Página  >  Edições  >  N.º 174  >  Onde estão as respostas?

Onde estão as respostas?

Uma crítica ao não aproveitamento do potencial dos professores de um determinado nível para a resolução das crises desse mesmo nível

Maria Filomena Mónica teve a humildade de reconhecer que não tem muita autoridade para falar dos professores (entenda-se, professores do ensino não-superior) apesar de conhecer alguns e já ser avó. Mas sempre disse, e bem, que "Um professor precisa de uma sólida preparação de base, prestígio junto da comunidade e autonomia de acção" (Jornal Público, 1-11-2007). Ora bem, já Hermann Hesse dizia que "Ninguém pode ver nem compreender nos outros o que ele próprio não tiver vivido" (lá estou eu a repetir esta frase de novo). Assim, parece-me que algumas das soluções para a crise na escola estarão na voz dos que "vivem" lá dentro. Só algumas soluções, porque a história tem-nos dito que esta crise sempre existiu e por previsão nunca acabará. Ou seja, acredito que os professores do secundário têm muitas respostas para as perguntas relacionadas com a escola secundária, os professores do superior possuem a solução para muitos problemas da escola superior, assim como os educadores são donos da grande parte das respostas para a crise do ensino pré-escolar. São realidades e necessidades com objectivos (específicos) diferentes.
Não acredito que sejam os professores do secundário que erram sistematicamente todos os anos nos enunciados dos exames às suas disciplinas. Também não acredito que os professores do secundário sejam ouvidos pelo legislador. Mas, acredito que ouça os professores doutores que apesar de alguns deles terem feito investigações com um carácter etnográfico num curto espaço de tempo, contrariando de algum modo as normas deste método, não têm nem ficam com a sensibilidade e conhecimento do professor que faz parte desse sistema durante largos anos, embora também se saiba que o excesso de proximidade pode provocar alguns constrangimentos. Mas mais constrangimentos existirão se o observador andar por ali "disfarçado", como se não estivesse a ser visto, assistindo a reuniões, assistindo a aulas, etc. Assim, tendo consciência de todos estes obstáculos, parece-me que as vantagens que o actor dispõe se sobrepõem de sobremaneira às vantagens do espectador.


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 174
Ano 17, Janeiro 2008

Autoria:

Luís Filipe Firmino Ricardo
Professor do Ensino Secundário, Marinha Grande
Luís Filipe Firmino Ricardo
Professor do Ensino Secundário, Marinha Grande

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo