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O debate e a acção devem prosseguir

Porque eu sou do tamanho do que vejo / E não do tamanho da minha altura! (Bernardo Soares, «O Livro do Desas sos sego»).
Pela minha parte, concordo. E sinto assim (salvas as devidas distâncias!), como Fernando Pessoa sentia. Pessoalmente, nesta manhã de sábado, fiquei a ver mais longe, cresci. Espero, evidentemente, que também assim suceda com muitos de vós.
Quanto a uma alegada “síntese” que me foi encomendada, confesso-vos que, depois de resistir enquanto pude, acabei por aceitar no momento em que percebi que não há síntese possível. Mas, mais do que isso, não há dela necessidade. Limito-me a remeter-vos para o que ouvimos sobre os desafios transversais aos campos da educação, da formação e da cidadania, nas que designámos por repúblicas ibéricas. Os nossos convidados – José Hernández Díaz (de mais longe) e Manuel Loff (de aqui tão perto), com a moderação competente de Isabel Baptista – guiaram-nos por um roteiro mágico, apaixonante, com raízes na utopia, construído (e a construir...) por muitas esperanças e vontades entrelaçadas. Obrigada a ambos, pelos horizontes desvendados.
Convido-vos, também, a reterem e levarem convosco as reflexões, a sabedoria e as experiências dos três secretários-gerais da Fenprof moderados com conhecimento de causa pela Manuela Mendonça. Falaram-nos dos professores e dos desafios de autoridade profissional e cívica em contexto republicano. Trouxeram-nos o fervilhar de uma profissão inquieta e insatisfeita, cuja afirmação e luta assumiram ao longo do último quarto de século – com a cumplicidade e partilha de muitos aqui presentes, diga-se. Um agradecimento muito sincero ao António Teodoro, ao Paulo Sucena e ao Mário Nogueira (por ordem cronológica). Fizeram-nos ver mais longe, também; fizeram-nos maiores.
Falo-vos na dupla qualidade de membro da direcção da PÁGINA e da Mesa da Assembleia-Geral do Sindicato dos Professores do Norte. E nesta dupla qualidade devo fazer alguns outros agradecimentos: – ao Conservatório de Música do Porto e à sua direcção, que com tanta disponibilidade e simpatia nos acolheu; com uma palavra, também, para os pais e avós cantores, que de forma tão simpática compuseram a coreografia deste encontro;

– aos nossos colaboradores e amigos, que ajudaram com dedicação na logística necessária para que este evento se realizasse;

– e por fim, evidentemente, a todas e a todos vós, que aqui estais nesta manhã de sábado, esteios deste debate e desta celebração (à nossa maneira) de Outubro, um século depois.

Foi uma iniciativa que realizámos com muito gosto e muito empenho, e que, naturalmente, só pode desaguar num compromisso – vamos dar seguimento a este debate, nomeadamente, acolhendo nas páginas da PÁGINA os depoimentos dos convidados de hoje e de muitos outros que a seguir virão. A conclusão só pode mesmo ser esta: o debate e a acção devem prosseguir em torno da educação e da res publica, em torno da educação no espaço público. Por nós, prosseguirão, sim. O próximo século de República está aí, à nossa frente, e nas nossas mãos...
Obrigada a todas e a todos, e até sempre.
Viva a República!

Ana Brito Jorge


  
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Edição:

Edição N.º 191, série II
Inverno 2010

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