Se a Finlândia passou em vinte anos do meio da tabela para o topo do pelotão mundial das performances educativas, tal deveu-se à ?capacidade dos seus responsáveis políticos em desencadear reformas educativas? que inverteram radicalmente a abordagem à educação, refere um estudo recentemente publicado pelo instituto europeu Lisbon Council. De acordo com as conclusões deste documento, as reformas neste pais foram muito além da simples optimização de estruturas, politicas e práticas existentes, procurando, ao invés, ?transformar os paradigmas e as crenças?, refere Andreas Schleicher, autor do relatório e director do PISA (Programme for International Student Assessment) no contexto da OCDE. Na base desta transformação, explica Schleicher, esteve o ?encorajamento dos professores e dos responsáveis escolares na assumpção da responsabilidade pelos resultados educativos de cada aluno?, rompendo, desta forma, com a ?visão burocrática que domina os sistemas educativos europeus?. Além disso, os programas educativos impostos pela administração central deram lugar a um ?conjunto de objectivos educativos?, deixando ao critério das escolas a escolha dos meios para os atingir, encorajando-se, ao mesmo tempo, a experimentação, a difusão de boas práticas e a capacidade de diagnosticar os problemas. O relatório refere ainda que o país pôs em prática uma diversificada rede de mecanismos de apoio às escolas, o que resultou uma assinalável homogeneidade nacional, com uma variação inferior a 5% relativamente à prestação entre os alunos. O autor assinala ainda a ética educativa presente na Finlândia, que parte do princípio de que ?cada aluno entra na escola com bases de conhecimento, de talento, de ambições e aptidões diferentes?, cabendo ao sistema educativo a responsabilidade de potenciar estas diferenças?, em lugar de ?fabricar clones e excluídos?.
|