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Línguas indígenas vivem ameaçadas

Metade das línguas indígenas do mundo está a desaparecer, facto que ameaça não só a cultura, mas também o meio ambiente, informa um estudo publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

"Os segredos da natureza contidos nas canções, nos contos, na arte e no artesanato dos povos indígenas podem perder-se para sempre por causa da crescente globalização em todos os domínios", previu um grupo de especialistas que elaborou esta investigação para o PNUMA. "Os estudos estimam que existam entre 5.000 e 7.000 línguas faladas no mundo, das quais entre 4.000 e 5.000 são indígenas. E mais de 2.500 estão ameaçadas de desaparecimento imediato, enquanto muitas outras perdem pouco a pouco os seus vínculos com a natureza", prevê o PNUMA.

Segundo os especialistas, 234 línguas indígenas contemporâneas já desapareceram completamente. E prevê-se que durante o século XXI 90% das línguas faladas no mundo desaparecerão. Segundo os números do PNUMA, 32% das línguas faladas no mundo encontram-se na Ásia, 30 % em África, 19 % na Oceania, 15% nas Américas e 3% na Europa Por isso, no recente Fórum de ministros dos cinco continentes, realizado em Nairobi, o PNUMA declarou-se favorável à defesa das culturas e línguas indígenas como uma das prioridades para a proteção do meio ambiente.

"A liberalização dos mercados do mundo é talvez a chave do crescimento económico nos países ricos e pobres, mas isto não deve ser feito em detrimento das milhares de culturas indígenas e das suas tradições", declarou o director executivo do PNUMA, Klaus Toepfer. "O desaparecimento de uma língua e do seu contexto cultural equivale a queimar um livro único sobre a natureza", afirmou ainda aquele responsável.


  
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Edição:

N.º 100
Ano 10, Março 2001

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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