Sónia Silva VIDAS EM JOGO Prtefácio de Michael Jackson Ed. do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa / 2004.
Antropóloga social do Museu Nacional de Etnologia, Sónia Silva viveu durante alguns anos no noroeste da Zâmbia, junto de populações de refugiados angolanos, onde pôde estudar os seus costumes e formas de vida, com incidência nas cestas de adivinhação de Angola, Zâmbia e República Democrática do Congo, que se tornaram conhecidas em todo o Mundo pelo seu fascinante conteúdo: o fetichismo de várias dezenas de peças imbuídas de simbolismo. Ora, neste seu trabalho de pesquisa, Sónia Silva revela todo o simbolismo das cestas de adivinhação, transformadas em oráculos e entendidas como objectos materiais personificados e forma de desvendar certos mistérios ou modo de ganhar a vida. Vidas em Jogo revela-se de facto um livro de leitura fascinante e de claro conhecimento das várias facetas de adivinhação que conduzem o leitor ao quadro social e político vivido no sul da África Central. Escrito numa singular forma narrativa, sem escapar ao ensaísmo da própria investigação, Vidas em Jogo aborda estes problemas à luz do seu significado para as pessoas, com incidência nos refugiados angolanos que a guerra empurrou no caminho da Zâmbia. Por isso, como Michael Jackson, professor do Instituto de Antropologia da Universidade de Copenhaga, afirma no seu prefácio, o livro de Sónia Silva ?é refrescante e convincente precisamente porque suspende o seu vocabulário para se concentrar nas preocupações da gente luvale com quem viveu e trabalhou na Zâmbia?, cujo resultado não é apenas ?mais uma descrição ingénua ou irreflectida do mundo em que essas pessoas vivem, mas sim uma análise meticulosa da maneira como vários significados vão sucessivamente avançando e recuando no decurso da vida social prática e quotidiana - uma vida em que as pessoas e as coisas são igualmente significativas?. Trata-se, pois, de um excelente trabalho de pesquisa de Sónia Silva no plano da antropologia social, que mereceu o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e ainda o apoio à tradução portuguesa por parte da Fundação Calouste Gulbenkian.
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