Primeira - O bónus americano: na Europa, os filmes americanos são embalados
pelos seus resultados no outro lado do Atlântico. Para Jean-François Camilleri
(Cahiers du Cinéma de Setembro/2001), director de marketing da UIP, "um sucesso
nos Estados Unidos serve muitas vezes de isco para as nossas campanhas". Relativamente
novo, este fenómeno procede do que "desde há alguns anos, a imprensa dá os resultados
de bilheteira dos filmes americanos". François Boespflug: "fala-se dum bom filme
que vem dos Estados Unidos, mas mais de um grande sucesso nos Estados Unidos".
Durante muito tempo reservado à imprensa nacional, os resultados do "box-office"
aparecem hoje na maioria da imprensa e na internet.
Cinebox-office.com, desde há um ano convida os internautas a debater os resultados
dos filmes nos Estados Unidos, newsfutures.com organiza "rankings" sobre os
números de entradas. De qualquer maneira com o desenvolvimento do DVD e da internet,
provocou a redução da diferença de tempo entre as estreias nos diversos países
e com ele, os dividendos ganhos com esta situação.
Segunda - As infelicidades de John McTiernan: há dois anos, o seu "O
Último Guerreiro" já tinha sofrido. Tomado pelo seu argumentista - produtor
Michael Crichton, que rodou ele mesmo algumas cenas e modificou consideravelmente
a montagem, o filme saiu numa versão que tinha, diz-se, muito pouco a ver com
as intenções do seu realizador, John McTiernan. Agora, parece que a história
se repete. O seu "Rollerball", "remake" do filme com o mesmo nome de Norman
Jewison, que deveria ter estreado na Primavera, depois no Verão, em seguida
no Outono, a MGM decidiu-se finalmente e será estreado (?) nas salas americanas
em 8 de Fevereiro de 2002, apesar de estar praticamente terminado. Entretanto,
o estúdio prevê fazer algumas modificações, suprimindo cenas mais violentas,
os momentos "Gore", e os planos dos seios de Rebecca Romil-Stamos. Objectivo:
obter uma classificação PG-13, ou seja uma interdição apenas a menores de 13
anos não acompanhados. McTiernan, ele, queria o seu filme muito negro e ultra-violento.
Terceiro - "On the Waterfront": há algo que parece trazer aos realizadores
que ganham o Leão de Ouro em Veneza. Sete anos passaram desde que o realizador-escritor
macedónio, Milcho Manchevski ganhou o prémio por "Before the Rain" e a apresentação
do seu filme seguinte "Dust", que abriu o Festival de Veneza este ano. Já o
mesmo tinha acontecido com Tran Anh Hung depois de ter ganho o Leão de Ouro
com "Cyclo".
"Dust" teve uma gestação extraordinariamente difícil, sobre todos os aspectos.
A meio dos anos 90 Robert Redford propôs-se produzir o filme. Desistiu. Assim
fizeram alguns magnatas uma semana antes da rodagem em 1999, obrigando a um
novo adiamento. O filme tornou-se um pesadelo. O filme, tem como protagonistas
Joseph Finnes e David Helman que interpretam dois cowboys que se apaixonam pela
mesma mulher.
Produzido pela British Screen e depois pela Film Consortium, "Dust" foi o primeiro
filme financiado pela Lotaria inglesa a abrir um dos grandes festivais europeus.
Paulo Teixeira de Sousa
Esc Sec Artística de Soares dos Reis
|