Algumas semanas após a intentona das Caldas, que se cifrou por um logro total, (...) novo movimento de tropas se verificou, tendo desta vez por ponto de partida (e aparentemente de chegada) a cidade capital do país. As notícias são, é evidente, contraditórias e fragmentárias (...)
Para além das informações obtidas pelos serviços redactoriais do "Jornal de Notícias" nas diversas capitais de distrito, só se podia contar com uma versão "oficial" das forças sediciosas: o Rádio Club Português, que aparentemente, havia sido ocupado e transmitia regularmente comunicados do "Movimento das Forças Armadas." De acordo com esses boletins e (...) com o que o JN apurou, no Porto e em outras localidades (...) a alteração visível do "statu quo" verifica-se apenas em Lisboa.
Ás 9 horas e meia, era ainda impossível obter-se uma imagem nítida da evolução dos acontecimentos (...)
O País vive, desde a madrugada de hoje um dos momentos mais sérios da actualidade. Encarando os acontecimentos objectivamente, ao nível do noticiário, o JN tem que (...) dar aos seus leitores a imagem de uma determinada confusão que reina no momento em que elabora a presente edição. (...) Portanto, não poderemos de modo algum, dar para já a notícia perfeita do que aconteceu em Lisboa e aparentemente, aí se circunscreveu. São mais do que naturais as inexactidões, as repetições, a desconexão do noticiário. Aguardaremos, por conseguinte, a definição do que se passou.

Jornal de Notícias, 25 de Abril de 1974, Edição Especial