" Só pela ironia é que a voz da consciência aparece personificada na figura
de um grilo insignificante que usa polainas e dorme apertado numa caixa de fósforos.
Na verdade, se pensarmos bem, a voz da consciência aparece tal qual é na vida
real: pequenina, incómoda, umas vezes gaguejante e outras incisiva mas sempre,
sempre, presente! " (in "Xis ideias para pensar" de Laurinda Alves)
Lendo o "Bolo Rei", em "a fervilhar", do jornal " A página da Educação" de Fev.
2002, a parte final do "Círculo aberto" de Matias Alves (Correio da Educação-28/Jan/2002),
que cito: "Temos de construir barreiras para que os pesadelos não proliferem"
e também o "Manifesto para a educação da República", julgo ter chegado a altura
de dizer o que penso do actual "estado" das coisas (serão as mesmas da Alice,
ou não?...) e proponho o seguinte:
"Como "fazer" uma Escola para o séc.XXI - receita dirigida à "comunidade educativa"
Ingredientes:
- escolas degradadas (há muitas! Não precisa de procurar muito que as encontra
logo ao virar da esquina!) (1)
- 3500 casos de violência (2)
- 1400 comunicações de actos de "bullying" (2)
- laboratórios sem reagentes, ou outros semelhantes ditos "normais" (não
vá a "coisa" rebentar!)
- ovos usados pelos(as) alunos(as) contra algum(a) felizardo(a) que faz anos
- farinha utilizada pelos(as) mesmos(as) para "premiar" os(as) ditos(as)
aniversariantes
- bastante água, de preferência a da chuva ou a que se encontra dentro de
balões de água "fabricados" pelos(as) alunos(as)
- alteração de horários, principalmente a meio do 2º período (3)
- normativos do ME (via Internet) ou de qualquer DRE, fermentados "q.b." (leia-se
"quase bafientos) (3)
- sugestões da CONFAP q.b.
- bastante quantidade de "laisser faire, laisser passer"
Modo de preparação:
Misturam-se todos os ingredientes, cuidadosa, sistémica e sistematicamente.
Dos ovos, apenas as gemas. Batem-se bem até "assumirem" a consciência, digo,
consistência desejada, ou seja, até ficarem bem presos à "colher de pau" (de
preferência).
Em seguida, juntam-se as claras "batidas" em castelo (...ou será em blocos?)
para tornar o "bolo" mais "flexível".
Enquanto isto, ponha o forno, de uma qualquer escola técnico-profissional,
a aquecer, lentamente, pois a mistura deverá resultar de "sovadas"
leves e suaves durante anos!
Quando tudo estiver como manda(m) a(s) teoria(s), leve o "bolo" ao forno,
que entretanto já deverá estar "quente" o suficiente, e aguarde - já me esqueci
do número de anos! - mas ... aguarde, pois não consta que psicólogos, pedopsiquiatras
e psiquiatras sejam uma espécie em vias de extinção!
Retire o "bolo" do forno (se este ainda existir!), deixe arrefecer, de preferência
numa escola onde existam bastantes correntes de ar ou falta de aquecimento
e, em seguida, corte (ou "serre") pequenas fatias que distribuirá por cada
um dos intervenientes da "comunidade educativa".
Que tal?
Se achar que o "paladar" não é, afinal, nada agradável, não se "martirize"!!!
Tenho a certeza que não se enganou em nenhum ingrediente nem em nenhum dos passos
na sua preparação!!!
O que fazer?
Deite, então, este "bolo" ao lixo (haverá "reciclagem" apropriada?) e faça outro(s)
com as receitas propostas por Matias Alves no Correio da Educação, nº 101 (28/01/02)
e . . . delicie-se !!!
(1) de Fernando Martins - Revista Xis - 2/2/02
(2) de Andreia Sanches - Jornal Público - 2/2/02
(3) de Sandra Silva Costa - Jornal Público - 2/2/02
P.S.: Não tive acesso à lista de assinantes do Manifesto, mas não seria
de estranhar se lá estivessem também as assinaturas de todos os Ex-Ministros
da Educação, dos " Pais da Reforma" ou de algum Ex- ou ainda Director Regional
de Educação, o que tornaria tudo isto ainda mais "carigato", não acham?
Grata pela atenção dispensada e, já agora, " - Podes dizer-me, por favor, que
caminho hei-de seguir a partir daqui? ".
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