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Bento XVI, o guardião da fé e da ortodoxia

Diz-se que Joseph Ratzinger recebeu muitos mais votos do que os 77 necessários para ser eleito Papa Bento XVI. Diz-se que escolheu o nome de Bento XVI em homenagem a Bento XV por considerar que este pontífice que ?reinou? no início do século XX, foi um homem de paz em tempo de guerra.
Alemão de nascimento, Ratzinger pertenceu à Juventude Hitleriana (obrigado a tal e quando ainda era uma criança), tendo sido incorporado nas Forças Armadas alemãs de onde desertou quando tal ousadia era punida com a morte. É considerado um conservador e foi ele quem excomungou os clérigos da Teologia da Libertação.
Comandante em chefe da estrutura da Igreja que sucedeu à Inquisição, Ratzinger levanta algumas dúvidas nos sectores católicos que apostam num apoio militante aos movimentos sociais e à luta pela Justiça, considerada ?um direito dos pobres e uma bem-aventurança para Jesus?, nas palavras do dominicano brasileiro Frei Betto.
? É preocupante ver à frente da Igreja Católica um homem que comandou o ex-Santo Ofício e encara com desconfiança o mundo em que vivemos. Ratzinger sempre viveu atemorizado pelo fantasma de Nietzche. Espero que, agora, ele faça eco da alegria ousada de Jesus de Nazaré?, disse frei Betto.
Não serão, certamente, as palavras das últimas homilias de Joseph Ratzinger, enquanto cardeal,  o que Frei Betto e outros teólogos queriam ouvir. Ratzinger alertava, expressamente, para os desvios que existiam no seio da própria Igreja. Dois dias depois era eleito Papa e adoptava o nome de Bento XVI.
Ainda cardeal, mas com a força da posição que ocupou no pontificado de João Paulo II, de quem foi o braço direito durante cerca de 20 anos, Ratzinger ordenou aos cardeais que, como ele, iria participar no conclave, que se remetessem ao silêncio, proibindo qualquer contacto com a Imprensa ? na linha do Santo Ofício.
Com ele, nem aos cardeais é concedido direito à dúvida.
A sua eleição, tal como a morte de João Paulo II, foi pretexto para mais um espectáculo mediático à escala global que abafou as notícias dos conflitos bélicos em curso (não os conflitos) e remeteu para um plano secundário a morte do prìncipe Rainier do Mónaco e o casamento de Carlos de Inglaterra com a sua antiga amante Camila.


  
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Edição:

N.º 145
Ano 14, Maio 2005

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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