A ciência descobriu evidências objectivas para sustentar a suspeita de que homens superconfiantes e narcisistas são mais propensos a iniciar guerras, mas também a perdê-las. Cientistas americanos recrutaram 200 homens e mulheres para participar de uma experiência incomum com vista a explorar se uma inclinação ao optimismo pode levar um líder a iniciar uma guerra. Foi pedido a cada voluntário que participasse de um jogo de computador com um adversário. Cada um desempenhou o papel de chefe de Estado de um país fictício em conflito com um vizinho por um vasto campo de diamantes. Antes do jogo, foi solicitado a cada participante que se autoclassificasse, prevendo em que posição ele ou ela ficaria em relação aos outros 199 competidores. Durante o jogo, recebiam um tesouro virtual de 100 milhões de dólares, o qual podiam gastar para criar o seu exército, investir numa infra-estrutura industrial ou manter o dinheiro em caixa. Os jogadores podiam negociar acordos, mas tinham a opção de iniciar uma guerra a qualquer momento e sem qualquer provocação. Mais de mil decisões foram tomadas pelos jogadores em seis rodadas. Setenta por cento delas envolveram negociação (algo que podia ser feito tanto durante a paz quanto durante a guerra), 20 por cento nada fizeram; 6 por cento envolveram-se em conflitos, e 4 por cento fizeram ameaças. Houve guerra em perto de metade dos jogos. Os homens foram cinco vezes mais propensos que as mulheres a lançar ataques sem qualquer provocação. Eles também demonstraram grande autoconfiança. Em média, um "senhor da guerra" classificou-se como o 60º colocado entre 200 jogadores. Os que tentaram evitar a guerra foram mais humildes, classificando-se, em média, na 75ª posição. Ao contrário da crença popular, a testosterona não desempenhou qualquer papel na opção dos jogadores pela paz ou pela guerra. Descobriu-se, além disso, uma clara característica psicológica entre os belicistas. Depois do jogo, eles recebiam uma avaliação de personalidade, descobrindo-se altos níveis de narcisismo entre os homens, mas não entre as mulheres. A teoria é a de que os humanos têm uma propensão para o optimismo porque se trata de um mecanismo de sobrevivência. Ao encorajar a esperança, chamada de "ilusão positiva", os nossos ancestrais conseguiam superar as adversidades, fortalecer a sua determinação e iludir os oponentes. Mas a questão é quando as "ilusões positivas" se tornam superconfiança. Nestes casos, os chefes políticos podem optar pelo autoritarismo, o conflito social e mesmo a guerra, pensando que as suas guerras podem ser ganhas rapidamente. Ironicamente, a equipe de investigação descobriu que quanto melhor o jogador se autoclassificou, pior foi o seu desempenho.
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