PINTURA e CIDADANIA
Num hospital psiquiátrico para crianças Jesse, um jovem pintor queniano aperta mãos, troca e encontra a inspiração para as suas obras que descrevem um universo perturbado. "Não encontro ideias observando o céu. Exploro os meios que são estigmatizados e de que as pessoas têm medo", explica Jesse Seng Ang, de 25 anos. Num mundo à margem que é o motor da sua obra, Jesse sente-se em casa: alguns dos seus parentes sofrem de doenças mentais. Em 2006, recebeu uma bolsa para ir pintar nos Estados Unidos. "Ali, não me autorizavam a entrar nos hospitais psiquiátricos." Ficava louco, não tinha inspiração. Terminei as minhas telas e voltei ao Quénia". Para "atelier", Jesse utiliza o centro de reabilitação Daraja ["ponte" em swahili], que acolhe crianças das ruas de Nairobi. Pinta na sala onde as crianças, sentadas na terra, sonham com uma vida melhor enquanto assistem a um filme. "Certas pessoas dizem que as minhas pinturas são deprimentes, mas há sofrimento por toda a parte", diz o artista. Jesse luta também: expôs nos Estados Unidos e no Quénia, vende telas, essencialmente a Ocidentais, mas continuou sempre a trabalhar como cabeleireiro para ganhar a sua vida neste país pobre da África do Leste. Jesse, nunca estudou arte mas lançou-se na pintura em 2003, depois de ter trabalhado como cartoonista para um jornal local queniano. "Não era feliz, não ganhava muito dinheiro e não tinha liberdade, parei", recorda-se. "Queria ajudar, e encontrei a inspiração para as pinturas no voluntariado", conta. Porque além de pintar, Jesse compartilha o seu saber: tenta aconselhar as famílias dos doentes que sofrem de perturbações psiquiátricas, geralmente abandonadas no Quénia e dá cursos de pintura às crianças errantes. "A pintura, é extraordinária para as crianças de rua ajuda-as a crescer."
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