Há dias cruzei-me com um (conhecido) músico que após os cumprimentos da praxe
disparou: "o público não sabe bater palmas". E eu logo a pensar no artigo que
tinha escrito para a Página sobre o público a cantar o hino nacional (o público
não sabe cantar o hino!). Claro! O público não sabe bater palmas ... Não dessas
em que o leitor está a pensar. Das outras, daquelas com que o público tenta
acompanhar o ritmo de uma música. Geralmente é um desastre. O leitor há de reparar:
se tem interesse! ... Por isso, é um trabalho de incomensurável grandeza aquele
que o dito músico está a fazer com crianças. O trabalho sobre o ritmo, principalmente,
a partir da infância é, eu diria, ... como eu compreendo os professores de Educação
Musical do Ensino Básico ... !
ENTÃO, CONTINUAM OS EQUÍVOCOS ...
Eu sei que é polémico, mas continuo a pensar que existe no nosso país uma "questão
musical". É uma questão de Educação. Já abordei o problema na Página: é o problema
dos "concertos de Beirute" de Dona Elisa, dos famosos "concertos para violino"
de Chopin" do Dr. Santana, do "concerto de flauta de Bizet" da agenda cultural
de um determinado jornal e ... eis senão quando me surge pela frente num destes
Domingos a revista de um prestigiado jornal diário a fazer entrevistas a várias
pessoas que passaram por determinadas experiências. A dada altura, um dos entrevistados
diz que foi assistir a "um Canto à Capela" integrado no Festival dos Capuchos!
O entrevistado terá falado assim e o autor da peça, por desconhecimento, escreveu
como ouviu (ao menos podia ter perguntado em que capela, se foi nos Capuchos
...!). Não, o que o entrevistado terá dito é que foi assistir a um canto "a
cappella", expressão que quer dizer: só vozes, sem acompanhamento instrumental
(há uma explicação que para o momento seria longa demais). Bem, em frente ...
POR ISSO, EU VOS ABSOLVO ...
"Medíocres de todo o mundo - do presente e do futuro - eu vos absolvo. Amen!".
São estas as palavras que o dramaturgo Peter Shaffer pôs na boca de Salieri
no final da peça AMADEUS. Se ainda não foi ver a Seiva Trupe não perca tempo.
Ah!, grande Salieri, como soubeste reconhecer o teu drama ...!
Guilhermino Monteiro / Esc. Sec. do Castêlo da Maia
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