No prosseguimento da publicação das ?Obras Completas? de Abel Salazar (1889-1946), a ?Campo das Letras? acaba de editar o IV volume Recordações do Minho Arcaico, acompanhado por um minucioso, longo e interessante prefácio do ensaísta e crítico Ramiro Teixeira. Os textos ou descrições impressivas que foram antes publicados em jornal entre 1936 e 1937 (e reunidos pela primeira vez em livro numa edição da Tipografia Civilização - Porto, 1939) falam-nos de um Minho que já não existe, evoca usos, costumes e tradições que morreram com o correr dos tempos, mas ainda sabe bem ou é curioso conhecer a prosa (que não é ficcional, mas meramente descritiva) de Abel Salazar que, como se sabe, foi um criador multímodo e médico e cientista dos mais importantes da primeira metade do século XX. Mas se acaso não tivesse nascido em Portugal, onde durante anos foi perseguido política e intelectualmente, talvez a sua obra não se mostrasse ?ultrapassada? como hoje se nos afigura (e isso mesmo, de algum modo, Ramiro Teixeira não deixa de pôr em evidência no seu prefácio deste IV volume). Porém, apesar de tudo, dizemos que vale a pena reler alguns pedaços de boa prosa literária que se revelam nas Recordações do Minho Arcaico, trazendo assim ao nosso convívio uma realidade passada e um mundo português felizmente bem longe da nossa memória.
Obras Completas de ABEL SALAZAR Recordações do Minho Arcaico Prefácio de Ramiro Teixeira Ed. Campo das Letras / Porto, 2002
|