Muito activa desde há dezasseis anos e interessada na divulgação e promoção de pintores e escultores, a "Galeria Inter-Atrium", sediada que está na Avenida da Boavista, acaba de publicar um livro-álbum de apresentação de artistas mais conhecidos dentro e fora do País. Trata-se de uma forma interessante de promover a Galeria e os seus artistas, de quem se reproduzem alguns trabalhos, acompanhados de notas biográficas e de um pormenorizado currículo de exposições, em português e em inglês, e entre alguns desses nomes podemos destacar Agostinho Moreira, Alfredo Cruz, Alfredo Martins, Cejudo Nogales, François Legrand, Helena Justino, Isabel Lobinho, Josep Sala, Lázaro Lozano, Lima de Freitas, Martim Lapa, Martin Bradley, Ortiz Alfau, Tosar Granados ou Zélia Roque.

No texto de apresentação deste álbum da "Galeria Inter-Atrium", Maria do Carmo Serén faz breves considerações sobre a arte em geral, refere-se aos artistas representados e aborda ainda as linhas de força que têm orientado a Galeria ao longo de dezasseis anos e com quase duas centenas de exposições no seu activo, como forma empenhada na divulgação da arte e dos artistas a quem com mais regularidade tem aberto as suas portas. De facto, se a vida de uma Galeria de Arte, tendo em conta os seus propósitos comerciais, se pauta pela coerência das escolhas e pelo modo conceptual de encarar a pintura ou a escultura, sem uma rigorosa escala de valores quanto ao valor das obras expostas, mas sobretudo por tentar motivar a participação do público, pode dizer-se que, pelo seu persistente trabalho, a "Inter-Atrium" tem conseguido alcançar os seus objectivos culturais, culminando agora com dois pontos altos: a edição deste livro-álbum feita com extrema dignidade e a inauguração de um novo espaço de exposições como prolongamento das instalações em que desde 1984 promoveu a divulgação da arte e mereceu o reconhecimento do público e dos vários artistas que, individual ou colectivamente, têm dado a conhecer as suas obras.

Se como afirmou Umberto Eco, citado por Maria do Carmo Serén, "ao dar vida a uma forma o artista torna-a acessível às infinitas interpretações possíveis, porque a obra de arte vive apenas nas interpretações que dela se fazem", também podemos declarar que sem a existência dos espaços das galerias consideradas comerciais muitos dos pintores não teriam a projecção e visibilidade artística de que hoje gozam. E esse é com certeza o melhor elogio que se pode fazer à "Galeria Inter-Atrium" pelo que realizou ao longo dos últimos anos e para esse trabalho é justo, pois, chamar a atenção neste ano comemorativo e cultural do "Porto / 2001".

Serafim Ferreira
crítico literário