Sou educadora de infância aposentada, com plena consciência de ter desempenhado a docência com toda a dedicação, zelo e competência ao longo de quarenta anos. Não tenho a visibilidade pública de grandes personalidades como a pianista Maria João Pires e porventura de outros que tomando a mesma atitude, não a publicitaram, mas como cidadã que muito se orgulha dos seus compatriotas e da sua Pátria, tal como um filho que continua a amar os seus pais mesmo quando actuam de forma eventualmente errada, ENVERGONHO-ME do modo como os cidadãos são tratados (com excepção dos políticos), pela forma como o nosso país tem vindo a ser governado, ao longo dos últimos anos. No domínio da Educação, é lamentável o que tem vindo a passar-se, verificando-se um verdadeiro atentado à pedagogia na formação e desenvolvimento das nossas crianças, especificamente das idades correspondentes ao grau de ensino que leccionei. A aberrante má organização desta sociedade que "enjaula" os idosos em "Lares', cerceando-lhes toda a participação social, não aproveitando a sua riqueza cultural e familiar, é a mesma que armazena as crianças dentro das Escolas durante longas horas diárias, obrigando-as a fazer deslocações de larguíssimos quilómetros à luz de falaciosos argumentos de pretensa socialização e ocupando-as com actividades orientadas sabe-se lá por quem. Há algum tempo, ouvimos a Senhora Ministra da Educação dizer que as nossas escolas deveriam funcionar como uma organização (gostaria de saber quem a aconselha nas questões pedagógicas). É evidente que as escolas devem funcionar como uma organização mas de carácter pedagógico, nunca como uma fábrica ou, pior ainda, como um armazém! Quererá o governo recuperar a filosofia espartana de educação desinserindo as crianças da família, ignorando a importância da socialização primaria? Não venham posteriormente lamentar-se do erro cometido! Desgostosa e conhecedora de muitos portugueses que partilham este mesmo sentimento, repetindo a história e com a corda ao pescoço, poderíamos talvez solicitar a Espanha o favor de nos governar.
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