Dar voz aos mudos seria um papel dos docentes. (Já agora, era só mais uma
tarefa).
Só se pode falar quando se sabe falar; há quem escreva sem saber escrever, mas
isso é outra coisa! Nem todos podem ser "génios" do futebol, muitos terão de
ser trabalhadores nas obras. Nem todos podem ser cantores, jornalistas, heróis
do mar, do ar, bombardeiros, metralhadores - castigadores dos que se "comportam
mal".
Os docentes, armados de uma sabedoria suficiente, poderiam ajudar as crianças,
os jovens, os adultos, os idosos, a terem voz. Quanta gente passa uma vida sem
nunca ter podido escrever num jornal; e no entanto, muita dessa gente tinha o
que dizer. Tanta gente tinha assunto, algo para contar e nem sequer aprendeu a
ler...
Também há os mudos por opção. É uma questão de posicionamento neste mundo. Mudo
no Mundo! - mas que belo refrão! Não é "Mudar o Mundo" - não se querem
mudanças, querem-se silêncios, para que haja calma. Conheço quem defenda tal
sábia postura: "entrar mudo e sair calado". Por razões muito diferentes, estou
em achar que é assim que a maioria da humanidade pela crosta do planeta passa:
são os milhares de milhões de mudos, calados pelas mais diversas razões.
Era então tarefa de nobreza infinda dar voz aos mudos, dizia.
Mas os docentes (tema sempre a pensar) não são mais nem menos que os outros.
E falava o filósofo em dar à luz como a parteira.
Como irão alguns dar voz, se eles próprios, por razões que a razão bem entende,
engrossam as fileiras dos mudos?
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