloca, não apenas como educadores/as mas também como cidadãos/ãs.

Gustavo E. Fischman





Os jovens portugueses acompanham a tendência do mundo ocidental e, a par de outros comportamentos precoces, alguns deles começam a consumir substâncias psicoactivas cada vez mais cedo. Estes consumos ocasionais são muitas vezes encarados e percepcionados pelos jovens como algo normal, que faz parte integrante das suas vivências.

Visionarium, Dep. Conteúdos Científicos





Uma equipa de médicos alemães anunciou recentemente o transplante de um coração artificial de 92 gramas - o menor alguma vez implantado num ser humano - numa paciente de 50 anos que sofre de insuficiência cardíaca.

AFP





“O que sobrevive é a produção consciente e socialmente significativa do indivíduo. Donde decorre que quanto mais universal for esta produção, mais sobrevive. Quanto mais a vida de alguém é expressiva, mais universal será a sua história singular e a sua biografia. E assim transcende-se o inverno da desesperança”.

Ivonaldo Leite





ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA

Os portugueses comem mal. Apesar dos inúmeros apelos dos nutricionistas, as doenças derivadas da má alimentação continuam a aumentar e a fazer vítimas cada vez mais jovens. O que pode cada um de nós fazer para inverter esta situação?

Débora Cláudio





NOVAS TECNOLOGIAS

Numa época em que a escola ensina às crianças a pesquisar conteúdos na Internet e a trabalhar com as tecnologias da informação, torna-se indispensável reflectir uma série de novas questões – tais como a identidade e a nossa relação virtual com estas ferramentas. Novos conteúdos a explorar em termos de promoção da saúde mental.

Rui Tinoco

 





Para a esquerda política é inaceitável, do ponto de vista dos princípios, que a Escola se afirme como um espaço de reprodução das desigualdades. Daí a exigência de se desenvolverem projectos de gestão democrática nas escolas e de se construírem colectivos docentes suficientemente solidários para possibilitarem a participação dos professores de forma reflectida e interessada.

 

Ariana Cosme
Rui Trindade

Ariana Cosme
Rui Trindade

 





Foi nessa altura que dois alunos lhe  abriram a porta e ele passou, sem olhar ninguém, sempre em frente, queixo bem levantado e passos firmes em direcção à sala de professores. Atrás de si ouviu então: “obrigado!”. Por alguns segundos hesitou, ia olhar, dizer obrigado. Mas fiel aos seus princípios seguiu em frente, costas bem direitas, ignorando aquela interpelação ... E então ouviu: “obrigado, ó palerma!”

Angelina Carvalho





Pensar uma pátria sem um território de referência identitária faria tão pouco sentido como acreditar que um “despatriado” que reconhece os laços da língua, da família, da cultura e da terra onde nasceu e viveu se considere, sinceramente, liberto da “raiz” por transformação em “cidadão do mundo”.

Leonel Cosme





EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Tantas vezes ouvimos que “é preciso mudar as atitudes” que até poderíamos pensar que havia umas “técnicas especiais” para mudar atitudes. Seria tempo perdido. As atitudes mudam consequentemente quando a pessoa vive e reflecte sobre experiências que são incompatíveis com as representações que ela tem da realidade.

David Rodrigues





ENSINO SUPERIOR POLITÉCNICO

Professor Assistente do Instituto Superior de Engenharia (ISEP) do Instituto Politécnico do Porto, Raúl Pinheiro assume nesta entrevista o seu papel de sindicalista e faz um balanço do processo negocial que decorreu ao longo dos últimos meses. Apesar de reconhecer alguns ganhos para os docentes do ensino superior politécnico, Pinheiro afirma que a manutenção dos concursos continua a ser o “pomo da discórdia” entre a tutela e os sindicatos.

Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa





Quem sabe ouvir e ver, com tolerância e respeito, muito aprende com o futebol e, portanto, com o Cristiano Ronaldo e o Messi e o Kaká e outros com a mesma profissão. É preciso ouvi-los, não com uma escuta desatenta e hierárquica, mas com a certeza que o diálogo é a essência da vida cívica e eles têm algo para nos contar que nós ainda não ouvimos nem lemos, acerca do futebol e portanto da vida.

Manuel Sérgio





A versão em inglês da enciclopédia on-line Wikipedia assinalou em meados de Agosto ter chegado aos três milhões de artigos escritos em língua inglesa com a publicação de um texto sobre Beate Eriksen, actriz norueguesa de 48 anos.

AFP





Uma Autonomia, libertadora e responsável, pela qual tantos ao longo da História lutaram, acabou às mãos de novos e sofisticados senhorios que usam e abusam da menoridade do Povo, hoje vítima de uma escola com trinta anos que, pacientemente, o anestesiou, tornando-o incapaz de um grito de indignação.

André Escórcio





PEDAGOGIA SOCIAL

“Confrontamo-nos, entre pares, todos os dias, de maneira aberta, em discussões, às vezes dolorosas, quase sempre desbloqueadoras. Grupos de professores reflectem acerca do seu trabalho, alguns pela primeira vez. Como diz Houssaye, deixaram de ser professores e iniciaram-se como pedagogos”.

Pascal Paulus





Ensinar é questionar, partilhar e criar. É imaginar. Ensinar implica seleccionar tarefas que desafiem as capacidades e a inteligência dos alunos. Para que possam compreender a vida. Para que lhe possam atribuir significado. Para que usufruam da liberdade que o conhecimento proporciona. Para que se possa conhecer e compreender e ser mais livre e mais feliz.

Domingos Fernandes





Perpassa pelas nossas escolas um espectro de permanente heterotopia de crise, porque os agentes estudantis habitam essa mesma crise como um modo de vida. Se, outrora, como refere Foucault, aos indivíduos em estado de crise eram reservados lugares específicos e com uma particular codificação e simbologia, hoje, preferencialmente, serão as escolas a desempenhar tal função.

João Teixeira Lopes





 

Tal como outras inovações que o precederam, o
3D representa a esperança do cinema de
entertainment de esmagar o pequeno ecrã.

Tal como outras inovações que o precederam, o 3D representa a esperança do cinema de entertainment de esmagar o pequeno ecrã.

Paulo Teixeira de Sousa

 





Nos seus Ensaios (de 1580), Montaigne critica os vícios educacionais da sua época: Esforçamo-nos para preencher a memória e deixamos a consciência e o entendimento vazios. Assim como os pássaros vão à procura do grão e o trazem no bico sem o experimento, para serem provados por seus filhotes, assim nossos mestres vão pilhando a ciência dos livros, alojando-a na ponta da língua, tão-somente para vomitá-la e lançá-la ao vento.

José Pacheco





Num grande número de Escolas e de Agrupamentos, o(a) antigo(a) Presidente do Conselho Executivo, eventualmente já antes Presidente do Conselho Directivo, foi seleccionado(a) para director(a) e quase não teve opositores. Esta é, antes de tudo, uma grande vitória do modelo de Gestão Democrática. Imbuídos deste antigo espírito, os Conselhos Gerais escolheram as pessoas que tinham feito a sua formação e o seu desenvolvimento profissional segundo aquele paradigma. O respeito pela comunidade escolar, pelo diálogo e pela iniciativa, assim como o sentimento de pertença estavam inscritos no perfil destes candidatos.

José Rafael Tormenta





Numa sala da nossa escola apareceu um vidro, partido. Não é um desses vidros grandes e grossos que certamente custam um dinheirão. Para ser mais rigorosa era um vidrinho de 23x32 cm. Os vidrinhos da nossa escola são assim, com estas medidas e fininhos.
O vidro apareceu partido pela manhã. Rigorosamente não posso afirmar que tenha sido partido durante a noite. Embora o vidro partido seja de uma janela da minha sala, não posso afirmar se ele se partiu ou se foi partido. E esta é, presumo, uma questão importante.
Posso afirmar que no dia 7 de Outubro às oito e trinta da manhã o vidro estava partido porque a Cátia se queixou que vinha vento dali e apontou para a janela. Eu olhei e vi que faltava lá o vidrinho.

José Paulo Serralheiro





Estão longe os cheiros, os sons, a luz e as cores. As imagens estão difusas. Está longe a África. Está longe a adolescência. Está perto a dor. A amargura de não ter sabido fazer nada.

José Paulo Serralheiro





Morno e fresco.
Levanta-se em voo. Calmo, largo, sem sair do chão tão firme. 

Teresa





Até à próxima Página!... Foram estas as últimas palavras que trocamos contigo, Zé Paulo. E aqui estamos, cumprindo o prometido. Aqui estamos por tua causa. Por causa da tua teimosia, do teu sentido de militância criativa que te fazia pressentir caminhos insuspeitos no emaranhado dos dias que se constroem segundo a vontade e o dicionário dos tecnocratas de serviço.

Ariana Cosme
Rui  Trindade





Conheci o José Paulo Serralheiro nos idos anos de 1980, quando construíamos, ao mesmo tempo, a Federação Nacional dos Professores (FENPROF) e o Sindicato dos Professores do Norte (SPN). Desde o primeiro contacto, percebi que o José Paulo se distinguia entre os dirigentes sindicais. E essa distinção advinha de, pelo menos, duas suas características sempre presentes: a primeira, uma enorme independência e capacidade reflexiva; a segunda, uma visão de ação sindical que não se limitava à defesa corporativa dos interesses profissionais dos professores, mas antes entendia essa defesa como parte de uma luta por uma escola inclusiva, democrática e emancipadora.

António Teodoro





Hoje, dia 7 de Setembro de 2009, o Zé Paulo foi a enterrar. Demasiado cedo para esta viagem e para perder um amigo. A sua despedida foi dura. Não consegui conter as lágrimas. Só a poesia, as palavras da Teresa, da família e dos amigos me ajudaram a suster a dor e a tristeza. Foi uma cerimónia de compromisso com a família, o sindicato e os amigos. 

Américo Nunes Peres





Não sei se a vida são uma espécie de férias que a morte nos dá, como dizia José Paulo Serralheiro numa das suas últimas mensagens aos colaboradores da revista a «Página da Educação», mas o que sei é que a vida só vale a pena quando é assim assumida, no esforço e no gosto de ser «com e para os outros». Daí a força cívica de instrumentos de apelação democrática como os «abaixo-assinados», por exemplo. Respondendo por um «rosto» e um «nome» próprios, soberano na dupla consciência dos seus deveres e direitos de cidadania, o sujeito inscreve a sua vontade no tempo comum, senhor do seu presente e, nessa qualidade, autor do seu futuro.

Isabel Baptista





Fiquei absolutamente sem forças quando recebi a notícia do falecimento do José Paulo Serralheiro. Tinha decidido tratá-lo assim, há meia dúzia de anos, justamente quando ele me passou a tratar também por tu. Foi uma amizade construída à distância, física, leia-se, mas com uma grande proximidade afectiva.

Ricardo Vieira





Dizia José  Paulo Serralheiro, no editorial da edição de Verão de A Página da Educação, “Razões inesperadas relacionadas com a minha saúde fizeram com que este projecto [o desenvolvimento de um Portal na Internet e a edição de um número da revista no primeiro dia de cada estação] sofresse três meses de atraso.

António M.Magalhães





Sorriu. Fomos brincar na eira do cafezal. Porque nem só do cognitivo vive o homem e porque o Caeiro, há já um século, escreveu o essencial: pensar é estar doente dos sentidos. É porque sinto – e porque creio que todos os companheiros sentem – a tua indelével, sábia e tranquila presença, não te direi adeus. Continuarei a enviar-te uns textinhos.

José Pacheco





Eu o conheci há quase duas dezenas de anos na cidade do México, num Congresso Internacional de Educação promovido pelo Sindicato Internacional de Professores.

Regina Leite Garcia





Convivemos ao longo de 15 anos. Encontramo-nos no Porto, a almoçar na Brasileira. Sabia de mim. Dava aulas de Mestrado no curso de outro desaparecido amigo, Stephan Ronald Stoer, Seteve para mim. Como José Paulo, sempre José Paulo para mim. Trocávamos ideias sobre educação, pedagogia e sindicalismo.

Raúl Iturra





Li, como toda a gente, O nome da rosa de Umberto Eco. A história passa-se na Idade Média e o autor conta-nos como um monge de nome Guilherme de Baskerville, acompanhado do jovem Adso (que só depois de velho narra o que viu) quer descobrir uma morte estranha, numa abadia do norte da Itália. – morte que é a primeira de uma série de sete, que Baskerville interrompe ao desmascarar o culpado.

Manuel Sérgio





Sabia-te doente
mas não esperava a tua morte
Julgava-te eterno
porque gente como tu, não morre

Luís Souta





Zé  Paulo Serralheiro deixou-nos discretamente, num breve  domingo de manhã, como quem pede desculpa por ter de se retirar mais cedo do que esperava. Não é fácil esquecer aquela figura, onde uma quase imponência  inicial de recorte patriarcal logo se inclinava para quem quer que  dele se aproximasse.

Manuel Matos 



  
A Página impressa
Edição N.º 186, série II
Outono 2009


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