?Seria muito complicado para alguém da minha geração dizer que não foi influenciado por Chaplin .Confesso que a maneira como trata os momentos dramáticos nas suas comédias foi a lição mais óbvia que aprendi com ele? Woody Allen in ? Sight and Sound?, Outubro 2003
?Chaplin was the Beatles of silent comedy? Rowan Atkinson
A preocupação de Chaplin com os assuntos mundiais foi intensa e activa. Durante a Depressão ele lia muito e elaborou a sua própria teoria económica. Os seus escritos revelam também os seus sentimentos sobre a Guerra Civil em Espanha. O seu feroz ódio ao Nazismo encontrou uma saída em Maio 1942 quando foi convidado a falar num ?meeting? de apoio ao esforço de guerra soviético. Um sentido de patriotismo - e talvez um pouco de ?overacting?- levaram-no a aceitar uma sucessão de compromissos idênticos, num dos quais inconscientemente(?) se dirigiu à assistência como ?Comrades?. Estes incidentes foram diligentemente guardados pelo FBI para uso futuro nos anos da paranóia McCarthysta. O seu íntimo e sinceridade são confirmados por este postal de Boas Festas de1942, por ele criado para ajudar a ? Russian American Society for Medical Aid to Russia? e apelando à abertura da segunda frente em apoio das tropas soviéticas. Em 1952 o Procurador-Geral recusou a reentrada de Chaplin nos Estados Unidos após a viagem à Europa para promoção do seu filme ?Limelight?. Este acto, que efectivamente exilou Chaplin do país onde tinha vivido desde os anos dez do século passado, foi engendrado pelo FBI, capitalizando a hostilidade de McCarthy para com as ideias políticas de Chaplin. Em 1922 J. Edgar Hoover, ainda director adjunto do FBI ( tornou-se director em 1924), interessou-se pela primeira vez por Chaplin. Este foi o primeiro Alarme Vermelho. Aos olhos de Hoover, Chaplin estava a provocar sarilhos. Os seus filmes tratavam da vida dos desalojados, dos desempregados e dos habitantes dos bairros de lata, esses marginais da sociedade que ameaçavam a estabilidade do capitalismo. Ainda por cima, ele era estrangeiro - um inglês que se recusava a adoptar a nacionalidade americana. O FBI manteve a vigilância sobre Chaplin até à sua morte. Datada de 1922, esta é a mais antiga página do dossier sobre Chaplin organizado pelo FBI e revela o relatório do agente Hopkins, infiltrado no seu estúdio, onde este se refere à falta de respeito que Chaplin tinha por Will Hays, o novo czar de Hollywood. Durante uma festa no estúdio, Chaplin teria dito: ?Somos contra qualquer espécie de censura, e, particularmente, contra a censura presbiteriana?, mostrando ao mesmo tempo um cartaz colocado na porta do WC masculino onde se lia ?Welcome WILL HAYS?. Com a aproximação do Natal foram editadas em DVD 10 longas - metragens de Charles Spencer Chaplin, digitalmente re-masterizados e com montanhas de extras. Ficou de fora apenas o injustamente mal-amado ?A Condessa de Hong-Kong?. Eis uma boa ideia para prendas!!!
P.S. Para um desabafo. A hidra uniformizadora está a lançar os olhos para a única rádio que lhe resiste, pelo menos na área do Porto: a ?VOXX?. Esperemos que esta lhe consiga resistir.
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