Espectro do racismo ressurge na Luisiana
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O espectro do racismo volta a assombrar o sul dos Estados Unidos, onde, desde Setembro do ano passado, um pequeno incidente incendiou os ânimos de uma pequena comunidade rural. Tudo porque três jovens estudantes negros ousaram sentar-se à sombra de uma árvore que, implicitamente, estava reservada apenas aos brancos. No dia seguinte, três forcas apareceram penduradas na árvore, tendo os três jovens acusados recebido apenas três dias de suspensão na escola. Desde essa altura, a violência interracial têm marcado o quotidiano do povoado de Jena, uma pequena localidade rural da Luisiana, no sul dos Estados Unidos, com cerca de 3 mil habitantes (dos quais 85% são brancos e 15%, negros). "Jena repousa sobre um barril de pólvora racial muito perto de explodir", alerta a delegação local da American Civil Liberties Union (UCLA), uma associação de defesa dos direitos civis, afirmação que é contestada pelo presidente da câmara local, Murphy McMillan, para quem as questões raciais "não são um problema importante na região". No entanto, de acordo com Mark Potok, responsável pelo Southern Poverty Law Center, um organismo especializado na localização de grupos racistas, os conflitos raciais são frequentes nos estados do sul do país, onde este sentimento está profundamente enraizado no tecido social. "Há muitos lugares no sul dos Estados Unidos onde quase nada mudou, mesmo após a ilegalização da segregação", diz Potok. Apesar de um dos elementos do conselho executivo da escola ter pedido a expulsão dos jovens que colocaram as forcas em Jena, o director do estabelecimento, Roy Breithaupt, puniu-os com apenas três dias de suspensão. Após esta decisão, a violência propagou-se rapidamente. Em Novembro, uma ala central da escola foi incendiada. Poucos dias depois, um estudante negro foi sovado quando chegava a uma festa, onde todos os convidados eram brancos. Logo a seguir, um jovem branco ameaçou disparar contra três adolescentes negros numa loja. Em Dezembro, um grupo de alunos negros agrediu um colega branco que saía do ginásio. A vítima sofreu ferimentos leves e os seis agressores foram expulsos da escola. Acusados, entre outras coisas, de tentativa de homicídio, os seis jovens poderão ser condenados a penas que podem ir até cem anos de prisão. O adolescente que agrediu o negro na festa foi apenas acusado de agressão, não tendo sido apresentada qualquer acusação contra o que sacou da pistola. Já os três negros que ficaram sob a mira da arma, que reagiram violentamente alegando legítima defesa, foram detidos e acusados de danos, agressão grave e roubo. Segundo um estudo da associação Urban League, os negros têm três vezes mais probabilidades de serem presos: 24,4 por cento dos negros detidos em 2005 nos Estados Unidos acabaram na prisão contra 8,3 por cento dos brancos. As sentenças aplicadas aos primeiros são, em média, 15 por cento mais longas pelos mesmos crimes ou delitos. A maior disparidade observa-se nas agressões com agravantes: em média, os negros passam quatro anos na prisão, enquanto os brancos ficam três anos presos.
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 16, Junho 2007
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Autoria:
Agence France-Presse
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