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Biblos

uma Enciclopédia da Literatura Portuguesa

Na altura em que se encontram publicados os dois primeiros volumes da BIBLOS-Enciclopédia das Literaturas de Língua Portuguesa (1º volume A-Cur e 2º.volume D-Le), ou seja, uma parte substancial deste excelente instrumento de trabalho crítico, biográfico e enciclopédico que no conjunto terá quatro volumes, importa chamar a atenção dos leitores para a qualidade de investigação deste levantamento profundamente actualizado no que reporta às Literaturas de língua portuguesa.
Sob a direcção dos Profs. José Augusto Bernardes, Aníbal Pinto de Castro, Maria Lourdes Ferraz, Gladstone Chaves de Melo e Maria Aparecida Ribeiro, e coordenação do Departamento de Enciclopédias "Verbo" orientado por João Bigotte Chorão, a Enciclopéidia BIBLOS insere-se numa linha editorial que deseja, acima de tudo, "constituir uma obra de referência, capaz de facultar uma informação segura e cientificamente fundamentada acerca das Literaturas de Língua Portuguesa, contemplando todas as componentes do fenómeno literário", com destaque para a História, a Teoria e a Crítica Literárias. Mas o que interessa salientar nesta iniciativa de grande alcance cultural é sobretudo o rigor exaustivo das suas entradas, os verbetes de revistas e jornais literários ou das escolas e movimentos estéticos, a par de fichas muito bem elaboradas sobre temas específicos da literatura, tanto em Portugal como no Brasil e países de expressão lusófona, permitindo assim que ao consultar a Enciclopédia Biblos o leitor encontre aí pistas e referências para outras inquirições e possa talvez anotar a ausência de alguns nomes de autores que têm uma obra literária que justificaria a sua inclusão.
Por outro lado, integrando-se numa linha de valorização editorial de obras desta natureza, a Biblos apenas se poderá comparar com o Dicionário de Literatura Portuguesa, Galaica e Brasileira que nos anos 60 se publicou sob a direcção do Prof. Jacinto do Prado Coelho (neste momento em fase de actualização por equipa coordenada pelo Prof. Justino Mendes de Almeida), mas estes levantamentos enciclopédicos ganham muita importância na sua perspectiva cultural por existirem diferenças de pormenor e de valorização entre um dicionário e uma enciclopédia. Porém, como trabalho colectivo de grande rigor e pesquisa bibliográfica, a Biblos impõe-se pela qualidade dos seus colaboradores nas várias áreas da Literatura e representa um esforço editorial que merece toda a atenção do público, não por se impor como um meio fundamental de consulta e estudo, e antes por se tratar de uma iniciativa dentro de rigoroso critério literário, actualizada nas suas pistas informativas, exaustiva nas fontes bibliográficas ou referências para a melhor compreensão das literaturas portuguesas ao longo de todos os quadrantes geográficos.
Pela sua forma de ordenação enciclopédica, e sobretudo pela clareza dos artigos, pela minúcia e rigor das referências bibliográficas, sem deixar de obedecer a uma objectiva dimensão científica e a um propositado sentido pedagógico, esta "Enciclopédia de Literatura" afirma-se como fonte de leitura e de conhecimento para os leitores que, por gosto ou curiosidade cultural, pretendam iniciar, aprofundar, alargar ou sistematizar os seus conhecimentos dos textos literários e dos autores, ou saber mesmo das circunstâncias que os condicionaram e do acolhimento crítico que mereceram as suas obras. Enfim, a Enciclopédia Biblos é de facto um excelente instrumento de trabalho e de consulta agora à inteira disposição de largas camadas de leitores.

Serafim Ferreira
Crítico lierário

BIBLOS - Enciclopédia
das Literaturas de Língua Portuguesa
2º. vol. (D-Le). Ed. VERBO / Lisboa, 1998.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 76
Ano 8, Janeiro 1999

Autoria:

Serafim Ferreira
Escritor e Crítico Literário, Lisboa. Colaborador do Jornal A Página da Educação.
Serafim Ferreira
Escritor e Crítico Literário, Lisboa. Colaborador do Jornal A Página da Educação.

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