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Professor formação, docência e qualidade - I

Após uma reflexão consciente e profunda, produto de uma longa caminhada, desenvolvida ao serviço de uma classe a que temos orgulho de pertencer, pretendemos, dentro do possível, elaborar este trabalho.
Os nossos testemunhos de professores que irão aparecendo ao longo do texto, têm por base a convicção na mudança que a escola deverá protagonizar na transformação social que devemos acompanhar/acarinhar e talvez ?guiar?, tendo em vista a defesa da dignidade e do valor da pessoa humana, enquanto ser individual e social.
Por razões editoriais este texto será dividido em duas partes sendo a primeira publicada neste número e a segunda na Página de Junho.

Ser Professor

De acordo com o pensamento de Tomás (1987:265) ?ser professor não é certamente um produto acabado, um estado final, mas será um permanente tornar-se professor, um processo evolutivo, ao longo do qual as experiências vão ganhando mais significado, o que geralmente se faz acompanhar de um maior envolvimento pessoal por parte do professor?.
Tendo em vista a construção de uma sociedade de todos, com todos e para todos, também nós assumimos este processo e nos empenhamos nele verdadeiramente.
O futuro professor, vai-se formando ao longo de toda a vida. Adquire conhecimentos, princípios e valores que lhe são transmitidos pela família, pelo meio que o cerca, interiorizando-os na convivência com o ?outro?.
Ser professor é um arte e ao mesmo tempo um talento que precisa de ser completado com formação profissional?adequada?.
Não há um ?modelo? de bom professor, mas uma grande quantidade de ?modelos? de acordo com o estilo pessoal de cada um e do modo como interage com os alunos/meio.
O melhor professor será o que tiver uma resposta pronta para a questão que preocupa o aluno naquele momento. Este deverá ter a habilidade, a arte de reconhecer a necessidade imediata do aluno.
Deverá ter o ?conhecimento tácito?de que fala Michael Polanyi e que é espontâneo, intuitivo, experimental, quotidiano e que ajudará o professor a conhecer melhor o ser que lhe foi entregue.
A formação profissional deverá ser adquirida nas instituições próprias com os seus currículos e teorias. Estas, sem a prática, são manifestamente insuficientes e muitas vezes desfasadas da realidade.
É Sacristan (1990:64) que nos fala da postura profissional do professor como sendo ?a afirmação do que é específico na acção docente, isto é, o conjunto de comportamentos, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores que constituem a especificidade de ser professor?.
Também Postic (1990:11) define ser professor como ?uma aptidão para estabelecer relação? e continua ?esta aptidão não é uma disposição absoluta, atributo da personalidade; ela manifesta-se por uma qualidade do papel assumido pelo professor no processo relacional: as atitudes, as expectativas, os comportamentos dos alunos exercem uma acção sobre ele e a sua conduta orienta-se pela sua percepção na situação?.
É na escola que a sociedade actual aposta para que o processo de socialização dos jovens se faça de uma forma adequada. Essa socialização ultrapassa em muito os próprios alunos e é conhecida como ?algo que atravessa a escola em várias direcções? (Alves Pinto, 1995:113).
Os processos de socialização dos adultos que têm e assumem papéis específicos no processo educativo, como é o caso dos professores, enquadram-se nessas dimensões.
Como afirma a mesma autora ?ao professores vão viver socializações variadas ao longo do seu percurso profissional? (ibid., p.115) e também nós estamos conscientes da importância desses momentos e da sua contribuição para a construção pessoal e colectiva/ construção pessoal e profissional.
O papel do professor como agente da socialização tem sofrido relevantes modificações devido à transformação do contexto social, o que causou um aumento substancial das suas responsabilidades.
?Cada qual aprende ao longo de toda a vida no seio do espaço social constituído pela comunidade de pertença? (Delors, 1996:96).


Formação

A vida profissional do professor deve conjugar-se de forma a que a oportunidade, melhor, a obrigação de aperfeiçoar a sua ?arte? seja uma constante que não poderá adiar, independentemente das valências profissionais que lhe estão adstritas e dos papéis que lhe estão consignados.
Deste modo, reconhecemos que o professor só poderá desempenhar de forma condigna a sua missão se tiver ?tripla competência: no plano do conhecimento, no plano psicológico e no plano psicossociológico? Mialaret, 1991:76).

Formação inicial

A formação inicial há-de proporcionar a todos os educadores e professores de todos os níveis de ensino a informação, os métodos e as técnicas científicas e pedagógicas de base, assim como a formação pessoal e social adequadas ao exercício da sua função, segundo Patrício (1992).
Este tipo de formação tem as suas exigências e diferentes campos de competência, como seja, a científica, pedagógica e cultural. O futuro professor deverá ainda comprometer-se civicamente de forma empenhada e consciente.
Caberá às ?Escolas de Formação Inicial? incutir no espírito do jovem professor uma atitude de permanente interrogação, reflexão e investigação, proporcionando-lhe a motivação necessária à aprendizagem ?num contexto estimulante (livros, problem-solving, contactos sociais variados, debates, experiências práticas) ? Desta forma, poderá o futuro mestre sentir a alegria de aprender, alegria que há-de querer transmitir aos seus alunos?Cunha, 1992:88).
Para que a escola se centre no aluno e na sua interacção com o professor é fundamental que as ?Escolas de Formação Inicial? concedam, aos futuros mestres um vasto conhecimento nos campos do desenvolvimento intelectual, afectivo, social, ?, da criança.
Ao futuro professor deverá ser proporcionada uma atmosfera de individualização e liberdade para que possa assumir atitudes verdadeiramente democráticas e criativas.
(No próximo número concluiremos este texto  abordando a formação contínua, auto-formação, docência e qualidade)


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 145
Ano 14, Maio 2005

Autoria:

Maria Fernanda Lopes Teixeira
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves
Marília Julieta Rodrigues Gomes Ruivo
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves
Maria Fernanda Lopes Teixeira
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves
Marília Julieta Rodrigues Gomes Ruivo
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves

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