Publicações Dom Quixote / Lisboa, 2003 Nascido em Lourenço Marques (1929) e tendo vivido a infância e adolescência em Goa, Orlando da Costa radicou-se na capital em 1947 e licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa. Estreou-se como poeta em 1951 (A Estrada e a Voz), mas a sua actividade literária desdobra-se sobretudo pela ficção e pelo teatro, onde se destacam romances como O Signo da Ira"(1961), Podem Chamar-me Eurídice (1964) ou Os Filhos de Norton (1994) e a peça agora reeditada mais de trinta anos sobre a sua primeira edição de 1971. Sem Flores Nem Coroas retoma esse mundo distante do período colonial português, numa Goa que ainda não tinha luz eléctrica, mas incide nos seus três actos na questão da ?perda da Índia? ou na eliminação de Goa, Damão e Diu do império português em tempos ainda salazaristas. Tal como fez no romance O Último Olhar de Manú Miranda (2000), Orlando da Costa regressa às terras de origem e, com todo o atrevimento literário em pleno período marcelista, escreveu esta peça de denúncia e de protesto no seio de uma família goesa que vive o drama da perda de identidade por entre conflitos que de todo se não resolvem ou entendem, mas na intenção denunciadora de uma realidade social e humana que sempre clamava por justiça. Ainda sob a forma de um teatro bem empenhado, Sem Coroas Nem Flores, pela profunda intensidade dramática, é de facto um claro desafio, como observa Luiz Francisco Rebello no prefácio desta reedição, ?para um encenador a quem não seja indiferente colocar a sua capacidade criativa ao serviço de uma dramaturgia de genuína matriz portuguesa?.
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