JUSTIÇA
Um tribunal federal de apelo anulou no dia 27 de Março a condenação à morte de Mumia Abu-Jamal, figura emblemática da luta internacional contra a pena de morte, mas reafirmou a sua culpa pelo assassinato de um policia em 1981. Por dois votos a um, o tribunal de apelo de Filadélfia rejeitou o pedido de Mumia Abu-Jamal, ex-jornalista e militante do movimento Black Panthers, hoje com 53 anos, que se declara inocente da morte do policia Daniel Faulkner em 1981, e pede um novo processo. A decisão significa que agora a acusação se deve apresentar novamente perante um júri para obter uma condenação à morte; caso contrário, a pena será automaticamente transformada em prisão perpétua. Abu-Jamal continua a reivindicar a sua inocência. Os juízes reconheceram que, durante o processo, em 1982, as instruções dadas aos membros do júri podem ter influenciado a não consideração de circunstâncias que teriam evitado a condenação à morte. Mumia Abu-Jamal denunciou que 10 das 15 recusas de jurados feitas pela acusação tiveram por base o facto de serem negros. Várias decisões do Tribunal Supremo americano proíbem que a recusa dos jurados tenha como causa a cor da pele. No caso de Abu-Jamal o júri final acabou por ser composto por dez brancos e dois negros. Os defensores de Mumia Abu-Jamal, sempre defenderam que ele é inocente e que este ex-jornalista militante da causa negra foi vítima de um julgamento político motivado por fortes preconceitos racistas. A defesa também destacou a confissão, em 1999, de Arnold Beverly, que declarou à justiça ter sido contratado pela máfia da cidade de Filadélfia para matar Faulkner em 1981, porque este policia investigava a fundo algumas figuras do crime organizado.
AFP
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