Mario Vargas Llosa, em "O Paraíso na Outra Esquina", fala de Paul Gauguin, um notável financeiro da bolsa de Paris, que até cerca de 1885 levou uma faustosa vida, sustentada nos êxitos profissionais e numa esposa dinamarquesa, que aplicava os proveitos do marido em moradias, móveis de luxo e jóias. Gauguin descobriu uma imensa vocação tardia: a pintura. Durante anos procurou (e conseguiu) conciliar uma vida profissional intensa com a pintura como "hobby". Na sequência de guerras e hecatombes sociais a bolsa de Paris "ruiu". Estimulado por grandes artistas, como Degas e Monet, Gauguin entregou-se à pintura. Foi marinheiro e trabalhou nas Antilhas. De regresso a França, viveu com Van Gogh. É conhecido o triste fim (suicídio) de Vincent, após intermináveis desavenças, surdas ou declaradas, com Paul. Gauguin voltou, de novo, a viver no Taiti, de onde, mais tarde, se transferiu para as Ilhas Marquesas. O amor de Paul Gauguin pelos ambientes exóticos e pela vida dos nativos, pelas nativas e sua liberdade, era imenso. Mas a sífilis ia galopando, abrindo-lhe pústulas nas pernas, afectando-lhe o coração, a razão e a vista. Pintou, na fase final da vida (nas Ilhas Marquesas), modelos que já não via - que imaginava -, embora posassem mesmo à sua frente. Em vida foi pintor de maior sucesso do que Van Gogh, embora este o tivesse claramente superado em reconhecimento póstumo. A grande literatura ensina!
|