Astrónomos americanos anunciaram recentemente a descoberta de um sistema
solar idêntico ao nosso em órbita de uma estrela a 41 anos-luz da Terra, na
constelação de Câncer, constituído por três planetas, um dos quais tem
semelhanças com Júpiter. "Anunciamos pela primeira vez a descoberta de um
planeta que se parece com um planeta de nosso próprio sistema solar", declarou
o astrónomo Geoffrey Marcy, da Universidade da Califórnia em Berkeley, durante
uma entrevista colectiva na sede da NASA em Washington. Os investigadores
identificaram este planeta em órbita de uma estrela idêntica ao Sol, chamada 55
Cancri. De acordo com Marcy, "este novo sistema solar apresenta muitas aspectos
em comum com o nosso".
Durante a entrevista, Marcy e seu colega Paul Butler, da Carnegie Institution,
em Washington, anunciaram o descobrimento de um total de 15 novos planetas.
"Todos os demais planetas extra-solares descobertos até agora encontram-se numa
órbita mais próxima da sua estrela. Este novo planeta encontra-se numa órbita
tão distante da sua estrela como Júpiter está em órbita em redor do Sol".
Os pesquisadores fizeram esta descoberta após terem estudado durante 15 anos
esta estrela, e tinham anunciado a presença de um planeta próximo da estrela 55
Cancri em 1996, situado dez vezes mais próximo da estrela do que a Terra do
Sol.
Além da existência de um planeta semelhante a Júpiter, os cientistas anunciaram
também a presença de um terceiro planeta, situado numa órbita próxima da
estrela 55 da constelação de Câncer. Esta estrela, com cerca de 5 mil milhões
de anos, pode ser avistada facilmente, de acordo com Marcy, que destacou a sua
relativa proximidade e a possibilidade de obter no futuro próximo uma imagem
directa deste corpo celeste similar a Júpiter.
O planeta necessita de cerca de 13 anos para completar uma volta em torno da
sua estrela, uma duração comparável à de Júpiter, de 11,86 anos. A massa
deste planeta é 3,5 a 5 vezes a de Júpiter.
"Ainda não encontramos um sistema solar exatamente idêntico ao nosso, com uma
órbita circular e uma massa mais próxima da de Júpiter, mas isto mostra que nos
estamos a aproximar. Estamos num ponto onde descobrimos planetas a distâncias
superiores a 4 UA (unidades astronómicas) da sua estrela", afirmou Butler. A UA
é uma unidade de distância que representa aproximadamente a distância média da
Terra ao Sol (149 milhões de km).
"Creio que iremos encontrar muitos outros entre as 1200 estrelas que
estudamos", acrescentou o astrónomo.
A equipa de investigadores cedeu as suas informações a Greg Laughlin, professor
adjunto de astronomia da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, que realizou
uma simulação mostrando que um planeta similar à Terra poderia sobreviver em
órbita estável entre os dois planetas próximos da estrela e aquele que se
encontra distante.
Os astrónomos Marcy e Butler não excluíram a possibilidade de localizar um
planeta de massa similar à Terra na órbita desta estrela durante as suas
próximas observações, devido à existência de um "grande buraco" entre os dois
planetas mais próximos da estrela e o terceiro, afastado como Júpiter, no nosso
sistema solar.
Os cientistas anunciaram o descobrimento de um total de 15 novos planetas
extra-solares, entre eles o menor jamais localizado, que gira em redor da
estrela HD49674 na constelação Auriga, a uma distância de 0,05 UA. Com esta
série de descobertas, sobe para mais de 80 o número de planetas conhecidos fora
do nosso sistema solar. O primeiro destes planetas foi identificado há apenas
seis anos, destacou Marcy.
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