O Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral (CIDAC) é uma Organização Não Governamental de Desenvolvimento (ONGD) portuguesa. Ao longo de quase três décadas de existência, o CIDAC tem desenvolvido as suas actividades em torno de quatro eixos de intervenção: Cooperação para o Desenvolvimento (incluindo uma participação activa no debate europeu sobre o próprio conceito e a evolução das suas práticas), Informação e Documentação, Educação para o Desenvolvimento e Formação.
A sua área geográfica de acção são os países em vias de desenvolvimento, nomeadamente os países africanos de língua oficial portuguesa, a par do Brasil e Timor Leste, apoiando e participando em projectos, realizados em parceria com instituições locais, que se concretizam em Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste. Desde 1997, o CIDAC tem trabalhado a temática do Comércio Justo, sendo pioneiro nesta matéria no nosso país.

Um centro de recursos pioneiro

O CIDAC iniciou a sua actividade em Maio de 1974, procurando responder aos anseios do público em informar-se e conhecer melhor as questões relativas à colonização portuguesa em África, à guerra colonial, às lutas de libertação nacional e ao processo de descolonização que se iniciava. O primeiro núcleo documental provinha do trabalho de recolha efectuado pelo chamado ?Grupo do BAC [Boletim Anti-Colonial]?, cujo objectivo era sistematizar e divulgar as realidades das colónias portuguesas, as aspirações dos seus povos e as propostas dos seus dirigentes. A parte do acervo correspondente a este período foi exaustivamente tratada em 2000/2001, passando a estar desde então acessível para consulta. Em Dezembro de 2002 registava 1.397 entradas bibliográficas.
Ao longo dos anos 90 foram surgindo necessidades especais de grupos de utilizadores ou do próprio CIDAC, que levaram à criação de outros núcleos documentais: um relativo às minorias africanas em Portugal (292 registos bibliográficos no final de 2002), um segundo sobre as literaturas dos PALOP e a literatura portuguesa relacionada com esses países (7.561 entradas bibliográficas na mesma altura) e um terceiro respeitante a matérias do âmbito da Educação para o Desenvolvimento - área de intervenção na qual o CIDAC se tem distinguido (910 registos bibliográficos).
Em 2001 o CIDAC celebrou com a Câmara Municipal de Lisboa um Protocolo através do qual lhe foi cedido, por um período renovável de 30 anos, um imóvel camarário situado no centro de Lisboa. Dois dos pisos serão destinados à instalação do futuro ?Centro de Recursos para o Desenvolvimento?, transformando o actual Centro de Documentação numa proposta de maior alcance.

Projectos para o futuro

Para os próximos três anos, o CIDAC assume como grandes prioridades a contribuição para a criação de uma cultura do desenvolvimento e da cooperação na sociedade portuguesa e o operacionalizar a interacção existente entre as áreas da Cooperação e da Educação para o Desenvolvimento, tanto a Norte como a Sul, em particular no contexto de duas temáticas-chave: o reforço das organizações da sociedade civil e a acção e pesquisa no domínio das alternativas económicas.
E como sobrevive uma ONGD num país com escassos recursos financeiros como o nosso? Luísa Teotónio Pereira, presidente do conselho directivo do CIDAC, explica à PÁGINA que uma parte considerável do auto-financiamento é proveniente dos associados e das acções de fomação na área da língua portuguesa e da Educação para o Desenvolvimento promovidas pela própria entidade. Por sua vez, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) subsidia o centro público de informação e documentação. Para os projectos de cooperação o CIDAC conta sobretudo com o apoio da Comissão Europeia e com apoios parcelares de diversas outras identidades públicas e privadas.
Porém, alguns dos apoios públicos podem estar comprometidos. "Apesar de este governo ter aumentado o financiamento para as ONGD's, neste momento estamos numa situação de impasse, já que o governo pôs em causa a capacidade de levar para a frente o seu apoio nos termos em que estava previsto, o que nos faz recear que este ano possam cessar os apoios por parte do IPAD e do Ministério dos Negócio Estrangeiros", explica Luísa Teotónio Pereira, que não quis adiantar mais pormenores sobre as negociações entre a plataforma das ONGD's portuguesas e aquelas entidades,  que decorrem no momento em que escrevemos este artigo.

CIDAC - Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral
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