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A televisão como um dispositivo de formação de professoras alfabetizadoras

Num mundo onde circula grande quantidade de informação, parecem morrer a cada dia os momentos favoráveis à narração, à comunicação, à interação e ao diálogo reflexivo. Conversas são raras, apesar de imprescindíveis... As conversas são espaços ricos de troca de idéias e experiências e de elaboração do vivido e do porvir...
O GRUPALFA ? Grupo de Pesquisa Alfabetização dos Alunos e Alunas das Classes Populares vem implementando, em parceria com a  Televisão Universitária da UFF, uma outra proposta de formação de professoras alfabetizadoras - o programa de televisão Conversando na TV. Ao articular televisão e formação, estamos ensaiando uma [nova para nós]  metodologia de trabalho com as professoras, fundada numa outra linguagem, e sustentada por um outro paradigma [comunicacional] de abordagem do conhecimento.
Num tempo veloz e fugaz, em que os processos comunicacionais e a utilização das mídias, contribuem para o  isolamento, para o silenciamento das experiências e para o apagamento de nossa memória coletiva e social, apostamos no uso da televisão oferecer às escolas e aos profissionais que nela atuam uma abordagem plural do processo de alfabetização. Nossa proposta, não desconhece que a invasão tecnológica na vida cotidiana engendra mecanismos de controle e de produção de subjetividades resignadas e que a televisão é um desses mecanismos de opressão simbólica, como nos lembra Bourdieu.
No entanto, o próprio Bourdieu assinala a importância da educação como um dispositivo de contrafogo. Para o autor, o sistema educativo, mesmo ameaçado pela expansão mercadológica, deve se esforçar para produzir pessoas capazes de resistir e se apoderar das armas produzidas pela industria cultural contemporânea. Para Bourdieu, o sistema educativo deve ser capaz de produzir sujeitos ?...aptos a resistir  às forças comerciais, ou seja,  dispostos a produzir obras que não sejam ditadas pelas exigências do mercado(...)inventando circuitos de distribuição independentes ?(1998, p.113).
Entendendo que TV Universitária pode ser mais um espaço de articulação da universidade com a sociedade, buscamos uma parceria que nos possibilite  experimentar outras  possibilidades de ação para a formação continuada de professoras alfabetizadoras. A televisão é para nós uma experimentação, no sentido deleuziano do termo, cotidianamente descobrimos e aprendemos a fazer, em outros moldes o que já fazíamos, este re-fazer, que não é ?um fazer de novo?, tem se transformado numa prática através da qual vamos nos alfabetizando na linguagem televisiva. 
Entendemos que as atividades de extensão constituem um importante espaço de articulação entre a  produção da Universidade e a produção da escola fundamental, o  programa Conversando na TV , se constitui num dispositivo de difusão de idéias e ações - . ao disponibilizar nossa produção acadêmica via televisão possibilitamos que grupos de educadores e escolas, que se propõem a refletir sobre as questões por nós tematizadas, organizem novas rodas de conversa: os(as) professores(as) podem fazer da programação apresentada no Conversando na TV um elemento que dinamize suas conversas no cotidiano da escola, explorando a pluralidade de tempos e saberes presentes no espaço que ocupam. A televisão não se torna, do nosso ponto de vista, instrumento de formação continuada a distância, mas um meio de aproximação não só da Universidade à Escola Básica, mas dos próprios profissionais que atuam num determinado lugar.
O desejo de superar o uso da televisão como mero recurso de ensino e de ampliar o diálogo com as professoras alfabetizadoras informa o projeto Conversando na TV, pois consideramos a mídia um importante instrumento de mediação das tramas comunicacionais cotidianas, entendemos que o seu uso articulado ao processo de formação (continuada) da professora, pode contribuir, pela incorporação de outras linguagens e de outros artefatos tecnológicos e culturais, para a ampliação de seus conhecimentos.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 155
Ano 15, Abril 2006

Autoria:

Carmen Lúcia Vidal Pérez
Univ. Federeal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil
Maria Teresa Esteban
Professora da Fac. de Educação da Univ. Federal Fluminense, Brasil. Pesquisadora do grupo Alfabetização dos Alunos das Classes Populares.
Carmen Lúcia Vidal Pérez
Univ. Federeal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil
Maria Teresa Esteban
Professora da Fac. de Educação da Univ. Federal Fluminense, Brasil. Pesquisadora do grupo Alfabetização dos Alunos das Classes Populares.

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