CIÊNCIA
O cérebro humano antecipa os acontecimentos com um optimismo incorrigível e que em muitas ocasiões carece de fundamento, apesar de contribuir positivamente para a saúde, afirmou uma equipe de cientistas na edição de 24 de Outubro da revista britânica Nature. Através de ressonâncias magnéticas, os cientistas foram capazes de demonstrar que duas zonas do cérebro - o córtex singular anterior e as amígdalas ? se tornavam mais activas quando alguém recordava um facto positivo do que um negativo do passado, ou quando antecipava um futuro feliz, em vez de um triste. Tali Sharot e a sua equipa pediram a sete homens e a oito mulheres, com idades compreendidas entre 18 e 36 anos, que pensassem em acontecimentos do seu passado, e que depois imaginassem o seu futuro durante 14 segundos. Os psicólogos e neurologistas partiram da premissa que "uma ilusão moderadamente optimista pode estimular uma adaptação do comportamento para se alcançar um objectivo e está associada à saúde física e mental". Depois de ter analisado as imagens transmitidas pelos 15 cérebros examinados, os cientistas chegaram à conclusão que "a amígdala está envolvida na antecipação selectiva de acontecimentos emocionais futuros, em vez de servir de forma geral a concepção de futuro". Os autores do estudo consideram que os seus resultados "poderiam, no futuro, ajudar a esclarecer os mecanismos que regem a depressão", uma vez que as zonas cerebrais activadas pelo optimismo também reagiram em caso de depressão. A pesquisa "estabelece pela primeira vez uma correlação entre os pensamentos optimistas e pessimistas e a actividade de algumas regiões do cérebro", reconheceu o professor de neurofisiologia Marcello Costa, da universidade australiana de Flinders.
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