"LE MONDE" de 25 de Maio. Dois artigos.
1º Alexandre Zinoviev - antigo dissidente soviético e professor de Lógica na Universidade de Munique - "... a decadência vertiginosa da democracia a todos os níveis e em todas as esferas da vida pública dos países ocidentais, testemunham uma tendência muito forte para o totalitarismo generalizado". A Terra tende cada vez mais a ser "monopolar" e a "democracia é supérflua para os dirigentes ocidentais". 2º Samuel Blumfeld fala das reacções da imprensa americana ("Variety" e "Newsweek") ao Festival de Cannes que acusam de uma selecção "esotérica" e "elitista". Por exemplo, Todd McCarthy na "Variety" de 21 de Maio: "Filmes desenvolvendo ideias intelectualmente esotéricas que somos forçados a perguntar porque foram realizados". Para ele o modelo a seguir devia ser o de Hollywood e o critério unicamente o das receitas de bilheteira. Conclusão: os festivais e a crítica não servem para nada e devem ser substituídos por gigantescas campanhas de lançamento. Mais à frente, Blumfeld refere que o peso do Cinema Europeu na exibição americana tem vindo a diminuir drasticamente, pois é cada vez mais frequente um êxito europeu ser imediatamente refeito nos EUA, às vezes pelo próprio realizador. Cruzemos os dois artigos. Pergunta: há ou não uma relação entre eles ? Hollywood não é apenas uma poderosa indústria-o cinema é neste momento a segunda em volume de exportações dos EUA - é, como referia Manuel Cintra Ferreira no "Expresso" de 5 de Junho, "uma máquina produtora de ideologia por excelência e, neste aspecto, uma arma bem mais poderosa, do que a própria NATO". Cannes foi por isso este ano uma barricada contra a globalização de Hollywood. Já agora, por falar nisso, quantos de vocês foram ver o belíssimo filme de Margarida Gil "O Anjo da Guarda" ? Paulo Teixeira de Sousa Escola Secundária Especializada de Ensino Artístico Soares dos Reis
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